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Santos e Corinthians empatam no placar e nas dificuldades para produzir um bom futebol; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Fernando Diniz e Sylvinho para o clássico realizado neste domingo (8) na Vila Belmiro

Por Luiz Ferreira em 09/08/2021 01:29 - Atualizado há 9 meses

Ivan Storti / Santos FC

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Fernando Diniz e Sylvinho para o clássico realizado neste domingo (8) na Vila Belmiro

Mesmo sabendo que as duas equipes não vivem um momento lá muito bom nessa temporada, este que escreve esperava mais de Santos e Corinthians. No entanto, o que se viu na Vila Belmiro foi praticamente um empate técnico. Igualdade no placar, na disposição e nas dificuldades para apresentar um bom futebol. Nesse ponto, o escrete comandado por Sylvinho teve as melhores chances da partida (sempre chegando nas bolas longas para Jô fazer a sua conhecida jogada de pivô) e chegou a ter um gol e uma penalidade anuladas (corretamente) pelo VAR. Do outro lado, o Peixe apresentava os velhos problemas dos times de Fernando Diniz e sofria para atacar o gol de Cássio com um mínimo de organização. Seja como for, o jogo mais direto do Corinthians e esse modo mais “aleatório” de atacar do Santos acabaram sendo as marcas de um clássico que poderia ter sido muito mais interessante do que realmente foi.

Como era de se esperar, o Santos iniciou o clássico deste domingo (8) tentando valorizar a posse de bola e buscando abrir espaços no 4-1-4-1 costumeiro do Corinthians de Sylvinho. Sem Kaio Jorge (negociado com a Juventus de Turim), Fernando Diniz apostou num 4-3-3/4-4-2 que fechava os lados com Marcos Guilherme e Lucas Braga e soltava o veterano Carlos Sánchez para encostar em Marcos Leonardo. O problema é que o Peixe encontrava dificuldades para marcar as ligações diretas para Jô. Nesse ponto, a péssima atuação contra o Flamengo no último final de semana e a ausência de Cantillo podem ter influenciado Sylvinho no planejamento para o clássico na Vila Belmiro. Gustavo Mosquito, Adson e Roni se movimentavam bastante e ainda contavam com a qualidade de Giuliano (estreante da tarde) distribuindo bons passes jogando mais por dentro. Mesmo assim, ainda faltava capricho nas finalizações.

Sylvinho posicionou Gabriel na frente da zaga e viu Giuliano ter boa atuação distribuindo passes no meio-campo. Do outro lado, o Santos tentava ficar com a bola, mas não conseguia atacar de maneira minimamente organizada. Falta coordenação e um pouco mais de intensidade nos movimentos ofensivos.

O Corinthians jogava um pouco melhor do que o Santos. No entanto, isso não dizia muita coisa na prática. Isso porque faltava inspiração nas duas equipes para ir além do jogo truncado no meio-campo e para produzir algo além dos chutes de longa distância. Mesmo assim, ainda foi possível ver alguns pontos positivos. Gabriel mostrou para Sylvinho que pode ser o nome ideal para ser o “5” que o Timão tanto precisa por conta da consistência na marcação e na leitura dos movimentos adversários. Cantillo (o titular da posição) tem mais qualidade e visão de jogo, mas te oscilado muito nas últimas partidas. E Fernando Diniz encontrou no uruguaio Carlos Sánchez o nome certo para fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque no Santos. O problema, no entanto, ainda é de ordem coletiva. Difícil não notar no Peixe as mesmas deficiências se seus últimos times apresentaram na produção ofensiva. Falta organização.

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O panorama mudou muito pouco no segundo tempo. Mas o Corinthians mostrava um pouco mais de vontade do que o Santos. Ainda mais quando João Victor e Gabriel acertavam bons passes longos buscando Gustavo Mosquito no lado direito. O camisa 19 aproveitava bem a hesitação de Felipe Jonatan e Lucas Braga na cobertura e sempre atacava o espaço vazio. O cenário parecia perfeito para os comandados de Sylvinho, já que a recomposição defensiva do time de Fernando Diniz ainda era feita de maneira muito deficitária. Sorte do Peixe que o VAR anulou (de maneira corretíssima) o gol de Jô e o pênalti de Madson em Gustavo Mosquito. Mas o ponto crucial das duas jogadas é o fato de que ambas nasceram de ligações diretas buscando a velocidade dos pontas no espaço às costas de Madson e (principalmente) Felipe Jonatan. Nesse cenário, o plano de Sylvinho foi melhor executado do que o de Fernando Diniz.

O Corinthians mostrava um pouco mais de consistência defensiva e era mais agressivo no ataque do que o Santos. O 4-1-4-1 de Sylvinho ocupava melhor o campo e potencializava as características de Gustavo Mosquito. O lado esquerdo do Peixe falhou demais na marcação. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Enquanto o Corinthians tende a crescer de produção com Giuliano adquirindo ritmo de jogo e a estreia de Renato Augusto, o Santos segue buscando a melhor formação diante da debandada de jogadores importantes como Kaio Jorge e Alison. Este que escreve entende bem as críticas dirigidas a Fernando Diniz por conta dos fatores apresentados anteriormente e pela falta de consistência defensiva da sua equipe. Mas é preciso lembrar o contexto no qual ele e Sylvinho estão inseridos atrapalham muito todo e qualquer trabalho a longo prazo. Saídas e chegadas de jogadores, desfalques por COVID-19 e lesões, a conhecida pressão nos bastidores e a nossa cultura de resultados sem observar e respeitar processos. Como o que transformou João Victor num dos zagueiros mais promissores da sua geração e num dos pilares defensivos do Corinthians. Ou como o que revela tantos valores no Peixe todos os anos.

O clássico desse domingo (8) ficou marcado por uma leve superioridade do escrete de Sylvinho, pela falta de organização ofensiva do time de Fernando Diniz e pelas dificuldades que as duas equipes para apresentar um bom futebol. No entanto, apesar de todos os problemas relatados anteriormente, é possível que Santos e Corinthians cresçam de produção nos próximos dias. Haverá tempo para treinar e adquirir confiança para a sequência da temporada. Mas será preciso ter foco, paciência e perseverança para tal.

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