Jornal francês compara boicote de Bolsonaro a Tite com ditadura militar
Tite esteve no meio de uma polêmica com uma possível saída do comando da seleção brasileira
Tite esteve no meio de uma polêmica com uma possível saída do comando da seleção brasileira
O possível “boicote de Bolsonaro a Tite” foi comparado pelo jornal francês L’Équipe, um dos mais importantes do país, com a ditadura militar, ao citar Médici, um dos presidentes autoritários do Brasil, e que afastou o então técnico da seleção João Saldanha do cargo antes do início da Copa do Mundo de 1970.
“Hoje, a história se repete, com Jair Bolsonaro no papel do general Médici e Tite no de Saldanha. O torneio caiu de paraquedas no país que continua a enterrar seus mortos e contabiliza mais de 470 mil óbitos desde o início da pandemia da Covid-19″, escreveu o jornal.
O texto destaca ainda que “Tite fica e o boicote acaba” ao noticiar a polêmica dos últimos dias envolvendo a seleção brasileira e a realização da Copa América no Brasil. A publicação também cita a informação do jornalista do Grupo Globo, André Rizek, de que Rogério Caboclo, então presidente da CBF e que foi afastado do cargo após acusação de assédio sexual, teria prometido ao presidente Bolsonaro a demissão de Tite e a contratação de Renato Gaúcho. “Tite foi salvo pelo escândalo da CBF“, completa o jornal francês.
Ao ser questionado se pensou em deixar o cargo de treinador da seleção brasileira por causa da crise dos últimos dias, Tite declarou:
“Pensei no trabalho, nas exigências que teria, cada dia, cada momento, quem escalar certo. Consultamos, trabalhamos. Quero fazer um agradecimento especial ao Thomás (Koerich) e ao Bruno (Baquete, ambos analistas de desempenho). Eles passaram dois dias sem almoçar direito, em função de todo o trabalho realizado. Eu quero aquela imagem, eu quero aquela situação, porque o atleta não pode fazer isso, eu quero cobrar ele, mas também mostrar ali…” Essa construção, que por vezes no bastidor, e, não por nada, mas que a mídia não tem acesso, o quanto é importante na construção do trabalho. Essa é a situação que eu pensei. Peguei minha energia toda e fiquei voltado para isso. Não sou hipócrita, não sou alienado e sei que as coisas acontecem. Mas sei dar prioridade. Prioridade é meu trabalho e a dignidade do meu trabalho”, afirmou o técnico após a vitória do Brasil por 2 a 0 sobre o Paraguai, nesta terça-feira (8), pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022.