Copa do Brasil está oficialmente com a retomada de público liberada, mas competição esbarra em diversos protocolos de cidades e estados
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estabeleceu em seu protocolo da retomada de público no futebol brasileiro que os jogos das quartas de final da Copa do Brasil serviriam como projeto-piloto na retomada definitiva.
De acordo com o protocolo da CBF enviado para todos os clubes, os torcedores deveriam apresentar comprovante de imunização completa. Caso não esteja vacinado, teste RT-PCR negativo realizado 72h antes dos jogos ou até mesmo o teste rápido (antígeno) com dois dias de antecedência,
A CBF quer isonomia no Brasileirão e por isso busca liberar presença da torcida apenas quando a maioria dos clubes puderem jogar com a presença de torcedores. Na Copa do Brasil, o público está oficialmente liberado para as quartas de final caso os dois times do confronto possam receber torcida.
No entanto, a expectativa dos torcedores e dos clubes de ter a presença da torcida nas quartas de final da Copa do Brasil está esbarrando nos protocolos sanitários de prefeituras e estados de praticamente todos os clubes envolvidos na competição.
Para deixar o torcedor bem informado, o Torcedores.com preparou um apanhado com a situação cada cidade envolvida nos jogos da Copa do Brasil e veja porque Flamengo, Fluminense, Santos, Grêmio, Fortaleza, São Paulo, Atlético-MG e Athletico-PR dificilmente jogarão com a presença da torcida.
Belo Horizonte (Atlético-MG)
O prefeito Alexandre Kalil havia liberado a retomada da torcida em Belo Horizonte por causa do avanço da vacinação na capital de Minas Gerais e também com a queda de casos, mortes e internações por Covid-19.
Em reuniões com representantes de Atlético-MG, Cruzeiro e responsáveis pela administração do Mineirão, ficou estipulado que a liberação ocorreria com 30% da capacidade dos estádios. A semana de retomada do público foi considerada como eventos-teste.
O primeiro jogo com a presença de público foi Atlético-MG 3-0 River Plate. Apesar da enorme festa com a vaga nas semifinais da Libertadores para 17 mil torcedores (oficialmente), houve bastante desrespeito com os protocolos de segurança previamente estabelecidos: aglomeração nos setores do estádio, desrespeito ao isolamento previsto pelo Mineirão, não utilização de máscaras e aglomeração no entorno no estádio foram alguns dos problemas.
A situação foi um pouco mais tranquila em Cruzeiro 1-0 Confiança pela Série B na última sexta-feira (20) com o isolamento do entorno do estádio apenas para quem estivesse com ingresso. No entanto, houve aglomeração na entrada do estádio por causa da fila única e aglomeração em um dos setores por causa das torcidas organizadas, mesmo com apenas 10 mil pessoas.
Alexandre Kalil, que antes havia marcado uma reunião no domingo (22) para discutir novamente os protocolos estabelecidos, cancelou o encontro e voltou a proibir novamente jogos com presença de público em Belo Horizonte. Não há mais previsão de retorno.
Rio de Janeiro (Flamengo, Fluminense)
O prefeito Eduardo Paes chegou a anunciar no dia 29 de julho planos para retomar jogos com a presença de público em toda a cidade a partir do início de setembro, junto com uma festa pela cidade para celebrar a “volta da vida” com atrações diversas nas praias e pontos turísticos.
Esta medida foi anunciada algumas semanas depois que cinco mil torcedores convidados estiveram presentes na final da Copa América no Maracanã, vencida pela Argentina por 1 a 0 contra a seleção brasileira.
No entanto, o aumento substancial de casos e internações de Covid-19 na cidade, epicentro da variante Delta do novo coronavírus no Brasil, forçou o cancelamento do plano de reabertura da cidade e consequentemente da presença de torcida nos jogos de futebol.
Os planos eram bem otimistas com a liberação de 50% da capacidade dos estádios em setembro e 100% em outubro. No entanto, o Rio de Janeiro estava prevendo liberar a presença apenas de torcedores totalmente imunizados contra a Covid-19.
Durante todo o mês de setembro, Brasília tem sido a opção do Flamengo para jogar com público em jogos da Conmebol Libertadores, onde a presença de público está autorizada. No entanto, o clube conseguiu no STJD uma liminar favorável que lhe permite jogar com público também no Brasileirão e na Copa do Brasil. Desde então, o rubro-negro ainda não se utilizou desta liminar pois fez apenas um jogo em casa, no Raulino de Oliveira.
São Paulo (Santos, São Paulo)
Em entrevista coletiva concedida no dia 16 de agosto, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que os estádios de futebol poderão receber público novamente apenas no dia 1º de novembro, quando teoricamente 90% da população adulta no estado esteja completamente imunizado contra o novo coronavírus.
A data de reabertura coincide com o final de semana do Grande Prêmio São Paulo de Fórmula 1, que pretende 100% das arquibancadas ocupadas. Todos os ingressos para o GP já foram vendidos.
Assim como Eduardo Paes previa na cidade do Rio de Janeiro, o estado de São Paulo pretende liberar apenas a presença de torcedores totalmente imunizados contra o novo coronavírus.
Regras como distanciamento social (1m) e uso obrigatório de máscara estão no protocolo, mas a situação poderá ser mais flexível. Na segunda-feira (23), um dia após diversas aglomerações serem registradas por toda São Paulo por causa do fim das restrições de horário em bares, restaurantes e reabertura das boates, o governador disse que seria um “movimento belicoso” multar quem estiver sem máscara ao ar livre.
