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Nem mesmo a classificação na Copa do Brasil diminui as dúvidas sobre o futuro do Grêmio na temporada

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do time de Luiz Felipe Scolari no jogo contra o Vitória de Ramon Menezes

Por Luiz Ferreira em 04/08/2021 09:03 - Atualizado há 3 anos

Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do time de Luiz Felipe Scolari no jogo contra o Vitória de Ramon Menezes

É mais do que compreensível que o Grêmio tenha poupado energias contra o Vitória no jogo desta terça-feira (3), em Porto Alegre. A vantagem obtida no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil (disputado na semana passada) permitia que Luiz Felipe Scolari usasse bem o banco de reservas enquanto aguarda pelos jogadores considerados titulares. Mesmo assim, a confirmação da vaga na próxima fase da competição não diminuiu as dúvidas sobre o futuro do Tricolor Gaúcho na sequência da temporada. Apesar dos dois triunfos sobre o time comandado por Ramon Menezes terem sido construídos sem muitos sustos, é possível dizer que todos esperavam uma atuação mais consistente e muito mais segura do escrete de Pedro Geromel, Lucas Silva, Bruno Cortez, Darlan, Jean Pyerre, Alisson e companhia. O trabalho de Felipão ainda está no começo, é verdade. Mas a equipe continua devendo bastante.

A primeira etapa nos mostrava um Grêmio que controlava o jogo, valorizava a posse de bola, mas que agredia pouco e encontrava certas dificuldades para sair jogando da defesa. A rotação mais baixa do meio-campo tricolor era compensada pela boa atuação de Jean Pyerre. Só que o camisa 88 era um dos poucos jogadores lúcidos do escrete de Luiz Felipe Scolari. Do outro lado, o Vitória de Ramon Menezes mais se mantinha fechado no seu campo do que tentava aproveitar esse ritmo mais lento do seu adversário. O Leão chegou a levar certo perigo com Guilherme Santos e Soares abrindo o corredor para as descidas de Van e Roberto. Os conhecidos encaixes individuais de Felipão também não estavam sendo feitos da melhor maneira e abria espaços na frente da área. Fosse o Vitória um pouco mais ousado e intenso nas transições, a partida poderia ter se desenrolado de maneira bem diferente lá na Arena do Grêmio.

Os melhores momentos do Vitória na partida desta terça-feira (3) nasceram pelos lados do campo. Guilherme Santos e Soares abriam o corredor para Van e Roberto e confundiam a marcação por encaixes individuais de Luiz Felipe Scolari num Grêmio lento e bem pouco intenso. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

O Vitória perdeu o pouco da força que tinha depois que João Pedro foi expulso no final da primeira etapa e originou a penalidade muito bem cobrada por Jean Pyerre. Com quatro gols de vantagem no placar agregado e a vaga nas quartas de final da Copa do Brasil praticamente assegurada, Luiz Felipe Scolari foi dando minutos e ritmo de jogo a atletas que não vinham tendo chances. Apesar da rotação mais baixa e das chances perdidas na segunda etapa, dois jogadores merecem destaque. O primeiro é o lateral-direito Vanderson, muito presente no apoio, bom na leitura de espaços e firme na marcação. E o segundo é Jean Pyerre. Sempre que está motivado e ligado no jogo, o camisa 88 assume a batuta no meio-campo e distribui passes como poucos no futebol brasileiro. E talvez essa seja uma das grandes missões de Felipão. Motivar e encontrar o melhor posicionamento para seu jogador mais criativo.

Com um a menos em campo, Ramon Menezes não teve outra alternativa. Fechou sua equipe num 4-4-1 e tentou encaixar um contra-ataque com as entradas de Cedric, David, Pedrinho, Caíque Souza e Gabriel Inocêncio, mas sem muito sucesso. O Grêmio tomava conta do jogo e criava boas chances sempre que acelerava o jogo pelos lados do campo (principalmente com Vanderson e Léo Pereira pela direita). Ricardinho acertou a trave duas vezes e ainda desperdiçou chance inacreditável debaixo da trave em lances que mostraram um pouco mais de repertório tático do time de Luiz Felipe Scolari do que as conhecidas ligações diretas para os pontas do seu 4-2-3-1 costumeiro. O posicionamento do Grêmio com a bola também melhorou um pouco, mas ainda precisa de ajustes na pressão pós-perda e na transição para a defesa sempre que o time perde a bola. Mesmo assim, o Tricolor Gaúcho confirmou a vaga na próxima fase sem sustos.

Com o Vitória armado num 4-4-1, o Grêmio encontrou muito mais espaço para criar suas jogadas de ataque e levar mais perigo ao gol de Lucas Arcanjo. Jean Pyerre e Ricardinho arrastam a zaga e Vanderson aproveita o corredor aberto por Léo Pereira. Falta ajustar a pressão pós-perda. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

A classificação para as quartas de final da Copa do Brasil foi conquistada sem muitos problemas, mas nem isso diminui as dúvidas sobre o futuro do Grêmio. Luiz Felipe Scolari tem apenas oito partidas à frente da equipe e os jogadores ainda buscam um melhor entendimento dos seus conceitos. Além disso, a campanha ruim no Brasileirão e a eliminação traumática na Copa Sul-Americana ainda causam muito barulho nos bastidores. Borja está chegando e (provavelmente) deve assumir o posto de titular num momento em que Diego Souza passa por problemas físicos. E a saída de Ferreira para o Atlanta United acaba sendo até natural diante da necessidade de se reforçar o caixa. Seja como for, este que escreve vê muito mais perguntas do que respostas no horizonte gremista. Até por conta do pouco tempo de Felipão à frente do Tricolor Gaúcho e da necessidade de se “trocar o pneu do carro com ele em movimento”.

O retorno de Thiago Santos ao meio-campo, a boa fase de Jean Pyerre e a chegada de Borja devem deixar o Grêmio mais próximo do estilo brigador e copeiro que Luiz Felipe Scolari tanto preza e tanto defende. Mesmo assim, é bom que se tenha em mente que estamos vendo todo jogadores e comissão técnica tentando se adaptar uns aos outros dentro do contexto insano do futebol brasileiro. As dúvidas sobre o futuro existem. Mas elas só serão respondidas com tempo, paciência e muito trabalho.

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