Franquia de Milwaukee inicia nesta terça-feira (06) a busca pelo bicampeonato da principal liga de basquete do mundo

Campeão da Conferência Leste após vencer a série contra o Atlanta Hawks por 4 a 2, o Milwaukee Bucks avançou para a terceira final de NBA em sua história. Esta é a primeira vez em 47 anos que a franquia disputará a decisão. A última oportunidade foi em 1974. O adversário será o campeão da Conferência Oeste, Phoenix Suns. Liderados por nomes históricos como Kareem Abdul-Jabbar e Oscar Robertson, conquistou seu único título sobre o Baltimore Bullets (atual Washington Wizards) pela temporada 1970/1971. Em sua segunda decisão, 1973/1974, foi derrotado pelo Boston Celtics.

Fundada em 1968, tornou-se a franquia mais rápida a ser campeã na história da liga, com apenas três anos de existência. Naquela edição de 1970/1971 a NBA era disputada por apenas 17 franquias e, ao contrário da divisão feita atualmente, o Bucks pertencia à Conferência Oeste.

Trio poderoso e recorde de vitórias da época

A forte equipe possuía em seu elenco três futuros membros do Hall da Fama do basquete. Ferdinand Lewis Alcindor Junior foi o destaque, sendo eleito o MVP (Jogador Mais Valioso) da temporada. O pivô produziu médias de 34.8 pontos, 16.6 rebotes, 4.6 assistências.

Após o título da NBA daquele ano, Lewis Alcindor converteu-se ao islamismo e adotou o famoso nome Kareem Abdul-Jabbar.

Oscar Robertson, o segundo jogador com mais triplos-duplos na história (182), era outra peça fundamental do elenco, que também contava com Bob Dandridge, outro integrante da honraria máxima do basquete.

Juntos, os atletas foram responsáveis por 70,6 dos 118 pontos de média que a equipe registrou na temporada regular. Em outros fundamentos, o Bucks obteve 53 rebotes, 27.4 assistências, 50,9% nos arremessos de quadra e 74.2% em lances livres. A estatística da época não contabilizava tocos e sequer existia o arremesso de três pontos, implementado oficialmente apenas em 1979.

Com 66 vitórias e 16 derrotas, liderou a Conferência Oeste e registrou também a melhor campanha da liga. Este desempenho é o décimo melhor retrospecto da história da NBA em temporada regular. Além de estabelecer a maior marca até aquele momento, o time do estado de Wisconsin permaneceu invicto de 06 de fevereiro a 08 de março de 1971, recorde na época. No período, foram 20 jogos sem uma única derrota.

O rolo compressor dos playoffs

Na pós-temporada, o Bucks não teve dificuldades. No dia 04 de abril de 1971, pelo jogo cinco da série, derrotou o San Francisco Warriors (atual Golden State Warriors) por 136 a 86. Esta é a vitória com maior diferença de placar em playoffs de sua história. Por 4 a 1, avançou à final da Conferência Oeste.

Novamente aplicando 4 a 1, passou com tranquilidade pelo Lakers. O plantel de Los Angeles contava com as estrelas Wilt Chamberlain, Jerry West, Elgin Baylor e Gail Goodrich. No entanto, duas delas estiveram fora da decisão do Oeste. Baylor havia sofrido uma ruptura no tendão de Aquiles e West lesionado o joelho. Com a rotação reduzida ao ponto de contar com somente sete jogadores disponíveis para os jogos dois, três e quatro da série, o Lakers não teve forças para encarar o Milwaukee, que fez sua parte e se credenciou à disputa do título da NBA.

Diferente do adversário, o Baltimore Bullets encarou duas séries bem equilibradas

Após protagonizar duas séries totalmente equilibradas, o Baltimore Bullets chegou à decisão da NBA.

Pela semifinal do Leste, o Bullets abriu 3 a 1. Porém, o Philadelphia 76ers se recuperou e empatou. No jogo derradeiro, a equipe sofreu, mas bateu o adversário por 128 a 120, encerrando a série por 4 a 3 e carimbando a passagem para a final da conferência.

