Home Futebol Santos dá apenas uma falsa impressão de melhora e sofre com o volume de jogo do Boca Juniors

Santos dá apenas uma falsa impressão de melhora e sofre com o volume de jogo do Boca Juniors

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a segunda derrota do Peixe em duas rodadas da fase de grupos da Copa Libertadores da América.

A saída conturbada de Ariel Holan do comando técnico do Santos escancarou a desorganização do clube e a falta de confiança dos dirigentes no trabalho de um profissional que poderia contribuir demais no crescimento de vários jovens valores da base. Não foi por acaso que o Peixe foi facilmente dominado pelo experiente Boca Juniors na Bombonera e sofreu a sua segunda derrota seguida na Copa Libertadores da América. O compromisso em si já seria bastante complicado diante do que eu e você temos visto nas últimas partidas (mesmo se o argentino ainda fosse o treinador). Ainda que o auxiliar Marcelo Fernandes tenha escalado a equipe sem improvisações e apostado numa estratégia mais simples para encaixar o talento dos mais novos com a experiência de Marinho, Luan Peres, Alison e Pará. O que se viu foi um Santos acuado tentando jogar contra um Boca Juniors agressivo e intenso.

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Antes de mais nada, é bom que se diga que o Santos não apresentou nada além de uma falsa impressão de melhora no primeiro tempo da partida na Bombonera. O início da partida desta terça-feira (27) até nos mostrou uma equipe que marcava a saída de bola no campo do seu adversário inicial com Gabriel Pirani e Marcos Leonardo mais à frente e com Marinho e Lucas Braga trocando de lado em alguns momentos. O problema estava na execução das jogadas. De acordo com os números do SofaScore, o Peixe teve 57% de posse de bola, mas finalizou apenas seis vezes a gol (com apenas uma indo na direção do gol defendido por Rossi). Do outro lado, o Boca Juniors aproveitava muito bem os espaços entre as linhas do escrete de Marcelo Fernandes e levava bastante perigo com bolas longas para Villa e Pavón se lançando às costas de Felipe Jonatan e Pará num 4-3-3 bem organizado e com muita intensidade nos movimentos.

Santos vs Boca Juniors - Football tactics and formations

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Gabriel Pirani e Marcos Leonardo ficavam mais à frente com Marinho e Lucas Braga pelos lados no 4-2-3-1 inicial de Marcelo Fernandes no Santos. No entanto, a equipe da Vila Belmiro foi muito pouco agressiva nas transições e pouco ameaçou o Boca Juniors em toda a partida na Bombonera.

Há quem diga que o Santos melhorou seu desempenho a partir do momento em que Marcelo Fernandes voltou às duas linhas com quatro jogadores na frente da área e parou com as improvisações no meio-campo do Peixe. Este colunista, no entanto, insiste que tudo não passou de uma falsa impressão de melhora por conta do início da partida na Bombonera, com o time forçando o erro na saída de bola e buscando jogar no campo adversário. Se o ataque era muito pouco intenso, as tais duas linhas de quatro não tinham compactação e concediam espaços generosos para as subidas de Tévez, Villa, Pavón e Almendra. Além disso, o posicionamento corporal dos jogadores no frame abaixo também deixa claro que a recomposição defensiva ainda é um dos grandes problemas do Santos nessa temporada. Tomadas de decisão erradas, botes equivocadas e uma certa afobação do jovem escrete santista foram as marcas do jogo desta terça-feira (27).

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O Santos voltou a jogar com duas linhas com quatro jogadores à frente da área, mas sofreu para fechar os espaços na sua defesa. A recomposição lenta e sem intensidade também era outro problema grave de um time desorganizado e sem ímpeto ofensivo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

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Também é preciso dizer que o gol do Boca Juniors no primeiro minuto do segundo tempo praticamente acabou com o ânimo dos jogadores do Santos. Difícil não perceber como a equipe de Marcelo Fernandes sentiu a desvantagem no placar logo depois do intervalo. Mas o lance que podemos chamar de emblemático é o do segundo gol do time comandado por Miguel Ángel Russo. Marinho perde a bola e Tévez recebe o passe na linha do meio-campo às costas de Kaiky (que havia deixado sua posição para tentar recuperar a posse). Mais atrás, Luan Peres não avança com as linhas e dá condição de jogo para o camisa 10 xeneize que parte em direção à área enquanto que Villa e Pavón puxam a marcação santista. Tévez faz o passe para o camisa 22 apenas tocar na saída de João Paulo e fechar o placar na Bombonera. Depois disso, o Santos não teve mais forças para pressionar o adversário. Já não havia mais a falsa impressão de superioridade.

Marinho perde a bola perto na intermediária adversária e inicia e vê Tévez, Pavón e Villa se lançarem às costas da exposta defesa do Santos. O Peixe teve muitos problemas para conter o ímpeto ofensivo do escrete xeneize e pecou demais na organização defensiva. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Por mais que o time do Santos não tenha feito uma boa partida, não há como se colocar a culpa nos jogadores, no auxiliar Marcelo Fernandes ou até mesmo no técnico Ariel Holan. O que se vê no desempenho do Peixe dentro de campo é o retrato perfeito de um clube ainda dominado por facções e que ainda é muito mais passional do que profissional. A maneira como o argentino deixou o comando técnico do Alvinegro Praiano deve sim ser questionada e investigadas, já que estamos saindo da esfera esportiva para a criminal quando ouvimos em intimidações de todo o tipo. Ao mesmo tempo, por mais que alguns insistam (de maneira leviana e até mesmo desonesta) que o trabalho de Ariel Holan ainda estivesse longe do ideal, não havia como o argentino fazer muita coisa com APENAS DOZE PARTIDAS no comando da equipe e com uma série de problemas envolvendo a contratação de reforços e a saída de jogadores importantes.

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Ao se deixar influenciar pelo ambiente nocivo do nosso futebol, o Santos se vê retornando à estaca zero na temporada e em busca de um novo treinador para substituir Ariel Holan. Será um novo processo que será incitado com a chegada do novo profissional e que vai precisar de tempo e paciência para ser implementado num elenco composto por muitos jovens que podem até estar “queimando etapas” na carreira. O Peixe começa a enveredar por um caminho perigoso.

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