No entanto, um certo jogo de futebol poderá ser realizado em São Paulo com a presença de público. O governo do estado de São Paulo e a CBF estão conversando para viabilizar 30% de presença de público para o jogo Brasil x Argentina, marcado para o dia 5 de setembro e válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Esta medida seria considerada um “evento-teste”.
Curitiba (Athletico-PR)
No dia 18 de agosto, o prefeito Rafael Greca anunciou a liberação de torcida para jogos em toda a cidade com 20% da capacidade dos estádios.
Em decreto que terá duração até pelo menos 1º de setembro, as regras preveem que apenas cinco mil pessoas no máximo poderão estar presentes nos estádios e que testes RT-PCR ou antígeno (teste rápido) serão exigidos com 48 horas de antecedência.
A liberação ocorreu depois de negociações de Athletico-PR e Curitiba com representantes da prefeitura. Os times garantiram que conseguem organizar uma estrutura possível para respeitar todos os protocolos.
Teoricamente, o Athletico-PR poderia receber torcedores nesta quarta-feira (25) contra o Santos, mas os ingressos não poderão ser vendidos pois o adversário não poderá jogar com torcida no estádio.
No último sábado (23), Curitiba registrou 691 casos novos de coronavírus, confirmando uma tendência de alta que acumula pelo menos 16 dias, de acordo com dados do G1.
Porto Alegre (Grêmio)
A Prefeitura de Porto Alegre havia divulgado no dia 14 de julho um plano de liberação gradativa de público em grandes eventos na capital do Rio Grande do Sul, incluindo a presença de torcedores nos jogos de futebol.
O documento estava prevendo aumento gradual da presença de público no final de agosto e liberação de 100% dos estádios a partir do dia 27 de setembro, com todos os protocolos previamente estabelecidos como teste RT-PCR negativo ou comprovante de vacinação.
Nesta época, o Internacional estava disputando ainda a Conmebol Libertadores, onde acabou sendo eliminado nas oitavas de final pelo Libertad-PAR. O Colorado não teve oportunidade de jogar com público na competição continental.
O Grêmio também estava numa competição da Conmebol, entidade que libera a presença de torcida nos estádios. Porém, o clube gaúcho também saiu precocemente da Copa Sul-Americana ao ser eliminado pela LDU nas quartas de final.
Neste domingo (22), o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Jr, deu entrevista à Rádio Gáucha com a expectativa de que jogasse com a presença de público na Copa do Brasil o duelo contra o Flamengo, válido pelas quartas de final da Copa do Brasil.
Porém, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul vetou a retomada de público nos estádios de futebol em decisão publicada nesta segunda-feira (23). Com isso, o Flamengo também não poderá jogar com presença de torcida no jogo de volta.
Ainda não há previsão para o retorno do público no futebol gaúcho.
Ceará (Fortaleza)
No dia 3 de agosto houve uma reunião entre Ceará e Fortaleza com representantes da Federação Cearense de Futebol (FCF) para ajustar os detalhes finais do protocolo com o retorno do público para o futebol cearense.
Um documento foi enviado ao Governo do Estado solicitando abertura de 40% da capacidade dos estádios, com acesso restrito aos torcedores completamente imunizados ou realização de teste RT-PCR feito 48 horas antes do jogo. Os testes antígeno (teste rápido) não seriam permitidos.
Caso haja liberação para público na Arena Castelão, os dois clubes poderiam colocar 24 mil pessoas dentro dos estádios. Este documento ainda está sendo analisado pelo poder público.
No último dia 18 de agosto, representantes dos dois clubes assistiram in loco à retomada de público do futebol mineiro com o Atlético-MG 3-0 River Plate. Ou seja, constataram presencialmente todos os problemas que ocorreram em relação ao desrespeito dos protocolos sanitários do jogo.
Pelo fato do São Paulo ser o adversário nas quartas de final, também é certo que o Fortaleza não terá presença de torcida neste confronto. Apesar disso, o diretor jurídico do Fortaleza, Germano Palácio, garante que o clube está pronto para receber jogos com a presença de torcida.
CBF enxerga retorno da torcida como “improvável” nas quartas da Copa do Brasil
A situação atual é tão delicada que a CBF já enxerga como improvável a presença de torcedores nos estádios para as quartas de final, visto que os jogos de ida serão realizados a partir desta quarta-feira (25).
Em entrevista para a Rádio Bandeirantes no último sábado (21), o diretor-médio da CBF, Dr. Jorge Pagura, reconheceu que dificilmente os jogos estarão com a presença de torcedores e ressaltou novamente que pretende adotar isonomia.
“Enquanto eu não tiver o OK das cidades do mata-mata com as mesmas condições, a gente não faz. Então, se eu não tenho autorização e o tempo é curto, acho que é muito difícil que a gente faça alguma coisa para as quartas-de-final. Eu não quero correr, quero fazer bem feito porque nós temos toda a temporada, que se encerra em dezembro. Se não der para as quartas-de-final, vamos para as semifinais, mas vamos fazer antes um projeto-piloto. Quero voltar com segurança e responsabilidade, sem dar um passo atrás. Não posso chegar amanhã e querer 30 mil pessoas num estádio, sem critério. Se for assim, prefiro que não tenha, sem segurança máxima.”