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Portugal e França mostram que ainda estão devendo atuações mais consistentes nessa Eurocopa

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate entre as seleções comandadas por Fernando Santos e Didier Deschamps

Por Luiz Ferreira em 23/06/2021 23:52 - Atualizado há 3 anos

Reprodução / Facebook / Seleções de Portugal

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate entre as seleções comandadas por Fernando Santos e Didier Deschamps

Antes de mais nada, é preciso dizer que Portugal e França fizeram um jogo marcado pela alta competitividade, pelos lances de talento e pelo alívio da classificação das duas seleções após o apito final. Por outro lado, ficou bem evidente que as equipes comandadas por Fernando Santos e Didier Deschamps ainda estão devendo nessa Eurocopa. Seja pelo excesso de pragmatismo do escrete francês, pelos problemas defensivos da Seleção das Quinas ou até mesmo por pura preguiça dos dois times em determinados momentos. Mesmo jogando no grupo que ficou conhecido como o “grupo da morte” nessa Eurocopa 2020. De positivo, ficam as marcas pessoas para os grandes craques de Portugal e França. Com os dois gols marcados nesta quarta-feira (23), Cristiano Ronaldo igualou o iraniano Ali Daei como o maior artilheiro da história das seleções e Benzema quebrou um jejum de quase seis anos sem gols pelos Bleus.

Depois do desastre defensivo contra a Alemanha, o técnico Fernando Santos fez o óbvio e reforçou a marcação na sua equipe. Com Renato Sanches e João Moutinho nos lugares de Bruno Fernandes e Willian Carvalho, Portugal entrou em campo armado num 4-1-4-1 bem compactado e que tentava fechar os espaços de circulação de Griezmann, Benzema e Mbappé no terço final. Aos 26 minutos da primeira etapa, Cristiano Ronaldo abriu o placar cobrando pênalti de Lloris em Danilo Pereira. Portugal até que conseguia encontrar espaços às costas da defesa francesa com bolas longas para Diogo Jota e CR7, mas a defesa voltou a falhar no (belíssimo) lançamento de Pogba para Mbappé no último lance do primeiro tempo. O lance do gol de empate do escrete de Didier Deschamps nasceu de penalidade meio “mandrake” de Semedo em cima do camisa 10 dos Bleus. Jogo com muitas emoções, mas com muitos problemas nas duas seleções.

Fernando Santos apostou num meio-campo mais reforçado com Renato Sanches e João Moutinho num 4-1-4-1 mais fechado e compactado em Portugal. Do outro lado, Didier Deschamps mantinha seu 4-3-3 com Tolisso no lugar de Rabiot e o seu já conhecido pragmatismo no escrete francês.

A França pode ser pragmática em excesso, mas ainda é uma das equipes mais competitivas dessa Eurocopa e uma das mais difíceis de se enfrentar. O passe de Pogba para Benzema no lance do segundo gol da França poderia até ser emoldurado de tão magnífico. Por outro lado, também comprova que o camisa 6 dos Bleus ainda custa a manter um mínimo de regularidade nas suas atuações. Ele é capaz de tirar do bolso assistências maravilhosas (como as que originaram os dois gols da França) e adotar uma postura mais desinteressada e até mesmo preguiçosa em determinados momentos. Se Portugal tentava competir mesmo com todos os seus problemas coletivos, a equipe comandada por Didier Deschamps acaba sendo prejudicada pelo excesso de pragmatismo do seu treinador. A França joga “para o gasto” e explora pouco a qualidade de Pogba, Benzema, Mbappé, Griezmann e companhia. Falta determinação e algumas doses de gana.

Elementos que não faltam em Cristiano Ronaldo. Já são 14 gols na Eurocopa e 109 por Portugal, igualando a marca do iraniano Ali Daei como o maior artilheiro de uma seleção no planeta. É verdade que a sua equipe tem sim sérios problemas coletivos, mas ainda conta com grandes talentos individuais. Renato Sanches fez boa partida e melhorou a produção ofensiva da Seleção das Quinas com boa movimentação e atenção na perseguição dos adversários. Mas o grande diferencial da equipe de Fernando Santos era mesmo CR7. A força mental do craque de 36 anos contagia os jogadores e deu a força que a equipe precisava para conter os avanços do escrete francês ao final da partida. As mexidas de Fernando Santos ajudaram a fechar os espaços num momento em que a França também perdia (um pouco) o interesse na partida, já que o empate classificava as duas seleções para as oitavas de final da Eurocopa.

Didier Deschamps não mexeu na estrutura básica da França no segundo tempo, mas manteve a postura mais pragmática diante de um adversário que se fechou como pôde na sua defesa. Fernando Santos, por sua vez, apostava na cautela para assegurar o empate e a classificação.

A grande missão da França nessas oitavas de final é se manter ligada e mais concentrada no jogo. Até mesmo para que não aconteçam os mesmos vacilos do empate com a Hungria na segunda rodada da fase de grupos. Por outro lado, é bem capaz que a equipe de Didier Deschamps cresça de produção na fase eliminatória e não encontre muitos problemas contra a Suíça, marcada para esta segunda-feira (28), em Budapeste. Já a vida de Portugal será um pouco mais complicada. O escrete comandado por Fernando Santos encara a Bélgica de De Bruyne e Lukaku no domingo (27), em Sevilla, e vai precisar de muito mais consistência e concentração para vencer uma equipe fortíssima no ataque e organziada na defesa. Ao mesmo tempo, os gols de Cristiano Ronaldo podem não ser suficientes para repetir a campanha do título da Eurocopa de 2016, quando até o cruzamento nas oitavas de final foi menos complicado.

É como se uma outra Eurocopa começasse nesse sábado (26). A fase de grupos foi uma espécie de “período de ajuste” para as seleções classificadas se prepararem de verdade para a altíssima exigência que as partidas eliminatórias vão trazer. Nesse ponto, França e Portugal (mesmo com todos os problemas apontados aqui e com a clara necessidade de melhora no desempenho) possuem condições de ir longe na competição. Ainda mais com o alto grau de maturidade dos seus elencos.

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