Home Futebol Pé no freio e pouquíssima criatividade: Flamengo joga pro gasto em mais uma partida sem brilho

Pé no freio e pouquíssima criatividade: Flamengo joga pro gasto em mais uma partida sem brilho

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate sem gols entre o time de Rogério Ceni e o Vélez Sarsfield pela Libertadores

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate sem gols entre o time de Rogério Ceni e o Vélez Sarsfield pela Libertadores

É bem verdade que o Flamengo atingiu seu objetivo ao terminar a primeira fase da Copa Libertadores da América na liderança do seu grupo e com a quinta melhor campanha da competição. O problema é que a atuação no empate sem gols do Vélez Sarsfield acabou deixando mais dúvidas do que certezas. De positivo, apenas o fato da defesa rubro-negra não ter sido vazada pela primeira vez nessa edição da Libertadores. De resto, o que se viu nesta quinta-feira (27), no Maracanã, foi uma equipe sem o brilho e a intensidade tão caracterísca nas transições ofensivas e que caiu de produção nos últimos jogos. A impressão que ficou do jogo foi a de que as duas equipes estavam se poupando e já se davam mais do que satisfeitas com o empate. Ainda que o Flamengo tenha levado um pouco mais de perigo quando teve a posse da bola, a atuação coletiva do escrete de Rogério Ceni deixou a desejar mais uma vez.

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A lentidão do Flamengo podia ser explicada pelas ausências de Willian Arão e Bruno Henrique (ambos suspensos). O primeiro dava mais dinâmica à saída de bola como Rogério Ceni tanto defende e o segundo é uma das principais válvulas de escape da equipe rubro-negra partindo do lado esquerdo e procurando Gabigol no comando de ataque. O que se via (na prática) era uma saída de bola lenta (a partir do centro do campo) e sem a intensidade suficiente para quebrar as linhas do Vélez Sarsfield. Como resultado disso, o Fla não conseguia competir contra a seu adversário no Maracanã e nem manter um mínimo de consistência na construção das jogadas e na pressão pós-perda. Não era raro ver a bola indo e voltando para o campo defensivo nesse processo. Do outro lado, o Vélez levava perigo justamente porque acelerava (um pouco) mais e explorava as bolas levantadas na área sempre que chegava na intermediária.

Velez Sarsfield vs Flamengo - Football tactics and formations

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Rogério Ceni optou pelas entradas de Gustavo Henrique e Pedro nos lugares dos (suspensos) Willian Arão e Bruno Henrique, mas viu o Flamengo pecar demais pela lentidão e pela falta de criatividade. O Vélez Sarsfield se organizou melhor em campo e levou perigo nas bolas aéreas.

A ausência de Bruno Henrique causava outro problema grave no Flamengo. O camisa 27 é uma das principais válvulas de escape do time comandado por Rogério Ceni e faz companhia a Filipe Luís e Arrascaeta jogando no lado esquerdo. Com Pedro em campo, o escrete rubro-negro nem ganhou profundidade (por conta dos motivos explicados acima) e nem conseguiu ter amplitude, visto que o jogo ficava mais concentrado pela direita com Isla avançando e Everton Ribeiro abrindo o corredor. Apenas Filipe Luís e (eventualmente) Gabigol apareciam por ali, fato que deixava o Flamengo “torto” quando tinha a posse da bola no primeiro tempo. Diante de todo esse cenário, não era difícil entender os motivos pelos quais o Flamengo de Rogério Ceni demorou tanto para “entrar no jogo” contra o Vélez Sarsfield. Faltava equilíbrio e consistência ao jogo rubro-negro. Ainda mais com a formação que exigia mais movimentação dos homens de frente.

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Sem Bruno Henrique, o Flamengo concentrou as suas jogadas de ataque pelo lado direito nos primeiros 45 minutos. A equipe de Rogério Ceni sentiu muito a falta da velocidade do camisa 27 e toda a amplitude e profundidade gerada pela sua movimentação. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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O desempenho da equipe como um todo melhorou no segundo tempo, mas ainda ficou bem abaixo daquilo que eu e você já vimos o Flamengo fazer sob o comando de Rogério Ceni. Mesmo assim, Gabigol, Pedro, Everton Ribeiro e companhia não estavam em noite lá muito inspirada. Além da clara falta de criatividade, o escrete rubro-negro dava a impressão de um certo desinteresse no confronto contra o Vélez Sarsfield. As melhores chances do time da Gávea saíram dos pés de Filipe Luís e após as entradas de João Gomes e Vitinho. Mesmo assim, nada de muito especial. Do outro lado, a equipe comandada por Mauricio Pellegrino também pisou no freio e se fechou na defesa para garantir o pontinho fora de casa (ainda que a segunda posição no Grupo G da Libertadores já estivesse mais do que garantida). Resumo da ópera: Flamengo e Vélez fizeram uma das partidas mais mornas e sem graça da primeira fase.

Flamengo vs Velez Sarsfield - Football tactics and formations

As entradas de Vitinho e João Gomes melhoraram o desempenho do Flamengo no segundo tempo, mas não foram suficientes para tirar a equipe de Rogério Ceni da mesmice. Do outro lado, O Vélez Sarsfield se fechava na defesa para garantir o empate e o pontinho conquistado fora de casa. Ortega seria expulso no final da partida

Para quem começou a fase de grupos da Libertadores com três vitórias seguidas, o Flamengo chega nas oitavas de final sob um clima de incerteza. Por mais que Rogério Ceni tenha seus méritos na organização ofensiva do time e na adaptação dos seus conceitos às características dos jogadores, o que se vê é uma equipe que ainda oscila demais e que sofre muito para fazer as suas transições defensivas com um mínimo de consistência. Ao mesmo tempo, é muito fácil perceber que o extracampo vem sim mexendo com os jogadores dentro de campo. Principalmente Gerson que, segundo boa parte da imprensa, deve mesmo se transferir para o Olympique de Marselha. A partida contra o Vélez Sarsfield foi uma das piores atuações do camisa 8 do Flamengo desde que ele chegou ao clube, em meados de 2019. E isso sem mencionar a clara falta de confiança de Gustavo Henrique nos botes na frente da área rubro-negra.

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Do sorteio das oitavas de final até o confronto em si, os comandados de Rogério Ceni terão quase um mês de intervalo para corrigir erros e aprimorar aquilo que já vem dando certo. Além disso, existe a clara necessidade de se começar bem o Campeonato Brasileiro para ganhar um pouco de tranquilidade. O Flamengo pode não ter mais o volume e a intensidade do timaço de 2019, mas tem todas as condições de jogar muito mais do que vem jogando. Sem exageros.

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