Tite afirmou que a estratégia da Argentina foi de picotar a partida, mas destacou o ‘mérito do outro lado’
Em entrevista coletiva após a derrota para a Argentina, que fez a seleção brasileira ficar com o vice-campeonato da Copa América, neste sábado (10), no Maracanã, o técnico Tite destacou o mérito do adversário na conquista, mas lamentou o antijogo praticado pelos hermanos, que abriram o placar aos 21 minutos da etapa inicial e depois aproveitaram a vantagem no placar para segurar o jogo.
“O sentimento é de tristeza, mas primeiro de reconhecimento do outro lado. Se não for assim, a gente faz do futebol como o que ganha é bom e o que perde é terra arrasada. Temos que olhar o outro lado. Aqui tem um profissional que tem um pouco de lastro para saber reconhecer o outro lado. Teve o trabalho, a qualidade técnica individual, teve as estratégias, teve o seu tempo, e fez um enfrentamento, com efetividade e conseguiu conquistar. Prefiro reputar e reconhecer o outro lado pelo valor da vitória”, começou Tite.
“O que vou falar é que teve um jogo picotado, que a gente queria jogar, mas o que tinha era antijogo, cavando faltas o tempo todo, demora para bater, árbitro… não deu ritmo, a gente queria jogar. A estratégia foi picotar, enfim. Defensivamente é uma equipe muito bem postada, com o goleiro vindo muito bem, com uma linha de quatro com qualidade, peça de reposição importante. Volto a dizer: tem mérito do outro lado. Tem só esse fator que talvez estivesse se referindo o César (Sampaio, auxiliar), que é o antijogo, mas temos que passar por cima disso”, acrescentou.
O treinador brasileiro ainda fez duras críticas ao trabalho do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, na organização desta edição da Copa América, que inicialmente seria disputada na Colômbia e na Argentina.
“O tempo junto, sim (foi importante). A organização da competição, muito rápida, ficou devendo muito. Qualidade dos gramados… nós quase perdemos o Weverton em um treinamento, porque o gramado trancou e ele teve luxação de dedo, foi uma exposição dos atletas em cima de pouco tempo, o que é impossível diante da grandeza da competição. Estou falando especificamente sobre o responsável, Alejandro, que é o presidente da Conmebol. Estou falando dele, por ter organizado uma competição em tão curto espaço de tempo”, disse Tite.
Tite também comentou o choro de Neymar após o apito final e o abraço do brasileiro em Lionel Messi, que conseguiu conquistar seu primeiro título com a seleção da Argentina. “(A imagem) Diz que existem adversários, não inimigos. O futebol, dentro do campo, ele te traz isso. O legado maior que o esporte te dá é que ele tem o lado humano, o lado de educação, de amizade, que transcende (o resultado). Então, quando teve a confraternização de outros jogadores e também entre nossa comissão técnica, em relação à comissão técnica adversária, ela passa também uma mensagem para o público. Passa uma mensagem de conduta, de que pela maior dor que se tenha, tem que ter resignação e conhecimento.”
“Não é palavra para ser bonito ou para justificar derrota. Não estamos falando. Estamos assumindo erros e falhas, mas tem uma coisa que transcende. Talvez esteja falando aqui o Adenor, professor de Educação Física, o pai de família, o educador, que possa passar conduta, que se perde, que tem dignidade em perder e reconhecer o outro lado. Talvez essa forma como foi visto do Neymar com o Messi e outras tantas possam mostrar a grandeza do esporte”, completou.