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Seleção Feminina eleva ainda mais o nível de competitividade em boa atuação contra a Holanda; confira a análise

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Por Luiz Ferreira em 24/07/2021 13:53 - Atualizado há 1 ano

Sam Robles / CBF

Sam Robles / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como a leitura de jogo de Pia Sundhage foi fundamental no segundo teste da equipe nos Jogos Olímpicos

Dá pra falar muitas coisas da Seleção Feminina e das escolhas da sueca Pia Sundhage. Menos que essa equipe não é competitiva. E isso ficou muito claro no empate em 3 a 3 com a Holanda (a atual vice-campeã da Copa do Mundo) na segunda rodada da fase de grupos do Futebol Feminino nos Jogos Olímpicos. O escrete canarinho (que jogou com seu belíssimo uniforme azul) teve uma atuação coletiva extremamente consistente e criou mais chances do que o time comandado por Sarina Wiegman. É verdade que Bruna Benites levou um calor tremendo no lado direito, Erika teve dificuldades para conter a craque Miedema e Bárbara deixou passar bola defensável no lance do segundo gol holandês. Mesmo assim, é preciso reconhecer que a Seleção Feminina cresceu demais nos últimos meses. E a leitura de jogo de Pia Sundhage foi fundamental para deixar a equipe brasileira ainda mais competitiva na partida.

A partida em Miyagi também nos mostrou uma equipe muito mais forte mentalmente para superar as adversidades e manter o foco na sua estratégia e proposta de jogo. Logo aos dois minutos, Miedema recebeu passe da direita, girou em cima de Érika e abriu o placar num lance de muita categoria. Mas a Seleção Feminina também tinha suas armas. Bastou assimilar o golpe e colocar em prática tudo aquilo que foi feito nos treinamentos. Aos 15 minutos, Bia Zaneratto recebeu na intermediária, atraiu a marcação de Van der Gragt e abriu o espaço que Debinha precisava para lançar Duda às costas de Dominique Janssen. O lance que originou o empate da Seleção Feminina é fruto de muito treinamento e dos movimentos bem executados do 4-4-2/4-2-4 montado por Pia Sundhage. Volantes na intermediária, laterais fechando o corredor e muita mobilidade para bagunçar a pesada zaga holandesa com o toque mágico de Debinha.

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A construção do gol de empate da Seleção Feminina tem a execução perfeita dos conceitos de Pia Sundhage. Atração do adversário, volantes e laterais diminuindo o campo, passes rápidos e bom uso da profundidade. Bia Zaneratto, Debinha e Duda foram fundamentais do início ao fim do lance. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

O ataque brasileiro tinha boa desenvoltura e aproveitava bem a lentidão da Holanda nas transições defensivas. Faltava um pouco de refinamento na troca de passes e mais velocidade quando a bola chegava perto da área adversária. Esses devem ter sido alguns dos motivos que levaram Pia Sundhage a fazer três mexidas no intervalo. Duda, Formiga e Bia Zaneratto (que não rendeu aquilo que se espera dela) deram lugar a Andressa Alves, Angelina e Ludmila. O 4-4-2/4-2-4 foi mantido, seguia bem organizado, mas a Seleção Feminina voltou a falhar na defesa no lance do segundo gol da Holanda (e de Miedema). Bárbara falhou e acabou deixando passar uma bola totalmente defensável, mas os problemas começaram na origem do lance. Ainda “fria” no jogo, Andressa Alves permitiu que Van de Donk fizesse o cruzamento e Tamires não percebeu o deslocamento da camisa 9 por trás da linha defensiva do escrete canarinho.

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Bárbara acabou falhando no segundo gol da Holanda, mas os problemas defensivos começaram na origem do lance. Jogando mais pelo lado direito, Andressa Alves não fechou o cruzamento de Van de Donk e Tamires não percebeu o deslocamento de Miedema às suas costas. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

É verdade que os erros individuais colocaram a Seleção Feminina em desvantagem contra um adversário muito forte. Mas a equipe novamente mostrou muita competitividade e um jogo coletivo muito consistente na sequência da segunda etapa. Muito por conta das entradas de Angelina e Ludmila. A meio-campista do OL Reing (equipe dos Estados Unidos) deu mais solidez ao meio-campo, aumentou o poder de marcação e ajudou Andressinha na distribuição dos passes para o quarteto ofensivo. E a atacante do Atlético de Madrid mostrou porque merece muito mais reconhecimento de todos nós. Aliando velocidade e muita força física, a camisa 12 ajudou na pressão pós-perda e criou algumas das principais jogadas de ataque da equipe brasileira. Além, é claro, de ter sofrido o pênalti convertido por Marta e ter aproveitado a indecisão da zaga holandesa no seu primeiro gol em partidas oficiais pela Seleção Feminina.

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A velocidade e a explosão de Ludmila foram fundamentais na pressão pós-perda e nos contra-ataques da Seleção Feminina no segundo tempo. A atacante do Atlético de Madrid mostrou oportunismo e muita visão de jogo no segundo e no terceiro gol da equipe de Pia Sundhage. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Este que escreve não marcaria a falta que originou o (belíssimo) gol de Janssem (o terceiro da Holanda). Mas o que importa de verdade é o fato da Seleção Feminina ter se comportado muito bem coletivamente e ter competido em alto nível contra o adversário mais complicado do seu grupo. Apenas os cidadãos dotados de um alto grau de má vontade não enxergam as boas atuações de Marta, a polivalência de Duda a categoria de Debinha e a fibra de Rafaelle na zaga. Fora toda a consistência de um time que compete demais e que tem todas as condições de chegar longe nesses Jogos Olímpicos. E no jogo deste sábado (24), a leitura de jogo de Pia Sundhage foi fundamental para explorar os pontos fracos da Holanda. Ludmila e Angelina foram ótimas sacadas da treinadora sueca. Ainda que Andressa Alves e Geyse tenham deixado a desejar, a equipe fez um ótimo segundo tempo. Isso precisa ser reconhecido.

O resultado deixa a Seleção Feminina a um empate da vaga nas quartas de final. Mesmo assim, será preciso manter o nível de excelência e de qualidade lá no alto. Ainda mais quando já se sabe que a Zâmbia conta com a qualidade de Barbra Banda no centro das ações ofensivas. Será o tipo de adversário que vai exigir muita atenção e concentração de toda a equipe de Pia Sundhage. O empate contra a Holanda mostrou caminhos a seguir e os ajustes necessários. Que a competitividade desse time continue bem alta.

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