Home Futebol Cruzeiro vai precisar se livrar de vários fantasmas internos se quiser sair do calvário na Série B

Cruzeiro vai precisar se livrar de vários fantasmas internos se quiser sair do calvário na Série B

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate com o Vila Nova e a falta de confiança do time comandado por Mozart na partida deste sábado (24)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate com o Vila Nova e a falta de confiança do time comandado por Mozart na partida deste sábado (24)

Quem acompanha a coluna há algum tempo aqui no TORCEDORES.COM já deve ter percebido que este que escreve sempre bate na tecla da confiança e da força mental quando o assunto é esporte de alto rendimento. É praticamente impossível ser vencedor sem acreditar “no próprio taco” ou na estratégia adotada pelo seu treinador. Os (muitos) problemas do Cruzeiro têm origem nesses inúmeros fantasmas internos do elenco comandado por Mozart. E o empate sem gols com o Vila Nova nos mostrou novamente uma equipe sem muito brilho e totalmente sem confiança para aproveitar as chances que criou na partida. Até mesmo o experiente Rafael Sóbis (justo o jogador que deveria chamar a responsabilidade no escrete celeste) anda padecendo desse mesmo mal. O caminho para sair do calvário da Série B parece cada vez mais difícil para um Cruzeiro completamente desmanchado nos aspectos mental e técnico.

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Depois de ver o Cruzeiro se transformar na pior defesa da Série B (com 23 gols sofridos em 14 rodadas), Mozart retornou ao esquema com três zagueiros para reforçar mais a marcação na frente da área do goleiro Fábio. Ramon, Rhodolfo e Eduardo Brock fechavam o setor com Norberto Neto e Felipe Augusto nas alas. Mais à frente, Thiago era o “falso nove” do 3-4-2-1 celeste e abria espaços para as chegadas de Rafael Sóbis e Bruno José em diagonal. Do outro lado, o Vila Nova também jogada com um trio de defensores, mas com uma dinâmica diferente. Dudu e Arthur Rezende guardavam mais as suas posições enquanto Renan Mota se juntava a Alan Grafite e Henan no 3-4-1-2 de Higo Magalhães. Destaque para o lateral Lucas Mazetti, muito bem pelo lado direito tanto no apoio como na marcação pelo seu setor. As duas equipes criaram boas chances na primeira etapa, mas ninguém conseguiu balançar as redes.

Vila Nova vs Cruzeiro - Football tactics and formations

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Mozart retornou ao 3-4-2-1 com o claro objetivo de reforçar o sistema defensivo do Cruzeiro e dar mais liberdade para que os jogadores de meio-campo encostassem em Rafael Sóbis, Thiago e Bruno José. A equipe celeste até conseguiu levar certo perigo ao gol do Vila Nova, mas falhou nas conclusões a gol.

Mas quais seriam esses “fantasmas internos”? Voltamos ao papo da confiança e da força mental. Já se sabe que a fase do Cruzeiro não é nada boa e que a equipe mineira não conseguiu aparecer no G4 da Série B NENHUMA VEZ DESDE QUE FOI REBAIXADA em 2019. Os maus resultados, a pressão da torcida, os problemas gravíssimos nas finanças do clube, tudo isso influencia no desempenho dentro de campo. O técnico Mozart já mudou jogadores, testou diversas formações táticas, vê sua equipe criar chances, mas ainda não conseguiu o desempenho esperado de um elenco que pode não ser tão ruim quanto se pinta, mas que é desequilibrado e conta com vários jogadores em má fase técnica. As entradas de Wellington Nem e Bissoli deram mais consistência ao ataque do Cruzeiro, mas a Raposa simplesmente falhava na hoa de colocar a bola na casinha. E isso diz muito sobre a confiança desses jogadores.

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Wellington Nem e Bissoli melhoraram a movimentação e fluência ofensiva do Cruzeiro com muita profundidade e amplitude nas jogadas de ataque, mas a equipe falhou demais na hora de concluir a gol. Já são três partidas sem balançar as redes no Brasileirão da Série B. Foto: Reprodução / Premiere / GE

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Mais para o final do jogo no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga (o simpático OBA), o técnico Higo Magalhães desfez o 3-4-1-2 do Vila Nova com a entrada de Jonathan Cardoso no lugar do zagueiro Renato Silveira e fechou sua equipe num 4-4-2 com duas linhas à frente da área de Georgemy. A iniciativa não deu certo e o Cruzeiro seguia levando muito perigo quando abria o jogo pelos lados do campo. Principalmente o esquerdo, onde Thiago, Felipe Augusto, Giovanni e Bissoli levavam ampla vantagem sobre a defesa do escrete goiano, mas sem conseguir transformar essa superioridade e volume de jogo. As chances incríveis de balançar as redes desperdiçadas nos acréscimos dizem muito sobre um elenco que tem condições de entregar um desempenho muito melhor do que o apresentado até o momento no Brasileirão da Série B. Difícil não ver os tais “fantasmas internos” agindo e causando estragos no time.

Cruzeiro vs Vila Nova - Football tactics and formations

As entradas de Wellington Nem e Mozart melhoraram muito o desempenho ofensivo do Cruzeiro no segundo tempo, mas a equipe não conseguiu transformar essa superioridade nos gols que tanto precisava. Já o Vila Nova voltou ao 4-4-2 e perdeu muita consistência no final da partida dentro de casa.

Ocupando a 18ª posição na tabela com 12 pontos em 14 rodadas, o Cruzeiro vai precisar de muita confiança para sair dessa situação. Por mais que Mozart venha encontrando as mais diversas dificuldades no seu trabalho junto ao time, ficam as dúvidas sobre o efeito de mais uma mudança no comando técnico a essa altura da temporada. E se ele realmente sair (como boa parte da torcida da Raposa deseja), quem estaria disponível para recuperar a confiança dos jogadores e aumentar a competitividade da equipe celeste? E mais: haveria tempo para tal? A impressão que fica no final das contas é a de que a diretoria cruzeirense parece não ter entendido que o clube foi rebaixado em 2019 e que a realidade é completamente diferente. Fora todo o contexto imposto pela pandemia de COVID-19 com os estádios vazios e surtos nos elencos que disputam a Série B. É como se ainda vivessem numa realidade paralela.

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Culpar Mozart pelo insucesso do Cruzeiro na temporada é fechar os olhos para tudo o que aconteceu nos últimos meses. E seja qual for a decisão dos dirigentes, fica cada vez mais claro que os “fantasmas internos” do clube vão continuar com ele e com quer que assuma o comando da equipe no caso de uma demissão. Estamos falando de jogadores sem confiança, sem força mental e sem base para suportar a pressão de um cenário completamente inóspito e desfavorável para quem defende as cores da Raposa.

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