Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica o que acontece com a equipe comandada por Diego Aguirre e analisa o empate desta quinta-feira (15)
Antes de mais nada, é preciso deixar bem claro que o trabalho de Diego Aguirre ainda está no começo e que a falta de tempo para treinamentos e descanso dificulta demais a implementação das suas ideias junto ao elenco do Internacional. Dito isto, também é preciso dizer que o empate sem gols contra o Olimpia em Assunção é um ótimo resumo das últimas atuações do escrete colorado nesses últimos jogos. Muitos erros de passe, jogo burocrático e sem velocidade nas transições, problemas crônicos no posicionamento defensivo e falta de pontaria nas conclusões a gol são apenas alguns dos pontos que merecem a atenção de Diego Aguirre e sua comissão técnica. Ao mesmo tempo, é muito difícil não concluir que o Internacional só não foi derrotado pelo “Decano” por conta da noite inspiradíssima do goleiro Daniel. Muito pouco para quem queria iniciar a temporada com projetos ambiciosos.
É plenamente compreensível que Diego Aguirre tenha mantido a base que empatou com o Grêmio no último final de semana. Sem Taison e Renzo Saraiva, o treinador colorado manteve seu 4-3-3/4-1-4-1 com Heitor e Boschilia entre os titulares, Patrick mais solto pela esquerda e Edenílson se aproximando de Caio Vidal no outro lado. Na prática, o Internacional até manteve a posse de bola (54% contra 46% do Olimpia de acordo com o SofaScore), mas pecou demais na falta de objetividade e nos erros de passe (pontos que explicam muito bem todas as dificuldades da equipe de Diego Aguirre na construção das jogadas). E isso jogando contra um adversário que vinha de um período de 46 dias sem atividades. Do outro lado, a equipe comandada por Sergio Ortemán também não fazia boa partida e só levava perigo através das jogadas do bom lateral Iván Torres pelo lado esquerdo de ataque.
Diego Aguirre apostou nas entradas de Heitor e Boschilia nos lugares de Renzo Saraiva e Taison na partida contra o Olimpia nesta quinta-feira (15), mas viu o Internacional errar passes a esmo no meio-campo. Fora isso, a sua equipe não conseguiu aproveitar a falta de ritmo do seu adversário.
Caio Vidal teve duas boas chances no final da primeira etapa, mas parou no goleiro Aguilar. Do outro lado, Daniel salvava o Internacional com duas grandes defesas em chutes de Alejandro Silva e Iván Torres. O que pouca gente entendeu (incluindo este que escreve) foi a substituição realizada por Diego Aguirre no intervalo. A entrada de Johnny no lugar de Boschilia acabou tendo o efeito inverso daquele pretendido pelo treinador colorado. Ao invés de dar mais consistência na marcação e liberar Edenílson para se aproximar de Yuri Alberto, o Internacional acabou trazendo seus jogadores para trás e dando campo para o Olimpia atacar e trabalhar a bola no meio-campo. E isso sem falar que com Johnny e Rodrigo Dourado não tinham as características necessárias para fazer o jogo do Colorado Gaúcho da maneira mais adequada. Faltava qualidade no passe e objetividade na frente.
🆚| #OLIxINT 0-0
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📊 Estatísticas:📈 Posse: 46% – 54%
👟 Finalizações: 18 – 11
✅ Finalizações no gol: 5 – 3
🛠 Grandes chances: 1 – 0
☑️ Passes certos: 235 – 301💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/lPIxfV7i5a
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) July 16, 2021
Diego Aguirre mandou Palacios para o jogo no lugar de Caio Vidal, mas o panorama continuou o mesmo. Numa das únicas jogadas mais trabalhadas no segundo tempo, Edenílson chutou para fora. Do outro lado, o Olimpia ia ganhando terreno e criando chances. Na mais cristalina de todas, Derlis González puxou contra-ataque de manual, mas viu Salazar tocar para fora com o gol já vazio. Pouco antes disso, o goleiro Daniel (eleito o melhor em campo de maneira justíssima) fez defesa de cinema em chute cruzado de Recalde. Sergio Ortemán ainda tentou dar sangue novo e diminuir um pouco o peso do longo período de inatividade do Olimpia com as entradas de Ramón Sosa, Roque Santa Cruz e Camacho, mas acabou que a última boa chance de gol nasceu de uma cobrança de falta de Edenílson que Aguilar defendeu sem problemas. O resultado em Assunção foi justo. Mas a atuação coletiva do Internacional é preocupante.
A entrada de Johnny no lugar de Boschilia não contribuiu em nada para que o Internacional errasse menos passe e tivesse mais consistência na marcação. O Olimpia, por sua vez, tentou povoar mais o campo o ofensivo, mas sentiu demais a falta de ritmo e as oportunidades perdidas por Recalde e Salazar.
Vinícius Mello ainda chegou a entrar no jogo, mas não teve tempo para mostrar alguma coisa. Na prática, o Internacional segue com os mesmos problemas dos tempos de Miguel Ángel Ramírez. A equipe tem um repertório pobre de jogadas, ainda depende muito do futebol de Edenílson e Patrick (sendo que este último não vem tendo boas atuações) e sofre demais com erros de posicionamento na frente da dupla de zaga formada por Bruno Méndez e Victor Cuesta. E isso sem falar na ausência de Taison, talvez um dos únicos jogadores com capacidade de criação em todo o elenco colorado. Se Moisés foi presença constante no apoio, Heitor acabou sobrecarregado na marcação a Derlis González e Iván Torres e pouco subiu. Com o seu quarto empate em sete partidas à frente do Internacional, Diego Aguirre tem muitas coisas para resolver na sua equipe. E isso apenas para melhorar um pouco o desempenho.
Diante de tudo o que se viu no Estádio Manuel Ferreira, em Assunção, o empate sem gols com o Olimpia acabou sendo o melhor resultado que o Internacional pôde conquistar. E isso diante de uma equipe que não entrava em campo desde o dia 30 de maio. E diante de tudo que a diretoria colorada prometeu no início da temporada, ver o time assim é um tremendo balde d’água fria no torcedor que aguardava dias melhores. Diego Aguirre é o menos culpado nessa situação e vai precisar de tempo e paciência para corrigir todos esses problemas.
Diego Aguirre desde o seu retorno ao @SCInternacional:
⚔️ 7 jogos
✅ 1 vitória
❌ 2 derrotas
📊 33.3% apv.
⚽️ 5 gols marcados
🚫 7 gols sofridos
🛠 12 grandes chances de gol
🔓 14 grandes chances cedidas
👟 14.0 chutes p/ marcar
⚠️ 10.0 chutes p/ sofrer pic.twitter.com/sxMwpz48ur— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) July 16, 2021
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