A primeira medalha brasileira veio na madrugada de sábado pra domingo em um esporte estreante nas Olimpíadas, o Skate Street
Kelvin Hoefler é o nome dele. Medalha de Prata nas Olimpíadas de Tóquio, Kelvin colocou seu nome na história como o primeiro atleta brasileiro a subir no pódio nessa edição dos Jogos Olímpicos. O skatista brasileiro, de 28 anos, nascido no Guarujá, cidade de São Paulo, em 10 de Fevereiro de 1994, chegou a Tóquio como uma das esperanças de pódio e não decepcionou. Trouxe a nossa primeira medalha brasileira.
O INÍCIO DE TUDO
Foi aos 9 anos que começou a andar de skate. No início, era só uma brincadeira. Andava da cozinha de casa para a sala e da sala para a garagem. Foi então que sei pai improvisou uma mini rampa e alguns obstáculos. O pai, que é policial militar, apoiou o filho e o levava para andar nas pistas de skate perto de casa. Aos 13 anos, começou a ganhar alguns torneios que valiam dinheiro e prêmios e foi então quando percebeu que queria fazer do skate, seu estilo de vida e sua profissão.
Em 2014, se mudou para Los Angeles, nos Estados Unidos, para evoluir no esporte e mudar a sua vida. E deu certo. Em 2015, Kelvin venceu a grande final do Street League Skateboarding 2015 e se tornou campeão mundial da categoria. A competição aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos e levou o nome do skatista ao hall da fama do skate brasileiro.
De lá pra cá, acumulou grandes vitórias como o título a Medalha de Ouro do 26º X-Games de Verão em 2017, disputado em Minneapolis (EUA). Na ocasião, foi o único atleta a superar a casa dos 90 pontos, fechando com 92,33 pontos. Kelvin participou pela primeira vez do evento e chegou ao lugar mais alto do pódio.
É hoje o brasileiro mais bem colocado no ranking da World Skate, modalidade que rege o esporte.
CHANCES OLÍMPICAS
Quando o COI (Comitê Olímpico Internacional) percebeu, através de resultados de estudos, que os Jogos Olímpicos estavam com uma perda de audiência muito grande do público abaixo dos 18 anos, resolveu incluir três modalidades que transitam bem pelo mundo dos jovens: o skate, o surf e a escalada esportiva.
Foi então que Kelvin mudou todo o seu estilo de treinamento, já pensando nas regras do skate street dos jogos. Ele passava duas ou três semanas treinando apenas manobras. Isso porque, nos Jogos Olímpicos, pontua-se também apenas por manobras. Durante todo esse tempo, Kelvin sempre acreditou que o skate poderia ir bem nos Jogos Olímpicos.
Com um ar underground em nosso país, o skate brasileiro sempre foi destaque no cenário internacional. Grandes nomes como Bob Burnquist, Letícia Bufoni, Sandro Dias, Pedro Barros, já fizeram história no skate. Entretanto, jogos de videogame, influência de bandas como Charlie Brown Jr e a construção de pistas e rampas em praças públicas espalhadas pelo país ajudaram a tornar a modalidade um pouco mais conhecida.
A Seleção Brasileira de Skate nos Jogos Olímpicos tem grandes nomes. Kelvin era um dos favoritos a chegar no pódio, assim como as já consagradas Letícia Bufoni e Pâmela Rosa, e a menina prodígio da modalidade, Rayssa Leal, de apenas 13 anos de idade.
A PRATA EM TÓQUIO
Kelvin foi um dos três brasileiros a participar da prova de skate street em Tóquio, na pista Ariake Sports Urban Park. Felipe Gustavo, que inaugurou a pista olímpica, terminou na 14ª colocação. Giovanni Vianna também representou o nosso país, mas também não foi bem e ficou na 12ª colocação.
Kelvin avançou a final com a 4ª melhor nota. Se ele não mostrou tudo na fase classificatória, na final ele foi praticamente impecável. Kelvin terminou as duas primeiras voltas na liderança, com 17,82 pontos (8,98 e 8,84). Já na etapa de manobras, Kelvin começou bem, com uma nota 8,99, mas zerou duas das cinco tentativas.
Das sete notas (duas voltas mais as cinco manobras), três são descartadas e o somatório das outras quatro define o resultado final. A nota de 9,34 na quarta tentativa garantiu a prata para o brasileiro. O ouro ficou em casa. Quem levou foi o japonês Yuto Horigome, que era um dos favoritos a levar uma medalha em toda a delegação japonesa. O americano Jagger Eaton completou o pódio e levou o bronze.
Após o feito, Kelvin conversou com repórteres brasileiros: “É bem difícil descrever, foram muitos anos de luta. Essa medalha representa o skate brasileiro. A nossa garra, a nossa persistência. Essa medalha não é só minha. É do skate brasileiro. O começo de uma geração que está por vir.”, comentou logo após ser Vice Campeão Olímpico e levar a primeira medalha brasileira.
PRINCIPAIS TÍTULOS
- Medalha de Prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, a primeira medalha brasileira da competição.
- Hexa Campeão Mundial
- Bicampeão dos X-Games
- Duas medalhas de bronze no X-Games
- Pentacampeão do Del Tour