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Em jogaço digno da qualidade técnica de Corinthians e Palmeiras, atacante Chú foi a única perdedora

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Arthur Elias e Ricardo Belli e toda a polêmica envolvendo a camisa 11 das Palestrinas

Por Luiz Ferreira em 10/05/2021 02:09 - Atualizado há 3 anos

Rodrigo Gazzanel / Ag. Corinthians

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Arthur Elias e Ricardo Belli e toda a polêmica envolvendo a camisa 11 das Palestrinas

O primeiro Derby Feminino de 2021 era o jogo mais esperado desse início de Brasileirão Feminino por conta de uma série de fatores. Os principais deles eram a qualidade técnica das equipes comandadas por Arthur Elias e Ricardo Belli e a briga pela liderança da competição. E Corinthians e Palmeiras não deixaram por menos. O confronto deste domingo (9) esteve recheado de lances de perigo, ótima leitura tática dos dois treinadores e muito bom futebol. Só que a partida também ficaria marcada pelos comentários homofóbicos e preconceituosos da atacante Chú sobre a morte do ator e humorista Paulo Gustavo. A polêmica acabou sendo o pano de fundo do empate (justo) entre os dois melhores times do país no momento e incendiou ainda mais a discussão sobre tolerância dentro do esporte (seja ele qual for). A partida terminou empatada em 1 a 1, mas a grande perdedora foi a camisa 11 do escrete alviverde.

https://www.youtube.com/watch?v=dR68-PX_cZQ

Já era possível perceber qual era a estratégia das comandadas de Ricardo Belli desde os primeiros minutos da partida no Parque São Jorge. Com Bruna Calderan e Camilinha trocando de posição a todo momento pela direita e Chú forçando o jogo pelo outro lado, o Palmeiras avançou as suas linhas e incomodou demais o Corinthians com muita pressão na saída de bola e um jogo extremamente vertical. A equipe de Arthur Elias (organizada num 4-4-2 com Adriana logo atrás de Jheniffer) teve muitas dificuldades para fazer a bola chegar no campo adversário no começo do jogo, mas foi se encontrando aos poucos. Principalmente quando Andressinha e Gabi Zanotti avançaram para bater com Júlia Bianchi e Thaís no meio-campo e colocaram mais intensidade nas transições. E ainda havia Yasmim e Tamires no lado esquerdo para conter os avanços de Bruna Calderan e Camilinha num dos melhores duelos da partida.

Ricardo Belli montou o Palmeiras com um lado direito muito forte e com muita pressão na saída de bola do Corinthians de Arthur Elias. Bruna Calderan e Camilinha faziam ótimo duelo contra Yasmim e Tamires enquanto que Chú tentava acelerar da esquerda para dentro, mas sem muito sucesso.

Era compreensível que Arthur Elias quisesse reforçar o lado direito da sua equipe, visto que Katrine, Thaís, Ary Borges e Chú levavam muito perigo por ali. Só que a estratégia do treinador corintiano não funcionou como o esperado por dois motivos. O primeiro é que Diany não conseguiu dar sequência às jogadas de ataque e não tinha a velocidade necessária para perseguir a lateral alviverde nesse processo. E o segundo é que todo o time do Corinthians sofria com a marcação pressão do Palmeiras. A saída de bola já estava prejudicada por conta da presença de Bia Zaneratto, Duda Santos e Chú além das linhas altas da equipe do Palmeiras. Ao mesmo tempo, Andressinha e Gabi Zanotti não conseguiam cobrir o espaço que existia entre a defesa e o meio-campo do Timão. Fora isso, a equipe de Arthur Elias demorou para se organizar e superar toda a pressão do seu forte adversário no Parque São Jorge.

O Palmeiras avançava suas linhas, pressionava o portador da bola e forçava o erro da defesa corintiana. A entrada de Diany pela direita não funcionou como o esperado e o escrete de Arthur Elias sofreu para fazer as suas transições para o ataque com um mínimo de qualidade. Foto: Reprodução / BAND

O Corinthians até voltou do intervalo melhor posicionado em campo e levando perigo ao gol de Jully (que fez defesa de cinema em chute de Adriana). Mas bastou que o Palmeiras colocasse intensidade na troca de passes no terço final e fizesse a bola girar para balançar as redes. Bia Zaneratto cruzou da esquerda e Bruna Calderan apareceu na segunda trave e abriu o placar aos 10 minutos da segunda etapa. Essa foi a senha para que Arthur Elias fizesse três mudanças no Corinthians. Com Vic Albuquerque e Crivelari se movimentando muito no ataque e Gabi Portilho forçando pela direita, o Timão chegou ao empate em jogada que contou com a participação das três e a conclusão precisa da camisa 17 aos 33 minutos. E tudo isso aproveitando os problemas defensivos de Camilinha, meia que foi jogar na lateral depois que Bruna Calderan deixou o jogo dez minutos depois de marcar o gol do Palmeiras.

O Corinthians conseguiu melhorar seu desempenho com as mudanças promovidas por Arthur Elias e controlou as ações da partida após a metade do segundo tempo. Ricardo Belli tentou dar sangue novo ao Palmeiras, mas viu sua equipe sofrer com a intensidade de um adversário mais entrosado e encorpado.

Ricardo Belli respondeu com as entradas de Rafa Andrade e Tainara nos lugares de Júlia Bianchi e Ary Borges respectivamente e a mudança de posicionamento de Rafaelle para a proteção da defesa. Tudo para soltar Camilinha pela direita e explorar as costas da defesa adversária. Só que existem poucas equipes no mundo que controlam a profundidade como o Corinthians de Arthur Elias. Mesmo com a goleira Kemmeli jogando bem adiantada (quase alinhada a Érkia e Pardal), o Palmeiras não teve forças para chegar ao ataque nem com Bia Zaneratto aliando força e velocidade no ataque aos espaços vazios. Faltou o fôlego e a intensidade do primeiro tempo do jogo no Parque São Jorge. E também faltou um pouco mais de calma nas tomadas de decisão. Já o Corinthians de Arthur Elias desperdiçou boas chances de virar e até de abrir uma boa vantagem de gols a partir do momento em que seu adversário cansou.

Só que é praticamente impossível falar do primeiro Derby Feminino sem falar da atitude lamentável da atacante Chú. Pior do que isso, só o pedido de desculpas da atacante palmeirense na sua conta pessoal no Twitter (já trancada após as críticas que chegaram). Além dos comentários homofóbicos e preconceituosos da pior espécie (clique no tweet acima para conferir), existe um outro grande problema à vista. Tolerar atitudes como essas é ver o futebol feminino copiar o masculino no que ele tem de pior: as passadas de pano e a hipocrisia. E ver Chú no TIME TITULAR depois de tudo isso só nos leva a perguntar que tipo de mensagem o técnico Ricardo Belli e toda a diretoria do Palmeiras estão passando para as pessoas. Este que escreve não está dizendo que ela deva ser banida do esporte. Estava mais do que claro que não havia o menor clima para ela. Não foi por acaso que Chú errou quase tudo o que tentou na partida.

A fala e o pedido de desculpas deprimente da camisa 11 palestrina ferem diretamente tudo aquilo que o esporte representa para uma série de pessoas em todo mundo. Preconceito não se tolera. Preconceito se combate. Que Chú repense seus conceitos e pensamentos, que entenda que essa postura não é algo agradável e que passe a ver a vida com outros olhos. É muito triste ver que isso tudo acabou virando pano de fundo para um jogaço de futebol. Chú foi a grande perdedora da noite.

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