Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate contra o organizado Athletic Bilbao e as escolhas de Ronald Koeman na partida deste sábado (21)
Não é segredo pra ninguém que os primeiros dias do Barcelona naquilo que podemos chamar de “era pós-Messi” não serão dos mais fáceis. Primeiro pela saída conturbada e indesejada do maior jogador da história do clube catalão e depois pela necessidade de entrosamento e adaptação dos novos reforços aos conceitos de Ronald Koeman. Seja como for, o empate contra o competitivo Athletic Bilbao de Marcelino García Toral já escancararam dois grandes problemas para o treinador holandês: a fragilidade defensiva e a falta de intensidade em quase todas as transições. Na prática, o Barcelona só conseguiu criar chances reais de gol quando Memphis Depay passou a ser mais acionado no ataque através de bolas mais longas para o camisa 9 blaugrana vencer a zaga adversária na base da força física. O empate fora de casa não deixa de ser um mau resultado, mas deixa claro que as deficiências do time precisam ser corrigidas o quanto antes.
FINAL #AthleticBarça 1-1
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— LALIGA (@LaLiga) August 21, 2021
Ao invés do 3-5-2 bastante utilizado na temporada passada, Ronald Koeman optou pelo mesmo 4-3-3 e pela mesma escalação da vitória sobre a Real Sociedad na abertura da La liga de 2021/22. Só que o Barcelona demorou a se encontrar diante de um Athletic Bilbao mais intenso e muito mais concentrado na primeira etapa. Tirando a oportunidade incrível desperdiçada por Braithwaite logo aos seis minutos de jogo e o golaço de Ronald Araújo anulado por falta do já citado camisa 12 na origem do lance, os primeiros 45 minutos foram todos do escrete comandado por Marcelino García Toral. E fica difícil entender quais eram as intenções de Ronald Koeman ao deixar Braithwaite quase como um “assistente de lateral” pelo lado esquerdo e isolar Memphis Depay na frente. O Barcelona concedia espaços demais entre a defesa e o meio-campo e não conseguiu se organizar minimamente nesse primeiro tempo.
Ronald Koeman repetiu o 4-3-3 da vitória sobre a Real Sociedad no jogo deste sábado (21), mas viu seu Barcelona sofrer demais para fechar espaços e para se manter minimamente organizado diante de um Athletic Bilbao mais intenso e mais concentrado. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
O que impressionava também era a facilidade que Iñaki Williams, Munain, Sancet e Berenguer encontravam para circular na frente da área do Barcelona sem serem lá muito incomodados. Fora isso, o holandês Frenkie de Jong sofreu demais para cobrir os espaços deixados por Busquets e ainda fazer a bola chegar no ataque, já que Pedri não estava lá numa tarde/noite muito inspirada na criação das jogadas. Assim como o bom zagueiro Eric García, que errou praticamente tudo o que tentou durante o tempo em que esteve em campo. Faltava volume de jogo, intensidade para cobrir os espaços e criá-los no campo ofensivo e atenção nas investidas do Athletic Bilbao (que marcava muito bem e fechava as saídas e linhas de passe do Barcelona executando bem os movimentos do 4-4-2 Marcelino García Toral). O gol de Iñigo Martínez era a consolidação dessa superioridade técnica dentro do San Mamés.
A resposta de Ronald Koeman foi desfazer seu 4-3-3 inicial (com as entradas de Demir e Sergi Roberto) e mudar a formação para um 4-2-3-1 que tinha Griezmann no comando de ataque, Memphis Depay pela esquerda para dentro e Frenkie de Jong um pouco mais avançado do que o costume. O Barcelona ganhou volume de jogo, mas a defesa continuou desguarnecida e a equipe só tinha intensidade quando a bola alcançava os pés do seu camisa 9. Exatamente como no lance que originou o gol de empate aos 29 minutos da segunda etapa. Por mais que o jogo tenha ficado mais aberto (e que Depay tenha desperdiçado boa chance de virar a partida fora de casa), a impressão que ficou para todos que estavam vendo o jogo era a de que o Athletic Bilbao (embora estivesse jogando um pouco mais recuado do que nos primeiro tempo) continuava com mais volume e controlando mais as ações dentro do campo.
A mudança do 4-3-3 para um 4-2-3-1 foi a resposta de Ronald Koeman para o domínio claro do Athletic Bilbao na partida. Frenkie de Jong jogava mais centralizado, Sergi Roberto jogou mais próximo de Busquets e Depay ocupou mais o lado esquerdo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil
Este que escreve entende bem o fato de se tratar APENAS do segundo jogo de um Campeonato Espanhol que deve ser altamente disputado até a última rodada pelos mesmos clubes de sempre. No entanto, é preciso entender que a caminhada do Barcelona tende a ser um pouco mais problemática por conta de todos os (gravíssimos) problemas financeiros do clube. Os mesmos que culminaram na saída de Messi há algumas semanas. Por mais que nomes como Depay e Emerson Palmieri tenham se juntado ao grupo que já contava com Griezmann, Braithwaite, Busquets, Piqué e Pedri, o time ainda precisa de tempo para se entrosar e assimilar os conceitos implementados por Ronald Koeman. A chamada “era pós-Messi” começa com mais dúvidas do que respostas. Mas está bem claro para este colunista e para todos que acompanham o Barcelona de que essa equipe pode jogar muito mais do que vem jogando. Mesmo sem seu principal jogador.
As próximas semanas serão cruciais para Ronald Koeman organizar o time, encontrar a melhor formação e encaixar os talentos que tem à sua disposição no elenco blaugrana. Mesmo assim, a atuação coletiva do Barcelona contra o Athletic Bilbao escancarou os mesmos problemas vistos na última temporada (quando Messi ainda fazia parte da equipe). E agora, o treinador holandês nãpo conta mais com o craque argentino para resolver os problemas dentro de campo. As “muletas” não existem mais.
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