Home Futebol Botafogo terá que ser muito mais intenso e aplicado se quiser se livrar do calvário da Série B

Botafogo terá que ser muito mais intenso e aplicado se quiser se livrar do calvário da Série B

Por Luiz Ferreira em 29/05/2021 02:27 - Atualizado há 4 anos

Douglas Monteiro / Vila Nova FC

Douglas Monteiro / Vila Nova FC

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Marcelo Chamusca no empate com o Vila Nova nesta sexta-feira (28)

É bem verdade que estamos falando apenas da primeira rodada do Brasileirão da Série B e que todas as vinte equipes ainda terão mais 37 partidas pela frente para decidir o campeão, quem sobe para a Série A e quem será rebaixado para a Série C. Mesmo correndo o risco de soar leviano ou oportunista, é preciso dizer que o Botafogo perdeu a chance de iniciar a principal competição da temporada com o pé direito. O empate em 1 a 1 com o Vila Nova, em jogo disputado nesta sexta-feira (28), nos mostrou uma equipe que ainda busca a melhor maneira de jogar e que ainda encontra sérias dificuldades quando precisa impor seu estilo. Se Marcelo Chamusca acertou com a formação mais compacta (que deixa Ricardinho como uma espécie de “regista” na frente da zaga), a equipe do Botafogo ainda precisa de mais intensidade e aplicação se quiser atingir seus objetivos no altamente disputado Brasileirão da Série B.

VILA NOVA 1 X 1 BOTAFOGO | MELHORES MOMENTOS | 1ª RODADA BRASILEIRÃO SÉRIE B 2021 | ge.globo

As atuações do Botafogo nos dois jogos da final da Taça Rio fizeram com que Marcelo Chamusca abandonasse seu 4-2-3-1 costumeiro e adotasse um 4-3-3 com Ricardinho organizando a saída de bola, Pedro Castro e Romildo mais próximos do ataque. Apesar de manter a bola no ataque e não sofrer muitos sustos, o Glorioso tendia a concentrar suas jogadas pelo lado direito com as boas descidas de Ronald e Warley naquele setor. O posicionamento do Vila Nova (comandado por Wagner Lopes) nas transições ofensivas, por sua vez, obrigava Marco Antônio e Paulo Victor a adotar uma postura mais conservadora no lado esquerdo. Ao mesmo tempo, com tanta gente na frente da área do goleiro Georgemy, a vida do Botafogo ficava mais complicada. Faltava mobilidade ao ataque alvinegro e mais intensidade para sair da retranca do Tigre no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, o simpático OBA, em Goiânia.

Marco Antônio guardava sua posição no meio-campo e liberava Pedro Castro e Romildo para encostarem na dupla de ataque. A formação pensada por Marcelo Chamusca dava mais consistência defensiva, mas deixava o Botafogo “torto” pela direita e facilitava a vida do Vila Nova. Foto: Reprodução / Premiere

Só que a equipe do Botafogo ainda sofre demais com a recomposição defensiva. Há muitos erros no posicionamento corporal dos jogadores que compõem a última linha e muita lentidão nas transições (um dos problemas mais crônicos do time na temporada passada). Há como se compreender o posicionamento de Ricardinho quase que como um “regista”, um volante de criação que organiza e qualifica a saída de bola enquanto Pedro Castro e Romildo tentam dar profundidade e abrir espaços. Não é difícil concluir que as bolas perdidas no meio-campo se tornam quase fatais para o escrete comandado por Marcelo Chamusca. Não era raro ver Kelvin, Henan, Pedro Júnior e Arthur Rezende fechando as linhas de passe do Botafogo na variação para o 4-4-2 quando a equipe de Wagner Lopes estava sem a bola. Além disso, Ricardinho não tinha a velocidade necessária para fechar o espaço na frente de Gilvan e Kanu.

Ricardinho se comportava como uma espécie de “regista” na frente da zaga, mas a equipe do Botafogo como um todo ainda pecava demais na recomposição defensiva. Do outro lado, o Vila Nova fechava as linhas de passe e saía em velocidade assim que recuperava a bola. Foto: Reprodução / Premiere

Por incrível que pareça, a expulsão do volante Deivid ainda no primeiro tempo ajudou a escancarar ainda mais as dificuldades do Botafogo na partida. O lateral-esquerdo Willian Formiga abriu o placar a favor do Vila Nova em belo chute da entrada da área aos sete minutos do segundo tempo. No entanto, a essa altura, Marcelo Chamusca já havia feito a mexida que daria outra cara ao Botafogo. Trata-se da saída de Ricardinho e da entrada de Chay. O camisa 14 se comportou como o meia central do 4-2-3-1 preferido do treinador do Glorioso, mas não se limitou a permanecer no meio-campo. Apareceu no ataque e se movimentou bastante no terço final. Foi de Chay a assistência para Rafael Navarro empatar o jogo aos treze minutos da segunda etapa. No entanto, apesar da impressão de que o Botafogo conseguiria a virada, o placar não foi alterado até o final. E o resultado foi, de certa forma, até justo.

Chay melhorou a produção ofensiva do Botafogo atuando como o meia central do 4-2-3-1 preferido de Marcelo Chamusca. Ao mesmo tempo, Romildo e Pedro Castro (agora mais recuados) ajudaram a empurrar o Vila Nova para seu campo e pressionar o time goiano no segundo tempo. Foto: Reprodução / Premiere

Marcinho e Felipe Ferreira entraram no jogo, mas pouco acrescentaram ao time do Botafogo em termos técnicos e táticos. Por incrível que pareça, o jogador que mais se mostrou em condições de somar foi Guilherme Santos. Lateral-esquerdo de origem, o camisa 32 entrou no meio-campo (como volante) e ajudou a distribuir bons passes, desafogando um pouco Pedro Castro da função e fazendo companhia a Paulo Victor. Essa formação, no entanto, funcionou porque o Vila Nova jogava com dez atletas e pouco ameaçava a meta de Douglas Borges. Contra equipes mais organizadas e intensas nas transições, a probabilidade do Botafogo sofrer é grande. Principalmente por conta da necessidade que Marcelo Chamusca tem de encontrar o melhor desenho tático com tantos jogadores chegando ao time ao mesmo tempo. Mesmo assim, a formação com três volantes mais enfraqueceu o setor ofensivo do que melhorou o passe no meio-campo.

Este que escreve não quer dizer que Marcelo Chamusca escolheu mal o time titular ou errou na formação escolhida para a estreia na Série B. Cada decisão tomada dentro de campo terá consequências e efeitos quase que imediatos no jogo. O velho e rude esporte bretão funciona dessa maneira. A questão aqui é que o Botafogo precisa tomar as decisões certas daqui pra frente. por mais que a competição ainda esteja no começo, os pontos perdidos agora costumam fazer falta lá na frente.

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