Ex-técnico do Flamengo relembra treta com Petkovic: “não estou preocupado com quanto você ganha”
Carlos César formou jogadores como Júlio César, Juan, Athirson, Reinaldo e Adriano
Carlos César formou jogadores como Júlio César, Juan, Athirson, Reinaldo e Adriano
Antes de tudo, Carlos César Ramos Custódio é considerado por muitos uma lenda do trabalho de base no futebol brasileiro. Ele fez um trabalho de excelência no Flamengo entre 1999 e 2002. Nesse ínterim, lapidou jogadores como Júlio César, Juan, Athirson, Andrezinho, Reinado e Adriano Imperador.
Com Carlos César à frente do time sub-20, o Flamengo vencer o Campeonato Carioca da categoria em 1999. Posteriormente, a equipe serviu de base nas conquistas da Copa Mercosul de 1999. Além disso, venceu o Campeonato Carioca em 1999, 2000 e 2001.
Inclusive, dois gols do título da Mercosul que completam 22 anos, em 2021, diante do Palmeiras foram marcados por jogadores desta geração. O primeiro de Juan, na vitória por 4 a 3, no Maracanã. Enquanto o segundo e mais importante, que sacramentou o título, foi feito pelo Lê, no jogo de volta no Palestra Itália, no empate em 3 a 3.
Técnico relembra efetivação no Flamengo
Após passagem bem-sucedida pela base, Carlos César foi efetivado para comandar a equipe profissional em meio a saída ao impeachment de Edmundo Santos Silva. Ele deixou a presidência por acusação de desvio de dinheiro e fraude contábil na administração do Flamengo.
“Eu era treinador do juniores na época que o Flamengo perdeu para o Vasco de 5 a 0. Posteriormente, demitiram o Paulo César Carpegiani e resolveram contratar o Carlinhos ‘Violino’. No entanto, o Carlinhos tinha feito uma cirurgia de ponte de safena. Por isso, ele não podia assumir imediatamente. Dessa forma, o (Eugênio) Onça, um dos dirigentes amadores do clube, me indicou. Enfim, fui escolhido pelo fato de ter sido campeão dirigindo a base. Minha estreia foi com uma vitória por 2 a 1 contra o Guarani, pela Copa do Brasil”.
Carlinhos falou para mim: “Faz o que você quiser!”
“Fiquei à frente do time em dez jogos e uma campanha com oito vitórias, um empate e uma derrota. Pouco depois, o Carlinhos assumiu o time e não queria que eu trabalhasse com ele. Achei até deselegante a postura dele. Afinal, enquanto estive à frente do time cheguei a pedir conselhos com relação a montagem do time já que ele era o treinador. Porém, ele me disse: ‘faz como você quiser’. Imediatamente a imprensa destacou briga entre nós dois”.
Problemas com o Pet: “Não estou preocupado com quanto você ganha, mas sim o quanto você joga.”
“Foi nessa época que também tive problema com o meia Petkovic. Ele era um cara acima da média dos outros jogadores, não só na parte técnica, mas também era um cara muito inteligente. Então, o Pet estava sempre criando algum problema. Em contrapartida, eu o coloquei no banco e ele virou para mim dizendo que eu não poderia colocá-lo no banco de reservas, porque ele era o jogador mais caro do Flamengo. Eu o respondi que estava preocupado não com quanto ele ganhava, mas o quanto ele jogava. Outra vez, eu mandei o Leandro Machado bater um pênalti contra o América e ele não aceitou. No dia seguinte no treino ele veio me cobrar perguntando se eu tinha algum problema com ele, “porque quem bate tudo sou eu”. Eu respondi que agora eu ia escolher e ele emendou: “então faz o seguinte, quando estiver pênalti bate você”. Foi um erro meu, porque eu arrumei uma briga com o melhor jogador do Flamengo na época, porque estava acostumado a outro ritmo nas categorias de base”.
Seleção que tinha Ronaldinho foi melhor que a com o Adriano
Atualmente, aposentado o ex-treinador também relembrou da sua passagem pelas categorias de base da Seleção Brasileira. Carlos César foi campeão do campeonato Sul-Americano Sub-17, em 97 e 99 e foi bicampeão mundial Sub-17 em 97 e 99.
Nesse ínterim, ajudou a revelar para o futebol nacional o goleiro Fábio (atualmente no Cruzeiro) e Ronaldinho Gaúcho (primeiro e atualmente único jogador a conquistar Liga dos Campeões, Libertadores, Copa do Mundo e ter sido eleito Melhor Jogador Mundo pela FIFA, por duas vez em 2004 e 2005).
“Uma coisa eu posso falar, eu sou muito feliz por ter trabalhado tanto no Flamengo quanto na Seleção Brasileira em uma época que tinha muito bons jogadores. Por exemplo, na Seleção em 97 tinha o Fábio, o goleiro que eu vi jogar no time União Bandeirantes, no Paraná, o Ronaldinho Gaúcho, Fernando, tinha também o Giovani que atuou no Barcelona e outros clubes da Europa. Eu tive uma felicidade muito grande de trabalhar nesta época e ter esses jogadores de qualidade muito grande para poder convocar. E quase todos eles jogaram nos profissionais dos seus clubes e na Seleção Brasileira profissional”.