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Seleção Feminina usa velocidade de Debinha e Bia Zaneratto para desmontar a China na estreia nos Jogos Olímpicos

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Pia Sundhage montou a sua equipe e potencializou o talento da dupla de ataque brasileira

Por Luiz Ferreira em 21/07/2021 10:44 - Atualizado há 10 meses

Sam Robles / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Pia Sundhage montou a sua equipe e potencializou o talento da dupla de ataque brasileira

Este que escreve ponderou numa outra oportunidade que reconhece a qualidade do trabalho de Pia Sundhage à frente da Seleção Feminina nesses dois anos à frente da equipe. Há como não gostar ou não concordar com as escolhas da treinadora sueca, mas a grande verdade é que o Brasil é hoje um time extremamente competitivo. E a estreia nos Jogos Olímpicos com goleada sobre a China deve dar ainda mais confiança para Marta, Bárbara, Formiga, Bia Zaneratto e Debinha para a sequência da competição em terras nipônicas. Aliás, a dupla de ataque da Seleção Feminina foi a grande arma ofensiva da equipe e ajudou a descomplicar um jogo difícil (não se deixe enganar pelo placar final) contra um adversário que criou muitos problemas para todo o sistema defensivo do escrete canarinho. A atuação das atacantes do Palmeiras e do North Carolina Courage foram os pontos altos da goleada brasileira em Miyagi.

Pia Sundhage acertou em cheio na entrada de Duda pelo lado direito. Por mais que este colunista tenha admiração pela atacante Ludmila, fato é que a camisa 7 se encaixou muito melhor no 4-4-2/4-2-4 da treinadora sueca ao aliar força física e bom posicionamento para auxiliar Formiga e Andressinha na marcação no meio-campo. O início da partida, no entanto, ficou marcado por um certo nervosismo da equipe brasileira com a China forçando bastante pelo lado esquerdo (lado onde Bruna Benites mostrava muitas dificuldades na marcação). A partir do momento em que conseguiu fazer a bola chegar na dupla de ataque, o jogo fluiu a favor do escrete canarinho. Bia Zaneratto levava ampla vantagem na base da velocidade e da força física. E Debinha dava o toque de habilidade ao setor com muita movimentação. As duas foram fundamentais para que o plano tático de Pia Sundhage funcionasse como o esperado.

Duda entrou bem do lado direito e ajudou a dar consistência ao meio-campo. Mas a dupla de ataque foi o grande trunfo da Seleção Feminina na estreia nos Jogos Olímpicos. Debinha e Bia Zaneratto ajudavam a dar profundidade e se movimentavam demais no terço final. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

É óbvio que o jogo da Seleção Feminina ficou mais concentrado no lado esquerdo, onde Marta impunha muito respeito e participava ativamente das jogadas de ataque. Após o segundo gol brasileiro, o técnico Jia Xiuquan sacou a volante Wang Yan e mandou atacante Wurigumula, espelhando o 4-4-2 de Pia Sundhage e expondo a falta de compactação entre as linhas e os problemas defensivos pelo lado direito de defesa. A China adiantou sua marcação e passou a pressionar ainda mais a saída de bola brasileira, obrigando Bárbara a fazer pelo menos três defesas de cinema entre os minutos finais do primeiro tempo e o início da segunda etapa. No entanto, ao mesmo tempo em que subia suas linhas, a equipe chinesa também abria espaços no seu campo, fato que deixou a vida de Debinha e Bia Zaneratto muito mais fácil. A entrada de Andressa Alves no lugar de uma exausta Duda também deu mais consistência nas transições.

A atacante Wurigumula deu muito mais fluidez ao ataque da China e expôs os problemas na compactação das linhas da Seleção Feminina. Pia Sundhage respondeu mandando Andressa Alves para o jogo e posicionando Debinha e Bia Zaneratto para aproveitar os contra-ataques. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

O terceiro gol da Seleção Feminina saiu de uma das poucas subidas de Bruna Benites ao ataque. As jogadas de ultrapassagem de Marta e Andressa Alves pelos lados e procurando Debinha (à esquerda) e Bia Zaneratto (à direita) começaram a acontecer com mais frequência na medida em que a China se lançava para frente para tentar descontar. A camisa 21 teve toda sua dedicação na marcação e sua boa atuação premiada com o gol de pênalti (o quarto do Brasil na partida). E com a vitória praticamente definida, ainda houve tempo para Pia Sundhage descansar Formiga e Marta e dar minutos para Júlia Bianchi e Ludmila respectivamente. Mas sem desmontar seu 4-4-2/4-2-4 costumeiro. O quinto gol da Seleção Feminina (marcado por Bia Zaneratto) nasceu de uma bola interceptada por Debinha e no contra-ataque de manual puxado pela camisa 9. Ótima atuação coletiva e ótima tarde da dupla de ataque brasileira.

Com Ludmila, Júlia Bianchi e Andressa Alves em campo, a Seleção Feminina manteve seu 4-4-2 básico, mas baixou um pouco as suas linhas de marcação para ganhar espaço e acionar Debinha e Bia Zaneratto nos contra-ataques. O quinto gol brasileiro nasceu de bola interceptada pela camisa 9. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Embora o placar final em Miyagi indique uma vitória sem sustos da Seleção Feminina, é preciso dizer que as coisas não funcionaram desse jeito. Isso porque a China percebeu que os pontos mais fracos da equipe comandada por Pia Sundhage estão nas laterais. Bruna Benites não conseguiu se achar na marcação e foi facilmente envolvida em alguns lances. Já Tamires teve muitos problemas para fechar seu lado e conter os avanços das atacantes chinesas. As duas, é verdade, acabaram prejudicadas pela falta de compactação e pela queda no ritmo da equipe depois do segundo gol. E isso sem falar na tarde mais discreta de Andressinha na criação das jogadas e na marcação no meio-campo. Por mais que os 5 a 0 empolguem, é preciso ter os pés no chão e entender que o nível de exigência irá aumentar consideravelmente a partir dos jogos contra a Holanda e contra a Zâmbia (que deve ser o “fiel da balança” no Grupo F).

Seja como for, a vitória desta quarta-feira (21) ajuda a consolidar a estratégia de Pia Sundhage e a dar mais confiança para as jogadoras. Marta teve boa atuação, assim como Bárbara, Rafaelle e Érika. Mas o diferencial da Seleção Feminina foi mesmo a desenvoltura e a fluidez da sua dupla de ataque. Bia Zaneratto e Debinha unem força física e muita habilidade para encontrar espaços em defesas mais fechadas. A maior prova disso está na atuação das duas na goleada sobre a China.

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