Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o time de Zinedine Zidane conteve o ímpeto ofensivo dos Reds em pleno Anfield Road
Que o Real Madrid é um dos maiores clubes da história do futebol mundial, isso ninguém duvida. Tanto que muita gente citou o “peso da camisa” nas duas partidas contra o Liverpool, pelas quartas de final da Liga dos Campeões da UEFA. No entanto, o escrete comandado por Zinedine Zidane foi muito mais do que “apenas” uma camisa. É claro que a experiência adquirida ao longo dos anos ajuda demais em jogos grandes. Mas não se pode nunca fechar os olhos para o excelente jogo coletivo da equipe merengue e para a atuação de jogadores como Benzema, Valverde, Modric, Toni Kroos e (principalmente) Casemiro. O que se viu nesta quarta-feira (14), no Anfield Road, foi uma atuação sólida de um time muito bem organizado pelo seu treinador e que soube como explorar a afobação do seu (fortíssimo) adversário. O Real Madrid é imenso. Mas Zidane provou que tem a equipe na mão. Mais uma vez.
😃🤳⭐ ¡@Casemiro, MVP en Anfield, tiene un mensaje para vosotros! #UCL pic.twitter.com/UzzmOzReRU
— Real Madrid C.F. (@realmadrid) April 14, 2021
Era mais do que natural que o Liverpool iniciasse o jogo se lançando ao ataque para fazer os dois gols que tanto precisava para passar às semifinais da Champions Legaue. Só que o escrete comandado por Jürgen Klopp encontrou um Real Madrid extremamente organizado e consistente na defesa. Casemiro fechava os espaços de circulação de Roberto Firmino, Éder Militão e Nacho Fernández estavam muito atentos na cobertura, Valverde ficava de olho em Sadio Mané e Mendy ficava de olho na movimentação de Salah. No papel, o mesmo 4-3-3 dos donos da casa, mas com uma postura um pouco diferente. Ainda que Courtois tenha realizado duas defesas importantíssimas em chutes de Salah e Milner no primeiro tempo. Kabak e Wijnaldum também desperdiçaram boas chances de abrir o placar, mas não demorou muito para que o Real Madrid começasse a cadenciar o jogo e levar perigo ao gol de Alisson.
O Liverpool iniciou a partida no Anfield Road com as linhas mais altas e pressionando bastante a defesa do Real Madrid. Mesmo criando boas chances de abrir o placar, o escrete de Jürgen Klopp viu o time de Zinedine Zidane levar perigo nos contra-ataques com Benzema e Vinícius Júnior.
Se o Liverpool ameaçava, o Real Madrid também tinha as suas armas ofensivas. Aliás, a organização do escrete merengue é digna de nota. Muita atenção na marcação na frente da área de Courtois, boa movimentação ofensiva com Asensio, Benzema e Vinícius Júnior se movimentando às costas de Alexander-Arnold e Robertson. E os números do SofaScore (ver tweet abaixo) mostram que a equipe comandada por Zinedine Zidane tem muito mais recursos e não pode ser considerado apenas dono de uma “camisa pesada”. O Liverpool pode ter ficado mais com a bola durante a partida (56% de posse) e finalizado 15 vezes. Mas apenas quatro dessas finalizações foram na direção do gol de Courtois. Isso mostra que a marcação do Real Madrid foi muito eficiente (além do fato óbvio de que os Reds não estavam com a pontaria lá muito bem calibrada) e a postura dos jogadores foi a mais acertada.
🆚 #LiverpoolRealMadrid 0-0 | AGG: 1 – 3
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📊 Estatísticas:📈 Posse: 56% – 44%
👟 Finalizações: 14 – 6
✅ Finalizações no gol: 3 – 2
🛠 Grandes chances: 1 – 2
☑️ Passes certos: 508 – 392💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/DuRiLkNJ5V
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) April 14, 2021
Após o intervalo, o técnico Jürgen Klopp abriu o Liverpool com as entradas de Diogo Jota e Thiago Alcântara no lugar do zagueiro Kabak e do veterano Milner respectivamente. Ainda que Courtois tenha feito mais uma bela defesa em chute de Alexander-Arnold, o Real Madrid quase marcou quando avançou as suas linhas aos 20 minutos do segundo tempo. Alisson fez dois milagres em sequência depois de chutes de Vinícius Júnior e Benzema e ainda viu o atacante francês aparecer sozinho dentro da pequena área e desperdiçar mais uma ótima chance. Zidane mandou Rodrygo, Isco e Odriozola para o jogo, mas manteve seu 4-3-3 básico com Modric distribuindo muito bem o jogo, Casemiro praticamente intransponível na frente da zaga e Valverde (que começou o jogo como lateral-direito) fechando o meio-campo. Jogo controlado com muita movimentação inteligente e muita consistência de um time altamente experiente.
Zinedine Zidane mudou peças, mas não alterou seu 4-3-3 básico e nem a postura do Real Madrid num segundo tempo de muitas chances desperdiçadas para os dois lados. Nem as entradas de Thiago Alcântara e Diogo Jota conseguiram mudar o panorama a favor do Liverpool de Jürgen Klopp.
Ficou provado mais uma vez que o Real Madrid tem muito mais do que uma “camisa pesada”. A equipe merengue conseguiu subir de produção na hora certa e ainda conta com boa parte do elenco que conquistou o tricampeonato consecutivo da Liga dos Campeões da UEFA nas edições de 2015/16, 2016/17 e 2017/18. Falo de Sergio Ramos, Benzema e dos jogadores que formam aquela que pode ser considerada como uma das melhores trincas de meio-campo de todos os tempos: Casemiro, Modric e Toni Kroos. Ao mesmo tempo, Zidane prova mais uma vez que é um grande treinador (como se ele ainda tivesse necessidade de fazer isso). Já o Liverpool parece ainda sentir demais os desfalques dos zagueiros Van Dijk, Matip e Joe Gomez. A confiança dos Reds também parece ter ficado abalada com essa queda de rendimento natural de um time que fez o que fez nas temporadas passadas na Premier League e na própria Champions League.
Certo é que o Real Madrid chegou nas semifinais de uma competição que já conquistou 13 vezes ao longo de sua história. A equipe merengue pode não ter mais Cristiano Ronaldo, mas ainda tem boa parte dos jogadores que fizeram história na década passada e a companhia de outros nomes que deram muita consistência ao time. Zidane vê seus atletas crescerem de produção na hora certa. E em se tratando de Liga dos Campeões, isso conta demais.
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