Classificada com antecedência, seleção brasileira não se acomodou com a situação, conquistou sua quarta vitória em cinco jogos pela fase de grupos e aguarda definição do adversário para as quartas de final
Em uma das partidas mais emocionantes dos Jogos Olímpicos até o momento, Brasil supera França após 2h38 de jogo e vence por 3 sets a 2. Com parciais de 25/22, 37/39, 25/17, 21/25 e 20/18, a seleção brasileira agora aguarda a definição de seu adversário para as quartas de final do vôlei masculino. Este resultado positivo garante, no mínimo, a segunda posição. Avançar em primeiro lugar será possível somente com um tropeço da Rússia diante da Tunísia, última colocada e única equipe a não sair vitoriosa em um jogo do grupo B.
O ataque brasileiro teve alta produção, com pontuação bem distribuída. Wallace puxou a pontuação, despejando 23 na quadra adversária. Lucarelli, principal nome do tie-break, anotou 21 pontos. Leal – autor do ponto da vitória – foi importante e marcou 20 pontos. Lucão também fez ótima partida, colaborando com 19. Contestado, o líbero Thales teve bom desempenho e fez seu melhor jogo na competição.
Ngapeth foi o principal pontuador da partida, com 29 pontos. Jean Patry também teve grande contribuição, anotando 23.
Em 61 jogos na história, o Brasil obtém 43 triunfos. Este confronto foi apenas o segundo entre as seleções em Jogos Olímpicos. O primeiro ocorreu pela edição Rio-2016 e, coincidentemente, também fora realizado pela última rodada da fase de grupos. Na ocasião, ambas corriam risco de eliminação. Por 3 sets a 1, o Brasil despachou a França e iniciou uma incrível recuperação, recompensada pela terceira medalha de ouro. Esta, com o sabor especial de ser conquistada dentro da própria casa.
ESCALAÇÕES
BRASIL: Bruninho (levantador); Wallace (oposto); Lucarelli e Leal (ponteiros); Lucão e Maurício Souza (centrais); Thales (líbero).
Suplentes: Cachopa (levantador); Alan Souza (oposto); Maurício Borges e Douglas Souza (ponteiros); Maurício Souza, Isac (central)
Técnico: Renan Dal Zotto
FRANÇA: Benjamin Toniutti (levantador); Jean Patry (oposto); Earvin Ngapeth e Trevor Clevenot (ponteiros); Nicolas Le Goff e Barthélémy Chinenyeze (centrais); Jenia Grebennikov (líbero).
Suplentes: Antoine Brizard (levantador); Stephen Boyer (oposto); Kevin Tillie e Yacine Louati (ponteiros); Daryl Bultor (central)
Técnico: Laurent Tillie
1º SET
O Brasil começou o jogo indicando que forçaria o saque para cima dos franceses. No entanto, nos três pontos da França, dois vieram através dos erros de serviço. Bruninho, num bloqueio simples, parou Ngapeth e colocou 4 a 3 no marcador. Lucão, também no fundamento, fechou a porta para os franceses e abriu 7 a 4 para a seleção amarela e azul. Além dos pontos, o bloqueio também funcionou muito bem amortecendo as bolas para a defesa, colocando o passe na mão para Bruninho. O levantador usou bastante os ponteiros Lucarelli e Leal, que aproveitavam bem as oportunidades. Combinados, ambos foram responsáveis por 7 dos 11 pontos iniciais.
A vantagem continuava variando entre um e três pontos. Lucão, em mais um bloqueio, freou o ataque francês e o técnico Laurent Tillie pediu tempo. Na volta da parada, novamente o central parou os adversários, anotando seu segundo ponto no fundamento. A França, assim como os brasileiros, buscava forçar o saque, porém cometia muitos erros. Na reta final, o placar indicava 21 a 17. A diferença caiu para dois ao fim de um rali vencido pelos adversários. Renan Dal Zotto parou o jogo e a seleção não deu chances para uma reação francesa. Ngapeth sacou na rede e o Brasil levou o set por 25/22.
Bem distribuído por Bruninho, Wallace e Lucarelli marcaram cinco pontos cada. No lado francês, três pontos para Ngapeth, Patry Jean e Trevor Clevenot.
2º SET
A França gastou um desafio contestando uma marcação da arbitragem. No caso, o líbero Grebennikov afirmou ter defendido a bola com o pé. Porém, na revisão de vídeo, constatou-se que a bola tocou no chão, configurando ponto brasileiro, 3 a 2. Os franceses melhoraram no setor defensivo e minimizaram os erros no começo da parcial e abriram 7 a 5. Rapidamente a seleção brasileira se recuperou e não deixou o adversário desgarrar, empatando em 8 a 8. As equipes passaram a trocar pontos. Os ataques mostraram seu repertório, denotando equilíbrio e bom nível técnico.
Em outro desafio, desta vez com sucesso, foi marcado bola dentro num ataque de Jean Patry. Nessa altura, o marcador indicava 15 a 15. Leal parou no bloqueio e os franceses abriram 17 a 15, ganhando um pequeno refresco na parcial. Patry e Ngapeth estavam inspirados. O ponteiro francês colocou 22 a 19 obrigou Renan a pedir tempo. A equipe retornou com Douglas Souza no lugar de Leal para melhorar o passe. A parada funcionou e o Brasil voltou forte, marcando três pontos consecutivos para empatar a parcial. Foi a vez do treinador francês paralisar o jogo. Ngapeth desperdiçou o set point ao sacar na rede e deixar o placar iguais em 24. Wallace converteu um ataque que passaria a seleção brasileira à frente, porém os franceses desafiaram pedindo um toque na rede de Maurício Souza, confirmado pela arbitragem.
