Home Futebol Seleção Olímpica mostra maturidade e concentração para superar as adversidades e segurar a Costa do Marfim

Seleção Olímpica mostra maturidade e concentração para superar as adversidades e segurar a Costa do Marfim

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação da equipe comandada por André Jardine na partida deste domingo (25), em Yokohama

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação da equipe comandada por André Jardine na partida deste domingo (25), em Yokohama

É impossível começar qualquer análise sobre o desempenho da Seleção Olímpica e da estratégia utilizada por André Jardine sem levar em consideração a expulsão altamente discutível de Douglas Luiz aos 13 minutos do primeiro tempo. Com um a menos durante boa parte do jogo contra a Costa do Marfim, a equipe brasileira encontrou certa dificuldade para conter o escrete comandado por Soualiho Haidara num primeiro momento da partida deste domingo (25), em Yokohama. Mas a grande notícia dessa segunda rodada da fase de grupos dos Jogos de Tóquio foi a maturidade e a postura que o time teve para se fechar na defesa, manter a concentração nos movimentos defensivos e ainda achar forças para contra-atacar com muita intensidade. Mesmo com o empate sem gols e as chances perdidas, a Seleção Olímpica mostrou repertório e capacidade de se adaptar ao contexto inesperado que se apresentou em campo neste domingo (25).

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A expectativa era a de mais uma apresentação do jogo ofensivo da Seleção Olímpica tal como eu e você vimos no jogo contra a Alemanha, na última quinta-feira (22). Só que a expulsão (muito) discutível de Douglas Luiz condicionou toda a atuação do escrete comandado por André Jardine. O treinador brasileiro não fez alterações na sua equipe num primeiro momento. Apenas recuou as linhas e deu a bola para a Costa do Marfim para que Antony, Matheus Cunha e Richarlison explorassem os contra-ataques em velocidade. Em números, um 4-3-2 que tinha Claudinho jogando quase como um volante ao lado de Bruno Guimarães e fechando o lado esquerdo. Do outro lado, Daniel Alves guardava mais seu posicionamento como “lateral-armador” e contava com a ajuda de Antony no fechamento dos espaços. Linhas compactadas, atenção aos movimentos do adversário e muita concentração para não abrir espaços no meio da defesa.

Com a expulsão de Douglas Luiz, André Jardine posicionou Claudinho e Antony mais próximos de Bruno Guimarães e fechou a Seleção Olímpica num 4-3-2 bem compactado. Richarlison e Matheus Cunha eram os encarregados de organizar os contra-ataques em alta velocidade. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

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Com o tempo, a Seleção Olímpica foi se adaptando ao contexto que se apresentava e ocupando mais o campo de ataque. E o mais interessante era a postura da Costa do Marfim. Mesmo com um jogador a mais, o técnico Soualiho Haidara manteve a sua linha de cinco defensores na frente da área do goleiro Tape e com o lateral Ouattara bastante atento às descidas de Guilherme Arana, Matheus Cunha e Richarlison pelo lado direito da defesa marfinense. Do lado brasileiro, André Jardine manteve a variação do seu jogo de posição com muita velocidade e muito mais objetividade para aproveitar os espaços que surgiam nessa linha de cinco defensores. Nesse ponto, a movimentação e intensidade da dupla de ataque brasileira (que arrastava o trio de zagueiros para trás e para os lados) era fundamental para se abrir espaços e aproveitar bem a qualidade nos passes de Claudinho e Bruno Guimarães.

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Matheus Cunha e Richarlison abriam espaço na defesa marfinense e davam condições para que Bruno Guimarães e Claudinho explorassem mais os passem em profundidade. Antony e Guilherme Arana, mesmo muito bem vigiados, conseguiam levar certo perigo à meta adversária. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

A Seleção Olímpica voltou para o segundo tempo muito mais focada e muito mais organizada. Tanto foi assim que a Costa do Marfim praticamente não ameaçou a meta do goleiro Santos (que mostrou segurança quando foi exigido). A dinâmica da equipe de André Jardine permanecia a mesma. Daniel Alves se posicionava como “lateral-armador” e se juntava a Nino e Diego Carlos na saída de bola. Mais à frente, Bruno Guimarães e Claudinho davam opção de passe por dentro e faziam a bola chegar no quarteto de ataque brasileiro. Antony e Guilherme Arana abriam o campo e a dupla de ataque formada Matheus Cunha e Richarlison dava profundidade e abria espaços. A expulsão de Eboue Kouassi (aos 34 minutos da segunda etapa) facilitou ainda mais a vida da Seleção Olímpica, mas a equipe acabou não sendo muito feliz nas conclusões a gol nem mesmo com o “fôlego novo” de Malcom, Gabriel Martinelli e Paulinho.

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Nino, Daniel Alves e Diego Carlos faziam a saída de bola e contavam com o auxílio de Bruno Guimarães e Claudinho na organização das jogadas. A Seleção Olímpica controlou o jogo no segundo tempo e teve plenas condições de conquistar a vitória sobre a Costa do Marfim. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

A grande notícia do empate sem gols contra a Costa do Marfim foi, sem dúvida, a maneira como a Seleção Olímpica se comportou diante da expulsão de Douglas Luiz no início de partida. A queda na concentração e até mesmo alguns “apagões” defensivos já foram apontados por este que escreve mais de uma vez aqui mesmo neste espaço. E o que se viu nesse domingo (25) foi a evolução do escrete canarinho nesse sentido. Qualquer outro treinador teria sacado um atacante e mandado mais um volante para o jogo (o que seria a alteração mais natural e óbvia a ser feita). André Jardine, no entanto, mostrou que tem plena confiança nos seus conceitos e no seu planejamento e apenas organizou os jogadores em campo para suprir a saída de Douglas Luiz. E o melhor de tudo foi ver os atletas se adaptando ao novo contexto e executando muito bem o plano de jogo do seu treinador. Ótima atuação coletiva da Seleção Olímpica.

Seja como for, as chances desperdiçadas pelo ataque brasileiro (seja por um toque a mais, por conta de uma finalização errada ou por puro preciosismo) ainda preocupam. Não é exagero afirmar que o escrete comandado por André Jardine poderia ter vencido a Costa do Marfim nesse domingo (25). Malcom e Matheus Cunha desperdiçaram as ótimas oportunidades criadas pela Seleção Olímpica no segundo tempo. Mesmo assim, o saldo é muito positivo e anima bastante para a sequência das competições em Tóquio.

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