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Seleção Brasileira usa variações, perseverança e força mental para superar a Colômbia; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Tite corrigiu os problemas da sua equipe na terceira vitória brasileira na Copa América

Por Luiz Ferreira em 24/06/2021 09:12 - Atualizado há 9 meses

Lucas Figueiredo / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Tite corrigiu os problemas da sua equipe na terceira vitória brasileira na Copa América

Não foi uma atuação brilhante. Bem longe disso. A Seleção Brasileira encontrou muitas dificuldades para encaixar seu jogo contra uma Colômbia bem organizada defensivamente e que complicou demais a vida de Neymar, Casemiro, Gabriel Jesus e companhia. Tanto que a virada sobre a equipe de Reinaldo Rueda teve o “dedo” de Tite nas alterações (certeiras) no escrete canarinho após o intervalo da partida desta quarta-feira (23), no Estádio Nilton Santos. O escrete canarinho finalizou menos a gol e foi obrigado a rodar mais a bola para encontrar espaços na frente da área adversária. Na prática, foi um jogo de muito mais paciência, perseverança e força mental do que de imposição de estilos e de muita provocação mútua dentro de campo e nos bancos de reservas. A Seleção Brasileira segue invicta na Copa América, mas viu a Colômbia de Reinaldo Rueda exigir muito mais do que Venezuela e Peru.

É possível compreender os motivos que levaram Tite a manter Everton Ribeiro no time titular. O primeiro tempo da goleada sobre o Peru mostrou que a equipe brasileira precisava de um jogador de mais criação no quarteto ofensivo, de alguém com passe mais refinado. No entanto, o meia do Flamengo acabou sendo engolido pelo 4-4-2 de Reinaldo Rueda assim como todo o sistema ofensivo da Seleção Brasileira. A Colômbia não deixava jogar e ainda encontrava certa facilidade para fazer a bola chegar no ataque. O golaço de Luis Díaz nasceu do espaço concedido pelo meio-campo do escrete comandado por Tite para Cuadrado receber a bola e fazer o cruzamento. E no duelo de imposição física, a Colômbia levava boa vantagem com Barrios, Uribe, Mina e Sánchez bloqueando o espaço de ação do quarteto ofensivo da Seleção Brasileira. Estava mais do que claro que Tite precisava mudar sua equipe no segundo tempo.

Reinaldo Rueda fechou o espaço de circulação do quarteto ofensivo da Seleção Brasileira num 4-4-2 bastante organizado e de muita imposição física com Uribe, Barrios, Luis Díaz e Cuadrado. A Seleção Brasileira não conseguia chegar no campo ofensivo com a mesma eficiência.

O panorama só começou a mudar quando Tite sacou Everton Ribeiro no intervalo e mandou Roberto Firmino para o jogo. Com Gabriel Jesus no lado direito e Neymar mais solto no meio-campo, a Seleção Brasileira começou a tomar conta do meio-campo e a empurrar a Colômbia para trás. Ao mesmo tempo, a entrada de Renan Lodi (o “quinto atacante” de Tite) deu ainda mais profundidade e amplitude às ações ofensivas do escrete canarinho. Ao mesmo tempo, Firmino simplificava as coisas para a Seleção Brasileira com ótimo posicionamento e toques rápidos, quase sempre de primeira buscando as infiltrações de Neymar, Everton Cebolinha e Gabigol (substitutos de Gabriel Jesus e Richarlison). O (polêmico) gol de empate marcado pelo camisa 20 (que teve a participação meio “sem querer querendo” de Néstor Pitana) nasceu de passe em profundidade de Lucas Paquetá para Renan Lodi no lado esquerdo.

Depois de muito tempo de paralisação, o gol de Firmino foi confirmado para a revolta dos colombianos. A Seleção Brasileira descomplicava mais uma partida a partir da ótima leitura de jogo de Tite. Se Firmino distribuía mais os passes no terço final, a entrada de Renan Lodi deu muito mais agressividade ao ataque do escrete canarinho. Por outro lado, é impossível não perceber o equívoco cometido por Reinaldo Rueda na substituição de Luis Díaz pelo zagueiro Murillo já nos acréscimos. Tudo o que a Seleção Brasileira precisava era de mais espaço para trabalhar a bola no meio-campo. O gol da vitória veio apenas na (fortíssima) jogada de bola parada. Neymar cobrou escanteio da direita, Yerry Mina não acompanhou e Casemiro apareceu sozinho na pequena área para balançar as redes de Ospina. Vitória importantíssima no jogo mais complicado da Seleção Brasileira nessa Copa América até o momento.

Tite deu mais agressividade à Seleção Brasileira com as entradas de Renan Lodi e Roberto Firmino. A equipe ganhou mais profundidade e fluidez nos movimentos diante de uma Colômbia que simplesmente parou de atacar no segundo tempo. Além disso, Reinaldo Rueda mexeu mal na sua seleção.

A Colômbia saiu de campo reclamando muito da arbitragem de Nestor Pitana no lance do gol de empate da Seleção Brasileira. Por mais que o lance seja polêmico, ele não diminui os méritos da equipe comandada por Tite na partida desta quarta-feira (23). Ainda mais quando o treinador do escrete canarinho conseguiu descomplicar as coisas com alterações simples e ótima leitura do que acontecia dentro de campo. Vale destacar também que Neymar, Richarlison, Gabriel Jesus, Casemiro e vários outros têm se mostrado mais maduros e muito mais focados no que devem fazer com e sem a posse da bola. Se a Seleção Brasileira finalizou menos a gol (como mostram os números obtidos pelo SofaScore no final da matéria), o time mostrou paciência para encontrar espaços, perseverança para seguir com o plano de jogo e muita força mental para não cair nas provocações dos seus adversários e conseguir a virada.

A Seleção Brasileira passou pelo seu primeiro grande teste nessa Copa América. Por mais que ela ainda sobre na América do Sul, é preciso ter em mente que a equipe comandada por Tite já se transformou em objeto de estudo de todos os outros treinadores do continente. Se as vitórias contra Venezuela e Peru foram construídas na base da superioridade técnica, as coisas precisaram ser diferentes contra a Colômbia. É preciso ter muita má vontade para não perceber os conceitos de Tite em cada jogada do escrete canarinho.

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