Home Futebol Chelsea e Villarreal superam a falta de ritmo e fazem da Supercopa da UEFA um espetáculo de altíssimo nível

Chelsea e Villarreal superam a falta de ritmo e fazem da Supercopa da UEFA um espetáculo de altíssimo nível

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Thomas Tuchel e Unai Emery no jogaço desta quarta-feira (11), em Belfast

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Thomas Tuchel e Unai Emery no jogaço desta quarta-feira (11), em Belfast

Torneios de “tiro curto” como a Supercopa da UEFA tendem a ser mais amarrados ou mais desinteressantes por todo o contexto. Equipes sem ritmo por conta do início da temporada europeia, jogadores sem a preparação física ideal e algumas doses de cautela na hora de se expor com a bola rolando. Só que é preciso reconhecer que Chelsea e Villarreal protagonizaram um duelo de altíssimo nível nesta quarta-feira (11), em Belfast. Ótima execução dos conceitos de Thomas Tuchel e Unai Emery, jogo franco e ofensivo e vários lances de emoção durante os 120 minutos de jogo. Acabou que os Blues foram mais felizes na decisão por pênaltis e contaram com a estrela do goleiro espanhol Kepa, que entrou no último minuto da prorrogação e se transformou no grande herói do título ao defender as cobranças de Mandi e Albiol. O Chelsea ficou com o título. Mas o Villarreal mostrou que pode pensar grande nessa temporada.

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Já era esperado que os comandados de Thomas Tuchel iniciassem a decisão da Supercopa da UEFA bloqueando os espaços do seu adversário e abusando da velocidade nos contra-ataques com Timo Werner, Havertz e Ziyech trocando de posição a todo momento no terço final. Assim como aconteceu na decisão da Liga dos Campeões contra o Manchester City, o organizado e compactado 3-4-2-1 do treinador alemão potencializou o talento dos jogadores e ajuou a compensar (um pouco) a falta de ritmo por conta do início da temporada. O gol do marroquino Ziyech (marcado aos 26 minutos da primeira etapa) comprovava a superioridade técnica de um Chelsea que soube como explorar os espaços às costas dos volantes Trigueros e Capoue e bagunçou o 4-4-2 de Unai Emery colocando muita amplitude e profundidade nos movimentos ofensivos. E vale lembrar que o (excelente) goleiro Sergio Asenjo ainda fez pelo menos três boas defesas antes do intervalo.

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Villarrreal vs Chelsea - Football tactics and formations

O 3-4-2-1 de Thomas Tuchel ajudou a dar mais profundidade e amplitude às jogadas de ataque do Chelsea no primeiro tempo. O Villarreal demorou para se encontrar no 4-4-2/5-3-2 de Unai Emery e só conseguiu levar perigo ao gol de Mendy perto do intervalo da partida em Belfast.

Só que não demorou muito tempo para que o Villarreal começasse a entender bem a estratégia do Chelsea na partida. E foi exatamente isso que transformou essa Supercopa da UEFA num duelo de altíssimo nível técnico e tático. As duas equipes conseguiram superar o cansaço e a falta de preparo físico mais adequado com estratégias quase perfeitas elaboradas por seus treinadores. Com o recuo natural dos Blues após o gol de Ziyech, Unai Emery organizou melhor o Submarino Amarelo e conseguiu dar mais competitividade ao seu time apenas com mexidas no posicionamento dos seus atletas. Foyth guardava mais posição no lado direito e Pino recuava como mais um defensor para formar a linha de cinco que fechava as descidas de Havertz e Marcos Alonso por aquele setor. Ao mesmo tempo, Gerard Moreno e Boulaye Dia ajudavam a abrir espaços no trio de zagueiros dos Blues. Na prática, um 5-3-2 compactado e extremamente intenso nas transições.

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É interessante que o gol de empate do Villarreal nasceu do erro provocado na saída de bola do Chelsea (num dos poucos momentos em que a equipe londrina baixou a concentração). Gerard Moreno interceptou bola na intermediária e tabelou com Dia antes de acertar o ângulo de Mendy aos 27 minutos da segunda etapa. O lance mostra muito bem como o escrete comandado por Unai Emery conseguiu desmontar a linha de cinco defensores do Chelsea com poucos movimentos. Um arrasta a marcação e abre o espaço para que o outro possa se projetar ali com tempo suficiente para ajeitar o corpo e finalizar a gol. Tudo (é claro) feito com muita rapidez e sincronia. O goleiro Mendy já havia salvado o Chelsea com duas defesas em chutes de Estupiñán e do próprio Gerard Moreno antes do camisa 7 balançar as redes. Mas é interessante ver como Unai Emery conseguiu equilibrar o duelo com modificações simples e muito eficientes.

Gerard Moreno intercepta o passe na intermediária e vê Dia se projetando no espaço que Rüdiger deixou às suas costas. O camisa 16 arrasta a marcação e abre o espaço para seu companheiro de equipe invadir a área e empatar a partida para o Villarreal. Foto: Reprodução / TNT Sports Brasil

A prorrogação não teve tantas emoções, mas nos reservou a última cartada de Thomas Tuchel. O técnico alemão sacou o goleiro Mendy e mandou o espanhol Kepa com o único objetivo de participar da decisão por penalidade. E o camisa 1 dos Blues se transformou no heroi da tarde/noite com duas defesas e mais um título para a sala de troféus do escrete londrino. Por mais que se acreditasse numa vitória tranquila do atual vencedor da Liga dos Campeões da UEFA, é preciso dizer que o Villarreal foi muito feliz na sua estratégia de jogo e mostrou que tem plenas condições de jogar em alto nível com qualquer time mais badalado do velho continente. Ao mesmo tempo, a atuação do Submarino Amarelo foi o ponto alto de uma Supercopa da UEFA disputada em altíssimo nível apesar de todo o contexto contrário. Destaque para Asenjo, Albiol, Gerard e Alberto Moreno, Dia e do excelente zagueiro Pau Torres.

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Mesmo assim, o Chelsea mostrou mais uma vez que é extremamente bem treinado e que Thomas Tuchel tem o elenco na mão. Por mais que não tenha tantos nomes badalados, os Blues possuem o melhor jogo coletivo do futebol mundial nesse momento e poderiam lançar livros de como aproveitar espaços e encaixar um contra-ataque. A vitória só veio nas penalidades e ainda assim com uma certa dose de drama e redenção por parte do goleiro Kepa. E o Villarreal valorizou demais essa conquista com uma atuação sólida e valente. O futebol agradece.

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