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Há 40 anos, Flamengo x Atlético-MG realizaram polêmico ‘jogo que não terminou’ pela Libertadores

No dia 21/08/1981, Flamengo x Atlético-MG fizeram uma das partidas mais controversas da história; torcedores do Galo até hoje culpam árbitro

Por Victor Martins em 21/08/2021 17:26 - Atualizado há 3 anos

Reprodução/Youtube

No dia 21/08/1981, Flamengo x Atlético-MG fizeram uma das partidas mais controversas da história; torcedores do Galo até hoje culpam árbitro

Neste sábado (21), completam-se 40 anos de uma das partidas mais polêmicas da história do futebol brasileiro. Em 21 de agosto de 1981, Flamengo x Atlético-MG disputaram pela Libertadores um jogo a qual até hoje torcedores atleticanos se lembram com revolta.

A revolta se dá em especial com o árbitro José Roberto Wright, que expulsou vários jogadores do Galo naquela partida, que acabou classificando o Flamengo para aquela que seria sua primeira conquista da competição sul-americana. Mas que sempre gerou discussões de ambos os lados.

No aniversário de 40 anos do chamado ‘jogo que não terminou, o Torcedores irá relembrar a história deste duelo, lembrado com alegria pelos flamenguistas e de forma nada agradável pelos mineiros.

Jogo-extra pela vaga

A partida, na verdade, era um jogo-extra que definiria o primeiro lugar do Grupo 03 da competição, no qual, além dos brasileiros, também estavam Cerro Porteño e Olímpia (ambos do Paraguai). Tanto o Fla como o Galo terminaram na liderança, com oito pontos ganhos e campanhas semelhantes nos seis jogos daquela fase (duas vitórias, quatro empates, nenhuma derrota).

Pelas regras da competição na época, a vaga (apenas um se classificava para as semifinais, que eram em formato de triangular) teria que ser decidida num jogo-desempate. O Serra Dourada, em Goiânia, seria escolhido para ser o local da partida.

Na fase de grupos, os dois jogos terminaram em empates pelo mesmo placar (2 a 2). Na primeira partida, no Mineirão, Éder fez 2 a 0 para o Galo antes de Marinho e Nunes comandarem a reação flamenguista para o empate. O segundo jogo, no Maracanã, teve Nunes e Tita marcando para o Rubro-Negro e Palhinha e Reinaldo para o Atlético;

O Flamengo x Atlético-MG que nunca terminaria

Antes mesmo da bola rolar, a escolha do Serra Dourada para ser palco do jogo-extra teve polêmica. Os dois times faziam lobby para que poder sediar o jogo no Mineirão ou no Maracanã. O então presidente da Conmebol (na época chamada de CSAF) Teófilo Salinas, decidiu pelo estádio de Goiânia, mas tal decisão não agradou ao Galo.

Até mesmo a escolha de José Roberto Wright para apitar o jogo foi criticada por este ser carioca. A partida, em si, começou com alguma tensão, já que Wright havia aplicado cartões amarelos em cinco atletas do Galo e um do Flamengo. Mas a história mudaria aos 33 minutos de jogo.

Reinaldo, artilheiro histórico do Atlético, acertou o maior ídolo flamenguista, Zico, por trás em falta e levou o cartão vermelho. Logo, os jogadores do time mineiro foram para cima de Wright protestar contra a expulsão do atacante e Palhinha chegou a chutar a bola para longe. O jogo seguiria, mas pouco depois mais uma confusão do árbitro brasileiro na Copa de 1990 com atletas do alvinegro.

Desta vez, seria com o temperamental Éder. Depois de falta marcada, o ponta e o árbitro se estranharam e tal rusga resultante rendeu o cartão vermelho ao jogador do Atlético. A revolta rendeu a invasão do gramado de dirigentes atleticanos e mais reclamações contra José Roberto Wright, sob os olhares dos atletas do Flamengo. Com a presença da polícia, havia muita discussão, troca de empurrões e brigas contra o árbitro, com a torcida presente ao Serra Dourada protestando contra as expulsões.

O terceiro a ser expulso seria Chicão, por ter feito uma insinuação de que Wright teria ‘recebido do Flamengo’ para apitar aquela partida. Enquanto os atleticanos deixavam o gramado do Serra revoltados, Palhinha também era expulso por Wright. Com isso, o time ficava reduzido a sete jogadores. Se mais um saísse, a partida seria encerrada ali.

A confusão seguiu reinando no campo, com o famoso ‘cordão’ de policiais no gramado, que virou foto histórica nos jornais. Temendo punições por abandono da partida, o Atlético-MG se coloca a decidir jogar mesmo com sete jogadores. Mas uma longa conversa com jogadores atleticanos quase deu a entender que a partida não mais aconteceria, com Wright até sinalizando a Zico que o jogo estaria encerrado.

Apenas 20 minutos depois de toda a confusão é que a partida recomeçaria, com 11 do Flamengo contra sete do Atlético-MG, que até teve todo o banco de reservas expulso (exceto dois jogadores, Fernando Roberto e Marcus Vinícius, que entraram em campo como substitutos). Porém, o duelo não iria muito longe. Na cobrança da falta, Toninho Cerezo a recuou para João Leite, que caiu no gramado alegando lesão. O jogo continuaria mas o atendimento ao goleiro acabou não acontecendo do jeito desejado. Durante a nova confusão, Osmar Guarnelli levaria o cartão vermelho que encerraria de vez a partida por falta de jogadores para o Atlético-MG. E mais revolta da torcida, que até causou focos de incêndio nas arquibancadas do estádio.

Ao ‘Jornal dos Sports’ (em registro do GE), Wright alegou que que os jogadores do Galo estavam de ‘palhaçada’ e acusou o Galo de praticar ‘antifutebol’ ao comentar sobre a confusão.

Da confusão ao título

Aquele Flamengo x Atlético-MG terminaria com 0 a 0 em campo mas vitória por W.O. do Flamengo (que seria apenas confirmada dias depois pela Conmebol em julgamento), que conquistou assim o primeiro lugar da chave e caminharia posteriormente para o título da Libertadores de 1981 e, posteriormente, o título mundial de clubes contra o Liverpool.

Já o Atlético-MG só ganharia a Libertadores em 2013, mas os ecos daquele jogo continuam vivos até hoje. Os atleticanos relembram com amargura a partida, a qualificando de ‘maior roubo do século’ e com os lances entrando em complicações que indicariam um suposto favorecimento rubro-negro pelas arbitragens.

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