Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o novo camisa 10 do Grêmio pode ser aproveitado por Tiago Nunes na sequência da temporada
Este que escreve não tem medo de soar exagerado ou precipitado quando afirma que o retorno de Douglas Costa ao Grêmio (seu time do coração) depois de onze temporadas no exterior talvez seja a melhor notícia do futebol brasileiro em muito tempo. Não somente pela (enorme) qualidade do agora camisa 10 do Tricolor Gaúcho, mas por todas as alternativas que o atacante pode oferecer ao time comandado por Tiago Nunes na sequência da temporada. A única incerteza é se Douglas Costa conseguirá se manter livre das lesões que tanto o atormentaram nos últimos anos. Seja como for, é praticamente impossível não se animar com a volta de DC10 ao futebol brasileiro. O Grêmio ganha um atacante de rara habilidade e velocidade para fazer companhia a Diego Souza e para servir de referência para os jovens Ferreira, Léo Chú, Léo Pereira, Ricardinho e outros valores da ótima base gremista. Baita contratação do Tricolor Gaúcho.
Bem-vindo de volta pra casa DC!
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— Grêmio FBPA (@Gremio) May 21, 2021
Douglas Costa ficou conhecido pela facilidade no drible e pela velocidade que colocava nas suas investidas ao ataque quando surgiu no Grêmio no final de 2008. Assinou com o Shakhtar Donetsk em 2010 e, desde então, acumulou passagens vitoriosas pelo Bayern de Munique (onde foi bastante elogiado por Pep Guardiola), pela Juventus e pela Seleção Brasileira. DC10 ganhou destaque jogando aberto pela direita para buscar a diagonal para o chute com a perna esquerda ou a tabela com os companheiros de ataque. É nessa faixa do campo que Douglas Costa se sente mais confortável. Com o tempo, aprimorou a leitura de jogo e passou a buscar a linha de fundo para gerar amplitude e profundidade além de, é claro abrir espaços no terço final. Não foi por acaso que muita gente lamentou sua série de lesões durante a Copa do Mundo de 2018, onde sempre correspondeu às expectativas quando foi utilizado por Tite no Mundial da Rússia.
Douglas Costa se sente mais confortável jogando a partir do lado direito de ataque. Além de buscar a linha de fundo e abrir espaços, o atacante mostra muita facilidade para entrar em diagonal para tentar a tabela ou o chute a gol de perna esquerda. Foto: Reprodução / TV Globo
Não é difícil imaginar Tiago Nunes utilizando Douglas Costa como atacante pela direita no seu 4-2-3-1 costumeiro e bem organizado. O poderio ofensivo do Grêmio aumentaria consideravelmente com um jogador que sabe buscar a linha de fundo como poucos e que ainda faria ótima dupla com Rafinha no setor. Ao mesmo tempo, Ferreira faria papel semelhante pela esquerda e ainda contaria com a criatividade de Jean Pyerre na distribuição das jogadas. Mais atrás, Thiago Santos faria o contraponto defensivo com Matheus Henrique aparecendo no ataque e pisando na área na variação para o 4-1-4-1. E isso sem falar em Diego Souza fazendo o trabalho de pivô e se apresentando para as tabelas. Com pequenos ajustes aqui e ali, Douglas Costa agregaria ainda mais qualidade a uma equipe que já tem bastante agressividade nas transições ofensivas e que vem conseguindo se adaptar muito bem a cada situação que o jogo apresenta.
Partindo do 4-2-3-1 usual de Tiago Nunes, Douglas Costa seria o atacante que entraria em diagonal a partir da direita para buscar o chute a gol ou a tabela com Diego Souza. Ao mesmo tempo, o camisa 10 faria uma ótima dupla com Rafinha.
Uma variação interessante (e plenamente possível) pode ser o posicionamento de Douglas Costa logo atrás de Diego Souza com Luiz Fernando (ou Léo Pereira) entrando no lado direito da linha de três meias. Na prática, ao invés do 4-2-3-1, teríamos um 4-4-2 de extrema mobilidade e de muita presença ofensiva com o camisa 10 mais próximo da área e com plenas condições de participar da criação das jogadas. Além disso, as obrigações defensivas diminuem um pouco nessa formação, mas fazem com que os volantes Thiago Santos (ou Darlan) e Matheus Henrique (além de toda a linha defensiva) se posicionem um pouco mais avançados para fechar o espaço na intermediária ofensiva. É o tipo de formação que pode ser utilizada em situações mais específicas do jogo. Especialmente quando o Grêmio precisar de gols e da habilidade de Douglas Costa perto da área adversária para abrir espaços e quebrar as linhas.
Douglas Costa pode jogar também mais por dentro no centro da linha de três meias ou como segundo atacante de fato numa variação para o 4-4-2 no Grêmio de Tiago Nunes. Essa formação pediria linhas mais avançadas para cobrir o espaço no meio-campo.
Se conseguir ter uma sequência de jogos e administrar bem o condicionamento físico, Douglas Costa tem todo o potencial para se transformar num dos melhores jogadores em atividade no futebol brasileiro. A experiência no Velho Continente e o trabalho com treinadores de bagagem imensa como Pep Guardiola, Mircea Lucescu, Carlo Ancelotti, Massimiliano Allegri e Hans-Dieter Flick só reforçam essa tese. Não estamos falando de qualquer atacante ou de alguém que “não deu certo na Europa e voltou para o futebol brasileiro” como alguns gostam de falar. Contra Douglas Costa, no entanto, pairam as dúvidas sobre suas condições físicas. No Bayern de Munique, DC10 perdeu vários jogos da temporada e teve uma briga pública com o conselho do clube bávaro. E na Seleção Brasileira, Douglas Costa não conseguiu ter uma sequência mínima de partidas e assumir o posto de Willian, que vinha em má fase na Copa do Mundo da Rússia.
Seja como for, o retorno de DC10 ao futebol brasileiro é uma das maiores notícias dos últimos meses. A qualidade do Grêmio de Tiago Nunes (que já é bem grande) pode aumentar ainda mais se o atacante tiver uma boa sequência de jogos e entrar em forma o mais rápido possível. Douglas Costa não é qualquer jogador. Ele faz parte daquele seleto grupo dos “diferenciados” e tem tudo para se tornar uma das principais armas ofensivas do Tricolor Gaúcho nessa temporada.
Feliz demais por estar de volta no time do meu coração 💙🤍🖤🇪🇪
— Douglas Costa (@douglascosta) May 22, 2021
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