Contra o New York Knicks, campeão da NBA na temporada anterior, o Bullets ficou próximo da eliminação. Abrindo 2 a 0, o Knicks ainda teve um match point à favor com 3 a 2 na série. Mesmo com as costas na parede por duas vezes, o Bullets empatou em sua casa, Baltimore, e venceu também no lendário Madison Square Garden, em Nova Iorque. Por 93 a 91, garantiu sua classificação à final para enfrentar o Milwaukee Bucks.

A primeira vez a gente nunca esquece

Bucks e Bullets nunca haviam chegado à decisão. Portanto, de forma inédita na história da NBA, duas franquias estreariam juntas em finais. Tal acontecimento se repetiu somente em 2006 com a decisão entre Miami Heat e Dallas Mavericks.

O duelo quebrou outra marca na liga. Pela primeira vez desde 1956 uma final de NBA não contaria com Bill Russell ou Wilt Camberlain.

Esta final foi a segunda e última vez em que foi adotado o sistema de alternação de mandos de quadra no formato 1-1-1-1-1-1-1. Ou seja, um jogo em casa e outro fora, sucessivamente. A primeira oportunidade deste formato de disputa havia ocorrido na final de 1956 entre Philadelphia Warriors (atual Golden State Warriors) e Fort Wayne Pistons (Detroit Pistons), onde o Warriors sagrou-se campeão vencendo a série por 4 a 1.

Atualmente, todas as séries de playoffs e finais da NBA são disputadas no sistema 2-2-1-1-1, com os dois jogos iniciais e os de número cinco e sete com mando de quadra para as franquias de melhor campanha.

 “Diga onde você vai, que eu vou varrendo”

Além dos três membros do Bucks já citados, o Bullets também contava com outros três futuros jogadores no Hall da Fama do basquete: Earl Monroe, Wes Unseld e Gus Johnson.

Entretanto, a equipe de Baltimore não foi páreo para o time do trio Kareem Abdul-Jabbar, Oscar Robertson e Bob Dandridge. Houve equilíbrio apenas no primeiro e terceiro jogos (98 a 88 e 107 a 99). Na segunda partida, o Bucks colocou 19 de diferença, triunfando por 102 a 83.

Pelo quarto e último confronto, Milwaukee venceu por 118 a 106, encerrou a série com uma “varrida” e conquistou o primeiro e único título de sua história. Neste jogo, Oscar Robertson foi o cestinha com 30 pontos e distribuiu nove assistências.  Kareem Adbul-Jabbar anotou 27 pontos e pegou 12 rebotes. Bob Dandridge também teve grande contribuição com 21 pontos.

Registrando médias de 27 pontos e 18.5 rebotes na decisão, Kareem Adbul-Jabbar, além de MVP da temporada regular, também faturou o troféu de melhor jogador das finais. Outro nome importante da série foi Oscar Robertson, com 23.5 pontos e 9.5 assistências.

Além da dupla, Bob Dandridge, com 20.3 pontos e 9.8 rebotes, Jon McGlockin, com 10.8 pontos e Greg Smith, anotando 10 pontos e 8.3 rebotes, tiveram boas participações no título.

Jack Marin foi o principal cestinha do Bullets, com média de 18.3 pontos. Earl Monroe com 16.3 pontos e 4 assistências, Fred Carter, anotando 15.3 pontos  e Wes Unseld , dono de 15 pontos, 19 rebotes e 5.8 assistências, fizeram bom papel na decisão.

10 mil pessoas recepcionaram os campeões no aeroporto

O elenco do Bucks desembarcou em Milwaukee no início da madrugada do dia 01 de maio. Tradicional para equipes campeãs, curiosamente não houve desfile aberto nas ruas da cidade. O armador Jon McGlocklin, também conhecido como “The Original Buck” por marcar os primeiros pontos da história da franquia, conta que os jogadores tiveram de ser escoltados por policiais devido a festa dos torcedores. Estima-se que 10 mil pessoas compareceram ao aeroporto.

McGlocklin atuou por mais cinco temporadas em Milwaukee. Ao aposentar-se, trabalhou por 25 anos como parte da equipe de transmissão de jogos do Bucks. O armador tem sua camisa de número 14 aposentada no Fiserv Forum, atual ginásio da franquia.

Além do 14, o Bucks também imortalizou as camisas de mais três campeões: o número 1 de Oscar Robertson, 10 de Bob Dandridge e 33 de Kareem Abdul-Jabbar.

 

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