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Porta-bandeira do Brasil em Tóquio vai em busca do bicampeonato paralímpico

Evelyn de Oliveira será porta-bandeira do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio e tentará sua segunda medalha de ouro

Por Mário André Monteiro em 19/08/2021 10:39 - Atualizado há 3 anos

Olympics / Site oficial

Evelyn de Oliveira será porta-bandeira do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio e tentará sua segunda medalha de ouro

Ao lado do velocista Petrúcio Ferreira, a jogadora de bocha Evelyn de Oliveira será uma das porta-bandeiras do Brasil na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, na próxima terça-feira (24), às 8h (de Brasília), no Estádio Nacional.

Com 44 anos de idade completados na última terça-feira (17), Evelyn vai em busca da sua segunda medalha de ouro paralímpica no Japão.

Nos Jogos do Rio 2016, ela foi campeã nas duplas mistas ao lado de Antonio Leme e Evani da Silva, na classe BC3 (deficiências mais severas). A paulista da cidade de Mauá relembrou a conquista na edição passada.

“Mesmo em casa, com a torcida e a nossa família nos apoiando, não éramos os favoritos. Era tudo novidade. Entramos nos divertindo. Quando vimos, estávamos na final e fomos campeões”, contou Evelyn.

De acordo com a atleta, o time que representará o Brasil na bocha em Tóquio está bastante entrosado e, por isso, a expectativa é por mais um pódio.

“São super atletas e eu sou super privilegiada pelo time que tenho: Mateus [Rodrigues Carvalho, atleta], Evani [ouro em 2016, ao lado da própria Evelyn], os seus auxiliares, o nosso técnico Barata [Vagner Lopes Lima]”, comentou a brasileira.

“A gente, graças a Deus, ao longo desses anos, tem construído uma amizade. Mais do que o trabalho dentro da quadra, temos uma afinidade fora também. E isso fortalece a nossa confiança para a competição”, disse.

Relação com a calha

Evelyn de Oliveira começou na bocha aos 22 anos de idade, após um convite de uma professora do SESI. Diagnosticada com uma doença congênita chamada atrofia muscular espinhal, ela não possui os movimentos dos membros inferiores, além de ter limitação e comprometimento de força nos movimentos dos membros superiores.

Desta forma, a jogadora atua na classe BC3 e necessita de calhas – que também são chamadas de rampas ou canaletas – para realizar os lançamentos das bolas.

“A calha é fundamental para a BC3, pois é com ela que fazemos os lançamentos. Quanto mais estável e mais precisa for a rampa, melhor para os atletas. Sentimos mais segurança”, explicou a atleta.

A calha levada por Evelyn ao Japão foi comprada em 2019, importada da Coreia do Sul. “É a melhor rampa que tem para a classe BC3. Sempre foi meu sonho ter esta calha. Eu assistia aos Mundiais e via os coreanos usando. Eles são precursores no uso deste tipo de rampa. Eu ficava babando e namorando ela pelas fotos e pelos vídeos do Youtube”, revelou.

“Faz muita diferença ter uma rampa de qualidade. Em 2016, fui campeã com uma rampa caseira, feita pelo meu pai, por um serralheiro, um marceneiro e outro profissional que trabalhava com acrílico. É possível ganhar um campeonato como uma calha amadora, mas, evidentemente, se você tem um material de ponta, a chance de sair à frente é maior”, completou Evelyn.

Calheiro

Roberto Rodrigues Ferreira é calheiro de Evelyn desde 2014. Paulista de Taboão da Serra e com 43 anos, ele conheceu a bocha em 2010, durante sua graduação de Educação Física, quando foi convidado para estagiar num clube.

Assim como disse a própria atleta, Roberto também afirmou que a calha utilizada pela porta-bandeira brasileira é feita com excelência.

“É um material importado da Coreia, desenvolvido com a melhor tecnologia que você possa imaginar. Possui madeiras com recorte a laser, todas as peças são torneadas e não tem nenhum tipo de junção soldada. Basicamente, a rampa é dividida em três partes: uma curva, uma peça maior, que deixa a extensão da calha mais longa, e outra de encaixe”, explicou.

A rampa foi levada ao Japão dentro de um case e despachada como uma bagagem de 25 kg.

Para o calheiro, em uma competição de bocha de alto rendimento, a calha faz toda a diferença. “Nestes Jogos Paralímpicos, cerca de 80% dos jogadores utilizarão este modelo de rampa [coreana]. A briga vai ser boa. Como todos os competidores usarão praticamente o mesmo equipamento, no final, a habilidade e o mental farão a diferença”, concluiu Ferreira.

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