Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Fernando Diniz e Sylvinho para o clássico realizado neste domingo (8) na Vila Belmiro
Mesmo sabendo que as duas equipes não vivem um momento lá muito bom nessa temporada, este que escreve esperava mais de Santos e Corinthians. No entanto, o que se viu na Vila Belmiro foi praticamente um empate técnico. Igualdade no placar, na disposição e nas dificuldades para apresentar um bom futebol. Nesse ponto, o escrete comandado por Sylvinho teve as melhores chances da partida (sempre chegando nas bolas longas para Jô fazer a sua conhecida jogada de pivô) e chegou a ter um gol e uma penalidade anuladas (corretamente) pelo VAR. Do outro lado, o Peixe apresentava os velhos problemas dos times de Fernando Diniz e sofria para atacar o gol de Cássio com um mínimo de organização. Seja como for, o jogo mais direto do Corinthians e esse modo mais “aleatório” de atacar do Santos acabaram sendo as marcas de um clássico que poderia ter sido muito mais interessante do que realmente foi.
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #SANxSCCP 0-0
——
📊 Estatísticas:📈 Posse: 57% – 43%
👟 Finalizações: 11 – 9
✅ Finalizações no gol: 5 – 5
🛠 Grandes chances: 0 – 0
☑️ Passes certos: 486 – 356💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/0ie5F0wUeu
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) August 8, 2021
Como era de se esperar, o Santos iniciou o clássico deste domingo (8) tentando valorizar a posse de bola e buscando abrir espaços no 4-1-4-1 costumeiro do Corinthians de Sylvinho. Sem Kaio Jorge (negociado com a Juventus de Turim), Fernando Diniz apostou num 4-3-3/4-4-2 que fechava os lados com Marcos Guilherme e Lucas Braga e soltava o veterano Carlos Sánchez para encostar em Marcos Leonardo. O problema é que o Peixe encontrava dificuldades para marcar as ligações diretas para Jô. Nesse ponto, a péssima atuação contra o Flamengo no último final de semana e a ausência de Cantillo podem ter influenciado Sylvinho no planejamento para o clássico na Vila Belmiro. Gustavo Mosquito, Adson e Roni se movimentavam bastante e ainda contavam com a qualidade de Giuliano (estreante da tarde) distribuindo bons passes jogando mais por dentro. Mesmo assim, ainda faltava capricho nas finalizações.
Sylvinho posicionou Gabriel na frente da zaga e viu Giuliano ter boa atuação distribuindo passes no meio-campo. Do outro lado, o Santos tentava ficar com a bola, mas não conseguia atacar de maneira minimamente organizada. Falta coordenação e um pouco mais de intensidade nos movimentos ofensivos.
O Corinthians jogava um pouco melhor do que o Santos. No entanto, isso não dizia muita coisa na prática. Isso porque faltava inspiração nas duas equipes para ir além do jogo truncado no meio-campo e para produzir algo além dos chutes de longa distância. Mesmo assim, ainda foi possível ver alguns pontos positivos. Gabriel mostrou para Sylvinho que pode ser o nome ideal para ser o “5” que o Timão tanto precisa por conta da consistência na marcação e na leitura dos movimentos adversários. Cantillo (o titular da posição) tem mais qualidade e visão de jogo, mas te oscilado muito nas últimas partidas. E Fernando Diniz encontrou no uruguaio Carlos Sánchez o nome certo para fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque no Santos. O problema, no entanto, ainda é de ordem coletiva. Difícil não notar no Peixe as mesmas deficiências se seus últimos times apresentaram na produção ofensiva. Falta organização.
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O panorama mudou muito pouco no segundo tempo. Mas o Corinthians mostrava um pouco mais de vontade do que o Santos. Ainda mais quando João Victor e Gabriel acertavam bons passes longos buscando Gustavo Mosquito no lado direito. O camisa 19 aproveitava bem a hesitação de Felipe Jonatan e Lucas Braga na cobertura e sempre atacava o espaço vazio. O cenário parecia perfeito para os comandados de Sylvinho, já que a recomposição defensiva do time de Fernando Diniz ainda era feita de maneira muito deficitária. Sorte do Peixe que o VAR anulou (de maneira corretíssima) o gol de Jô e o pênalti de Madson em Gustavo Mosquito. Mas o ponto crucial das duas jogadas é o fato de que ambas nasceram de ligações diretas buscando a velocidade dos pontas no espaço às costas de Madson e (principalmente) Felipe Jonatan. Nesse cenário, o plano de Sylvinho foi melhor executado do que o de Fernando Diniz.
O Corinthians mostrava um pouco mais de consistência defensiva e era mais agressivo no ataque do que o Santos. O 4-1-4-1 de Sylvinho ocupava melhor o campo e potencializava as características de Gustavo Mosquito. O lado esquerdo do Peixe falhou demais na marcação. Foto: Reprodução / TV Globo / GE
Enquanto o Corinthians tende a crescer de produção com Giuliano adquirindo ritmo de jogo e a estreia de Renato Augusto, o Santos segue buscando a melhor formação diante da debandada de jogadores importantes como Kaio Jorge e Alison. Este que escreve entende bem as críticas dirigidas a Fernando Diniz por conta dos fatores apresentados anteriormente e pela falta de consistência defensiva da sua equipe. Mas é preciso lembrar o contexto no qual ele e Sylvinho estão inseridos atrapalham muito todo e qualquer trabalho a longo prazo. Saídas e chegadas de jogadores, desfalques por COVID-19 e lesões, a conhecida pressão nos bastidores e a nossa cultura de resultados sem observar e respeitar processos. Como o que transformou João Victor num dos zagueiros mais promissores da sua geração e num dos pilares defensivos do Corinthians. Ou como o que revela tantos valores no Peixe todos os anos.
O clássico desse domingo (8) ficou marcado por uma leve superioridade do escrete de Sylvinho, pela falta de organização ofensiva do time de Fernando Diniz e pelas dificuldades que as duas equipes para apresentar um bom futebol. No entanto, apesar de todos os problemas relatados anteriormente, é possível que Santos e Corinthians cresçam de produção nos próximos dias. Haverá tempo para treinar e adquirir confiança para a sequência da temporada. Mas será preciso ter foco, paciência e perseverança para tal.
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