Home Futebol Inglaterra mantém estratégia, supera a Dinamarca e mostra que está mais do que pronta para fazer história

Inglaterra mantém estratégia, supera a Dinamarca e mostra que está mais do que pronta para fazer história

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória suada do English Team e as estratégias de Gareth Southgate e Kasper Hjulmand

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória suada do English Team e as estratégias de Gareth Southgate e Kasper Hjulmand

Oh, sweet Caroline! Good times never seem so good! I’ve been inclined to believe it never would…” Os bons tempos podem estar de volta lá pelos lados da Inglaterra como o grande Neil Diamond canta na sua imortal “Sweet Caroline”. A equipe comandada por Gareth Southgate sofreu, mas conseguiu vencer a valente e aplicada Dinamarca de Kasper Hjulmand e se garantir na decisão da Eurocopa. Não se trata de pouca coisa. A última final que o English Team disputou aconteceu há 55 anos, na partida contra a então Alemanha Ocidental no mesmo Wembley que vai receber a partida contra a Itália neste domingo (11). Todos aqueles que acreditavam que os bons tempos não voltariam nunca mais, agora estão vendo a Inglaterra de Harry Kane, Sterling, Luke Shaw, Walker, Rice, Mason Mount, Pickford, Maguire e companhia se colocar mais do que preparada para fazer história no Velho Continente.

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Por mais que o favoritismo estivesse do lado inglês, a Dinamarca não se intimidou com o adversário e nem com os quase 65 mil torcedores presentes no Estádio de Wembley. A equipe de Kasper Hjulmand criou pelo menos três boas chances antes de abrir o placar com o jovem (e extremamente promissor) Damsgaard em cobrança de falta aos 29 minutos do primeiro tempo. Com Braithwaite jogando um pouco mais pela direita (talvez para explorar o espaço que aparecia às costas de Luke Shaw), o escrete dinamarquês bloqueava bem o espaço de ação de Mason Mount e as descidas de Saka e Sterling em diagonal na direção do gol de Schmeichel (o filho) no 5-4-1/3-4-2-1 usual de Kasper Hjulmand. A Inglaterra, por sua vez, não se abalou com o primeiro gol sofrido em toda a Eurocopa e viu Harry Kane crescer demais na partida e chamar a responsabilidade com muita movimentação entre as linhas adversárias.

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Dinamarca vs Inglaterra - Football tactics and formations

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Kasper Hjulmand manteve seu 5-4-1/3-4-2-1 com muita velocidade nas transições e mobilidade no terço final com Damsgaard, Dolberg e Braithwaite tentando bagunçar o forte sistema defensivo da Inglaterra. Luke Shaw e Walker não encontravam tanto espaço para apoiar o ataque.

Dentro de todo esse cenário complicado e adverso, o grande mérito da equipe comandada por Gareth Southgate foi, sem qualquer dúvida, a concentração. Por mais que o primeiro gol sofrido pelo English Team em toda a Eurocopa pudesse causar um estrago sério na estratégia desenhada para a partida desta quarta-feira (7), a Inglaterra manteve o planejamento desenhado por Gareth Southgate, executou com ainda mais perfeição os movimentos do 4-2-3-1 e foi empurrando a Dinamarca para seu campo. Com Saka e Sterling mais ligados nos passes em profundidade e com Harry recuando para atrair a marcação de Christensen, Kjaer e Vestergaard e abrir espaços na frente da área. O gol de empate saiu aos 38 minutos da primeira etapa a partir dessa movimentação do capitão do English Team e essa estratégia foi mantida durante todo o jogo em Wembley sempre com muita organização e intensidade em cada ação.

A Inglaterra não se abalou com o empate e manteve a estratégia que consistia na movimentação constante do quarteto ofensivo. Com Harry Kane mais solto e circulando entre as linhas da Dinamarca, os espaços começaram a aparecer na intermediária. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

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A segunda etapa nos mostrou uma Inglaterra muito mais inteira fisicamente e muito mais concentrada do que a Dinamarca. O problema, no entanto, estava no acabamento das jogadas. De acordo com o SofaScore, a equipe de Gareth Southgate finalizou nove vezes, mas apenas três foram na direção do gol de Kasper Schmeichel. Um jogo de mais estudo e mais cautela, é verdade, mas que deixava bem claro qual era a seleção que estava em condições melhores de propor o jogo em Wembley. Com a prorrogação, o English Team seguiu pressionando e conseguiu o gol da classificação num pênalti completamente “mandrake” em Sterling após toque de Merle que só o árbitro holandês Danny Makkelie viu. Harry Kane parou em Schmeichel da primeira vez, mas não desperdiçou o rebote. Um dos vice artilheiros da Eurocopa com quatro gols, o “furacão” da camisa 9 mostrou que a má fase ficou para trás e que é muito mais do que “apenas” um centroavante goleador.

Este que escreve não marcaria o pênalti em cima de Sterling. Ao mesmo tempo, ficam os questionamentos sobre a não utilização do VAR em casos como esses. Seja como for, o gol de Harry Kane foi a senha para que Gareth Southgate mudasse um pouco sua estratégia e recuasse um pouco mais as linhas da sua equipe num bloco um pouco mas baixo do que o habitual para ganhar espaço para acionar a sua dupla de ataque. Trippier substituiu Grielish e se somou a Walker no lado direito numa espécie de 5-3-2 com Henrderson, Kalvin Phillips e Phil Foden fechando a entrada da área e de olho nos avanços da Dinamarca. Muita compactação, muita atenção na cobertura dos espaços e muita dedicação para suportar a pressão ensaiada pelo escrete de Kasper Hjulmand nos últimos 15 mintuos de bola rolando em Wembley. A Inglaterra se garantia na primeira final de Eurocopa de sua história. E com muitos méritos.

Após o gol de Harry Kane, Gareth Southgate fechou a Inglaterra num 5-3-2, negou espaços aos atacantes dinamarqueses e administrou o resultado até o apito final. A equipe comandada Kasper Hjulmand não teve forças para reagir e tentar o empate. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

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Por mais que alguns tenham “cornetado” a atuação pragmática ao extremo da Inglaterra de Gareth Southgate há alguns dias, é preciso reconhecer que a equipe cresceu muito de produção a partir das oitavas de final. As vitórias sobre Alemanha, Ucrânia e Dinamarca (talvez a melhor história de toda essa Eurocopa) mostram bem isso. É como se todos os jogadores e comissão técnica já estivessem prontos para dar o próximo passo e, tal como Neil Diamond cantou tantas vezes, toda uma geração de torcedores estava inclinada a acreditar que os bons tempos jamais voltariam. Difícil dizer se a trilha sonora de uma possível conquista será a sempre deliciosa “Sweet Caroline”, mas é possível dizer que a canção se encaixa muito bem em toda a trajetória do escrete comandado por Gareth Southgate. O nível de maturidade desse time da Inglaterra atingiu níveis altíssimos e é o grande trunfo contra a poderosa Itália.

Essa Eurocopa nos fez lembrar (de uma maneira até cruel) como era bom vibrar pelos nossos clubes e seleções nos estádios. Este colunista, inclusive, sente uma espécie de “inveja positiva” (se é que isso existe) de todos os que podem fazer a festa no mítico estádio de Wembley. Inglaterra e Itália fazem a grande decisão da Eurocopa no domingo (11) num daqueles jogos que prometem justificar o uso da belíssima canção de Neil Diamond de uma vez por todas.

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