Em três tentativas de ataque francês, o bloqueio brasileiro chegou em todas. Wallace resolveu o ponto no ataque e empatou. Novamente o bloqueio brasileiro entrou em ação e salvou o quarto set point, 27 a 27. Thales, muito bem na parcial, foi importante na defesa. Lucarelli explorou o bloqueio e colocou o Brasil na frente. No entanto, Bruninho desperdiçou o saque e o set estava em 29 iguais. Wallace havia desperdiçado o ataque, mas o árbitro pegou toque na rede francês. Bruninho, no bloqueio simples, minou o ataque francês e recolocou o Brasil à frente.
Em um impressionante e disputado rali de 27 segundos, outra igualdade, 33 a 33. As equipes permaneciam trocando pontos e alternando lideranças até que Ngapeth deu números finais ao set com uma das maiores pontuações de set da história olímpica do voleibol. Foram 53 minutos de uma aula de altíssimo nível, finalizado em 39 a 37 para a França.
Ngapeth e Jean Patry anotaram dez pontos cada e foram os destaques franceses. Wallace somou oito e Lucarelli, sete.
3º SET
Mantendo o equilíbrio, o terceiro set iniciou com trocas de pontos e alternâncias no placar. Lucão colocou 7 a 5 no placar ao aparecer sozinho para bloquear o ataque francês. Patry desperdiçou o ataque e Lucão, desta vez atacando, abriu a maior vantagem do jogo desde o primeiro set. 10 a 6 para o Brasil. Aproveitando bem, os contra-ataques, o Brasil tomou conta da parcial. Leal atacou para abrir seis de diferença, em 15 a 9. Chamou a atenção a queda de rendimento da França. A equipe enfrentou dificuldades para pontuar e a defesa rendeu muito abaixo do set anterior.
Laurent Tillie entregou os pontos ao ver os brasileiros abrirem 18 a 11. Substituiu quase todo time, afim de poupar seus titulares para o quarto set. Servindo duas vezes na rede, o Brasil teve um set point convertido por outro bloqueio de Lucão, seu quarto no fundamento neste set. A força mental e a imposição brasileira foram refletidas no marcador do set, encerrado em 25 a 17.
Lucão e Leal, ambos com seis, puxaram a pontuação na parcial.
4º SET
Desnorteada, a França começou mal o quarto set, cometendo muitos erros. Aos 5 a 1 de desvantagem, Laurent Tillie pediu tempo para tentar organizar a equipe. Em dois bloqueios consecutivos, os franceses encostaram e diminuíram a diferença para 8 a 7. Mas, em um belo rali com direito a defesa de Lucão usando o pé direito, Lucarelli estourou o bloqueio e não deu chances para a bola voltar, colocando 9 a 7 no placar. Contudo, a França estava mais equilibrada na defesa e ataque. A equipe brasileira não conteve o ímpeto francês e viu o adversário virar o set em 13 a 12.
Dando aula de bloqueio no jogo, Lucão recolocou o Brasil à frente, 15 a 14. O fundamento novamente foi importante, mas, desta vez, para o lado francês. Anotando dois pontos seguidos, os europeus abriram 17 a 15 na parcial e Dal Zotto paralisou o set. No entanto, a seleção não voltou bem. Oscilou bastante e não conseguiu repetir o forte desempenho das parciais anteriores. O técnico colocou Alan Souza, Cachopa e Isac para tentar mudar a estratégia, mas os franceses fecharam o set em 25,21, forçando o tie-break.
Ngapeth chamou a responsabilidade do set e despeou nove pontos.
TIE-BREAK
Reestruturado, o Brasil abriu 4 a 0 no início com o bloqueio dando o tom. No meio da disputa do sétimo ponto, Laurent Tillie pediu desafio afirmando que o ataque de Lucão não havia passado pela rede. Com a revisão, constatou-se desvio do bloqueio. Como a solicitação foi feita no andamento da jogada, o erro no pedido de desafio foi convertido em ponto para o Brasil, 5 a 2. A partir daí, a diferença foi variando entre dois e três pontos.
Entretanto, na reta final, a seleção francesa melhorou e empatou o placar, aproveitando nova queda de rendimento do Brasil. Momentos de tensão tomaram conta da torcida brasileira. Os franceses tiveram um match point em 14 a 13. Em um rali incrível, a defesa francesa deu show, recuperou bolas difíceis e Ngapeth converteu o ataque, 16 a 15.
Mas Lucarelli, chamando o jogo, mantinha a seleção brasileira no páreo. Ngapeth atacou para fora e deu o primeiro match point para o Brasil em 18 a 17. Com bom saque brasileiro e o passe quebrado da França, o sistema defensivo francês até tentou, mas não conseguiu defender o ataque de Leal, que fechou o tie-break em 20 a 18 e o jogo em 3 sets a 2, com duração de três horas.
CAMPANHA
Ao final dos cinco jogos, esta foi a campanha brasileira na fase de grupos:
23/07 – 23h00
Brasil 3 x 0 Tunísia (25/22, 25/20 e 25/15)
26/07 – 9h45
Brasil 3 x 2 Argentina (19/25, 21/25, 25/16, 25/21 e 16/14)
28/07 – 9h45
Brasil 0 x 3 Rússia (ROC) (22/25, 20/25 e 20/25)
29/07 – 23h05
Brasil 3 x 1 Estados Unidos (30/32, 25/23, 25,21 e 25/20)
31/07 – 23h05
Brasil 3 x 2 França (25/22, 37/39, 25/17, 21/25 e 20/18)
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