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Grêmio de Patrícia Gusmão anula saídas do Palmeiras e conquista boa vantagem no Brasileirão Feminino

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a vitória das Gurias Gremistas e a perda da invencibilidade da equipe de Ricardo Belli na competição

Por Luiz Ferreira em 15/08/2021 01:00 - Atualizado há 3 anos

Luiza Moraes / Staff Images Woman / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a vitória das Gurias Gremistas e a perda da invencibilidade da equipe de Ricardo Belli na competição

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Antes de mais nada, é preciso deixar bem claro que o Grêmio fez uma partida corretíssima contra um adversário (pelo menos em tese) mais qualificado e mais estrelado. Por mais que Bia Zaneratto e Rafaelle façam muita falta em qualquer equipe do Brasil, a ausência das duas não foi o principal motivo da primeira derrota do Palmeiras de Ricardo Belli no Brasileirão Feminino. Isso porque as Gurias Gremistas cumpriram muito bem o plano de jogo de Patrícia Gusmão e exploraram os pontos mais fracos do escrete alviverde no jogo disputado em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Muita intensidade nas transições, bom posicionamento defensivo e também algumas doses de sorte em determinados lances. Ao mesmo tempo, não era difícil perceber um certo ar de apatia no time do Palmeiras. A impressão que ficou era a de que o time de Ricardo Belli pode não ter superado o retorno das suas melhores jogadoras para o futebol chinês.

A estratégia de Patrícia Gusmão era muito simples. Bloquear espaços na frente da área, vigiar Júlia Bianchi (a jogadora mais criativa do Palmeiras) de perto e alternar linhas mais baixas com marcação por pressão no campo da equipe adversária. Bola recuperada, Pri Back, Rafa Levis, Nathane e companhia aceleravam na direção do gol de Jully. Aos 20 minutos, Jane Tavares foi derrubada dentro da área pela goleira das Palestrinas em penalidade bem convertida pela camisa 7 do Grêmio. As comandadas de Ricardo Belli levavam certo perigo com Bruna Calderan avançando bastante pela direita, mas o time tenda a ficar “torto”, já o treinador palmeirense escalou Thaís na lateral, Camilinha e Maria Alves nas pontas e Duda Santos mais próxima de Jùlia Bianchi. No papel, a estratégia até poderia dar certo, mas acabou que as Palestrinas sofreram demais para furar o eficiente bloqueio defensivo das Gurias Gremistas.

As Gurias Gremistas conseguiam equilibrar o jogo ao fechar o avanço das laterais do Palmeiras. Principalmente com Jane Tavares e Gisseli causando muitos problemas para Bruna Calderan e Maria Alves no lado direito do escrete palestrino. Do outro lado, as jogadas com Thaís (totalmente desconfortável com as subidas de Nathane) e Camilinha não conseguiam dar sequência às jogadas e nem abrir espaços para Carol Baiana e Ary Borges entrarem por dentro. Nesse ponto, o escrete comandado por Patrícia Gusmão tem muitos méritos. A maneira como ela montou seu 4-2-3-1 costumeiro tirou o melhor de cada uma das suas jogadoras e se impor nos duelos físicos no meio-campo. Destaque para os avanços de Gisseli pela esquerda, para a dinâmica de Pri Back na saída de bola, para a velocidade de Jane Tavares e Nathane pelos lados do campo e para a movimentação de Laís Estevam no comando de ataque. Do outro lado, Ricardo Belli via sua equipe sofrer para chegar no ataque ainda que seu quarteto ofensivo conseguisse criar alguns problemas para as velozes Andressa e Patrícia na zaga do Grêmio.

Patrícia Gusmão aproveitou muito bem as características das suas jogadoras no jogo deste sábado (14). O Grêmio foi muito mais feliz na sua estratégia e a executou com muito mais eficiência do que o Palmeiras. Acabou que o técnico Ricardo Belli não foi muito feliz nas suas escolhas.

Ainda que Carol Baiana tenha empatado a partida aos 28 minutos do primeiro tempo (em bela jogada de Júlia Bianchi pela direita), o Grêmio fez o segundo aos 42 minutos com Rafa Levis cobrando falta da esquerda e contando com toda a colaboração da defesa das Palestrinas no lance. A equipe de Ricardo Belli voltou do intervalo tentando avançar as suas linhas, mas acabou esbarrando no eficiente bloqueio das Gurias Gremistas. Estas, por sua vez, controlavam bem o jogo e não deixaram de atacar. O quarteto ofensivo formado por Nathane, Jane Tavares, Rafa Levis e Laís Estevam se movimentava muito e ajudava bastante no balanço defensivo. Nesse ponto, era difícil não notar que o Palmeiras perdeu bastante da intensidade apresentada na primeira fase do Brasileirão Feminino. Bia Zaneratto faz sim muita falta. Mas Ricardo Belli tem um elenco qualificado para suprir a ausência da sua artilheira e encontrar alternativas táticas para fazer sua equipe render o esperado.

É interessante notar que Ricardo Belli só corrigiu o equívoco da sua escalação inicial aos 26 minutos do segundo tempo, quando finalmente sacou Camilinha e mandou Katrine para o jogo. Mas o Grêmio só se assustou mesmo quando a goleira Lorena teve que ser substituída depois de um choque dentro da área. Otília e Maria Alves ainda desperdiçaram a chance do empate antes do apito final e viram as Gurias Gremistas comemorarem muito a vantagem obtida em Gravataí. Pode não ser muito, mas a vitória em cima da única equipe que ainda não havia perdido no Brasileirão Feminino dá sim muita moral para o jogo da volta. Patrícia Gusmão mostrou que tem o elenco nas mãos e que pode fazer sua equipe chegar mais longe do que muita gente pensava antes da competição começar. O Palmeiras de Ricardo Belli, por sua vez, tem muita coisa para aprender e apreender dessa atuação abaixo da média nesse sábado (14). Sem exagero de nenhuma parte.

Mesmo assim, o confronto ainda está muito aberto. As Palestrinas ainda são apontadas como as favoritas, mas ficam as dúvidas de como o elenco vai lidar com a perda da invencibilidade justo nas quartas de final do Brasileirão Feminino. Já o Grêmio de Patrícia Gusmão ganhou confiança na briga por uma vaga nas semifinais e vai encarar a partida de volta muito mais relaxada do que suas adversárias. E tudo isso por conta da ótima execução de um plano de jogo bem elaborado e muito bem estudado.

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