Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Marcelo Cabo na vitória sobre o Tombense pela segunda fase da Copa do Brasil
Antes de mais nada, é bom deixar bem claro que o time do Vasco vem evoluindo sim. O técnico Marcelo Cabo conseguiu ser intenso nas suas transições e sempre chegou na área adversária com boas trocas de passe pelo chão, com a boa movimentação do quarteto ofensivo formado por Morato, Marquinhos Gabriel, Cano e Gabriel Pec e com a dinâmica de Galarza na marcação e nas chegadas ao ataque. Mas, como diriam os mais antigos, nem tudo são flores. O escrete vascaíno ainda sofre demais nos cruzamentos para a área e contra o Tombense não foi diferente. Daniel Amorim venceu a zaga duas vezes antes de marcar o gol de honra da equipe mineira. Embora tenham por 2 a 1 e se garantido na terceira fase da Copa do Brasil, o Vasco ainda peca demais na marcação de cada atleta e na chamada “segunda bola”. Os minutos finais da partida desta quarta-feira (7) foram marcados pela mais pura tensão.
Os dois gols marcados no início de cada tempo ajudaram a dar um pouco de tranquilidade ao Vasco num jogo que poderia ter sido resolvido de maneira muito menos complicada. O 4-2-3-1 de Marcelo Cabo funcionava bem com Gabriel Pec, Morato e Marquinhos Gabriel aparecendo bem no terço final e com Léo Matos e Zeca apoiando o ataque o tempo todo. E isso sem falar na saída de bola qualificada a partir dos volantes Andrey e Galarza. Na recomposição defensiva, por sua vez, cada um dos jogadores ocupava seu espaço na intermediária e faziam o sistema de marcação vascaíno funcionar razoavelmente bem. Se Andrey ou Léo Matos saíam no encalço de um dos jogadores do Tombense (nas perseguições mais curtas preferidas de Marcelo Cabo), Morato fechava o setor e cuidava para que as últimas linhas não oferecessem espaços. Ainda falta entrosamento entre os jogadores, mas ele virá com o tempo.
Andrey e Galarza fecham as linhas de passe, Léo Matos sai da sua posição para tentar roubar a bola do jogador do Tombense e Morato se encarrega de fechar o espaço deixado pelo camisa 3 do Vasco. O sistema de marcação proposto por Marcelo Cabo funcionou bem. O problema estava em outro ponto. Foto: Reprodução / TV Globo
Se era difícil chegar na área do Vasco com a bola no chão, a vida do Tombense ficava muito mais fácil a partir do momento em que a equipe mineira empilhava cruzamentos para a área de Lucão. Os zagueiros Ernando e Leandro Castán perderam quase todas para Daniel Amorim a partir de escanteios ou faltas cobradas na direção do “bololô” de jogadores. Tudo por conta do problema crônico de marcação na bola parada já percebido nos jogos contra o Madureira e contra o Fluminense na Taça Guanabara. O frame abaixo mostra o lance em que apenas um jogador do Tombense prende três jogadores do Vasco ao mesmo tempo em que deixam o espaço livre para o zagueiro Matheus Lopes aproveitar a sobra da jogada. Chama também a atenção para o posicionamento corporal de Galarza e dos demais atletas vascaínos no lance. Principalmente de Galarza, que parecia já esperar a sobra para iniciar o contra-ataque.
João Paulo levantou bola na área, Wesley ganhou de Andrey e a bola sobrou para Matheus Lopes na entrada da área. Isso tudo aconteceu quando apenas um jogador do Tombense “segurou” três defensores do Vasco no lance e viam o zagueiro adversário pegar a sobra da jogada na marca do pênalti. Foto: Reprodução / TV Globo
Percebendo que o Vasco sofria demais nos cruzamentos para a área, o técnico Bruno Pivetti desfez seu 4-2-3-1 com a entrada do atacante Rubens no lugar do volante Rodrigo e organizou o Tombense num 4-4-2 mais nítido e com duas referências no ataque. Tudo para explorar os cruzamentos e aproveitar as deficiências da equipe de Marcelo Cabo. O treinador vascaíno, por sua vez, sacou Marquinhos Gabriel e mandou o zagueiro Miranda para o jogo, organizando sua equipe numa espécie de 5-4-1 que mais abriu espaços na frente da área do que ajudou na marcação das duas “torres gêmeas” do Tombense. Tanto que o gol de honra da equipe mineira saiu três minutos depois. João Paulo levantou bola na área, Daniel Amorim aproveitou a indecisão de Ricardo Graça e Leandro Castán no lance e estufou as redes de Lucão. Mais uma vez, o Vasco se complicava por conta de um dos seus problemas mais crônicos.
A entrada de Miranda no lugar de Marquinhos Gabriel mais esvaziou o meio-campo do Vasco do que fortaleceu o sistema defensivo. Daniel Amorim aproveitou a falha de marcação dentro da área vascaína para marcar o gol de honra do Tombense após mais um cruzamento de João Paulo vindo da esquerda. Foto: Reprodução / TV Globo
Este que escreve reconhece que o Vasco vem mostrando uma boa evolução com Marcelo Cabo. A equipe tem criatividade no meio-campo, é intensa nas suas transições e organizada na marcação na frente da sua área. O grande tormento do escrete de São Januário ainda é a bola aérea. É natural que os jogadores ainda precisem de mais tempo para ganhar entrosamento (ainda mais com a chegada de reforços para todos os setores) e para assimilar os conceitos do seu treinador. Só que a atuação da equipe contra o Tombense escancarou mais uma vez que essa é uma das maiores deficiências de um Vasco que ainda busca a sua melhor formação e tenta superar as adversidades dentro e fora de campo. Ernando e Leandro Castán têm tudo para formar uma bela dupla de zaga. Mas precisam se entender na marcação das bolas aéreas. Do mesmo jeito que todo o meio-campo precisa ser mais atento nas sobras de cada cruzamento.
Marcelo Cabo terá tempo para treinar sua equipe e tentar corrigir esse que é um dos grandes tomentos do Vasco nesse início de temporada. Mesmo assim, a evolução técnica da equipe de São Januário é nítida e muito superior às atuações fracas do Brasileirão 2020. Apesar de todos os problemas levantados aqui nesta humilde análise, o saldo é sim positivo. Ainda mais quando nomes como Gabriel Pec e Marquinhos Gabriel jogando tão bem como nessas últimas partidas.
Boa, Vascão! Até a #TerceiraFase! 🚀💢@VascodaGama
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— Portal da Torcida (@portaldatorcida) April 8, 2021
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