Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como as Meninas da Gávea conquistaram o resultado que as mantém vivas no Brasileirão Feminino
Não foi uma atuação das mais brilhantes, é verdade. Exatamente como aconteceu em quase todas as partidas da equipe que é o foco dessa análise nessa edição do Brasileirão Feminino Série A1. Por outro lado, quem acompanha o velho e rude esporte bretão sabe bem que existem situações onde a perseverança e a força de vontade são imprescindíveis. Exatamente como aconteceu na vitória importantíssima do Flamengo de Celso Silva sobre o Avaí/Kindermann de Rodolfo Babalu nesse sábado (19), na Gávea. O único gol da partida foi marcado pela camisa 10 Ana Carla, em cobrança de falta de manual, aos 41 minutos do segundo tempo. O resultado deixou as Meninas da Gávea com chances de classificação para as quartas de finais do Brasileirão Feminino e consolida a reação (ainda que tardia) do escrete comandado por Celso Silva após as chegadas de Darlene e Rayanne ao elenco rubro-negro.
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A primeira etapa da partida na Gávea ficou marcada pelo equilíbrio e por duas propostas de jogo diferentes. Enquanto o Avaí/Kindermann ficava mais com a bola e tentava chegar no ataque com Patrícia Derrico, Gaby, Cathy e Laryh se movimetando atrás de Lelê, a única atacante do 4-1-4-1 de Rodolfo Babalu. Por precisar de apenas um ponto para se garantir nas quartas de final do Brasileirão Feminino, a equipe de Caçador não se arriscava tanto, mas mantinha suas linhas mais altas. O Flamengo de Celso Silva, por sua vez, apostava nas bolas longas para Darlene, Jayanne e Flávia. O jogo rubro-negro era mais vertical e dependia muito do porte físico da suas atacantes, mas carecia de mais mobilidade. A partir do momento em que a camisa 27 passou a sair mais da área, o desempenho das Meninas da Gávea cresceu. Principalmente com Ana Clara e Andressa participando mais das tramas ofensivas.
Com Darlene se movimentando mais no terço final, o Flamengo melhorou seu desempenho e passou a levar mais perigo para o gol de Bárbara. O Avaí/Kindermann, por sua vez, mantinha as linhas mais altas, mas sem tanta intensidade nas transições. Foto: Reprodução / Eleven Sports
A expulsão de Zóio (aos 42 mintuos do primeiro tempo) tirou um pouco da volúpia do Avaí/Kindermann, mas o Flamengo só conseguia levar mais perigo na base do abafa e das bolas longas buscando Darlene e companhia. A essa altura, Rodolfo Babalu já havia modificado o desenho tático da sua equipe para um 4-4-1 que variava para um 5-2-2 conforme a movimentação das jogadoras de meio-campo. Tanto que Celso Silva sacou a zagueira Cida (que não fazia partida lá muito segura e sofria com a movimentação das adversárias) para a entrada de Dani Ortolan. Kaylane foi jogar na última linha e Ana Clara e Andressa recuaram para formar a dupla de volantes do novo 4-2-3-1 de Celso Silva. Com o meio bem preenchido e com Darlene jogando um pouco mais recuada, o Flamengo consegui retomar o domínio da partida e encontrar os espaços necessários para chegar até o gol que tanto desejava.
Com a entrada de Dani Ortolan no lugar de Cida, Kaylane foi jogar como zagueira e o Flamengo se reorganizou num 4-2-3-1 que tinha força na marcação e que ganhou mais qualidade no passe com o recuo de Ana Clara e Andressa. Darlene foi jogar um pouco mais por dentro. Foto: Reprodução / Eleven Sports
O Avaí/Kindermann seguia marcando forte e sem perder a consistência no meio-campo. As entradas de Vilma, Siméia, Raiza e Geovana Alves não modificaram o desenho tático básico, mas as Avaianas Caçadoras viam o Flamengo crescer no jogo com as entradas de Bruna Rosa e Raquel. Não foi por acaso que Bárbara trabalhou bastante na partida e salvou a equipe catarinense de uma goleada histórica na Gávea com defesas precisas. No entanto, nem mesmo toda a experiência da goleira da Seleção Feminina foi capaz de evitar o gol da vitória rubro-negra. Ana Clara cobrou falta da entrada da área (exatamente como manda o figurino) aos 41 minutos do segundo tempo. Depois disso, as Meninas da Gávea mantiveram as linhas altas com o claro objetivo de cortar as linhas de passe do Avaí/Kindermann e administrar o resultado até o apito final de Rejane Caetano da Silva. Vitória importantíssima do time de Celso Silva.
O Flamengo não mudou a postura depois de abrir o placar com Ana Clara. A equipe manteve o 4-2-3-1 do início do segundo tempo com marcação em bloco médio e concentração alta para cortar as linhas de passe do Avaí/Kindermann e administrar o resultado. Foto: Reprodução / Eleven Sports
Faz sentido classificar essa reação e esse crescimento de produção do Flamengo de “tardio”. A equipe comandada por Celso Silva conquistou sete dos nove pontos disputados nas últimas rodadas do Brasileirão Feminino, mas acabou perdendo pontos importantes no início da competição quando os reforços ainda não haviam chegado ao clube. Ao mesmo tempo em que precisamos reconhecer que as chegadas de Darlene e Rayanne melhoraram muito o desempenho das Meninas da Gávea, é praticamente impossível ignorar os tropeços contra Botafogo e São José (equipes que lutam contra o rebaixamento) e contra o Grêmio (quando vencia a partida fora de casa até os acréscimos). São pontos que estão fazendo falta. Do outro lado do campo, o Avaí/Kindermann continua precisando de apenas um ponto para se garantir nas oitavas de final do Brasileirão Feminino. O problema é que o próximo adversário é o Corinthians.
Difícil dizer o que vai acontecer nessa última rodada. Se as Avaianas Caçadoras têm compromisso complicado, o mesmo pode ser dito do escrete de Celso Silva. O Flamengo encara a Ferroviária (equipe que tem estilo de jogo bem semelhante ao das Meninas da Gávea, só que com muito mais experiência dentro de campo) em Araraquara. Será a prova de fogo para uma equipe que foi sendo montada no decorrer do Brasileirão Feminino e que ainda precisa de tempo para assimilar os conceitos do seu treinador. A questão, no entanto, é que esse tempo não existe mais.
Buscamos um grande resultado, minha capita! VAMOS, FLAMENGO!©️🔟 #MeninasDaGávea #VamosFlamengo pic.twitter.com/fwr372SSyF
— Time Flamengo (@TimeFlamengo) June 19, 2021
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Avaí/Kindermann joga o suficiente para vencer um Bahia totalmente desorganizado e quase sem ideias