Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como a equipe de Neymar, Mbappé e Mauricio Pochettino segurou o Bayern de Munique
A pergunta do título desta humilde análise tática resume bem o clima após a classificação do Paris Saint-Germain para as semifinais da Liga dos Campeões da UEFA. Será que finalmente chegou a vez de Neymar, Mbappé e companhia? É bem verdade que a equipe de Mauricio Pochettino ainda tem três partidas pela frente antes de pensar em levantar a “orelhuda”. Após a vitória por 3 a 2 no jogo de ida, o PSG conseguiu reuniu aplicação tática e concentração para frear o ímpeto do Bayern de Munique no Parque dos Príncipes. Apesar da derrota por 1 a 0 dentro de casa (com gol de Choupo-Moting aos 40 minutos do primeiro tempo), o escrete francês criou várias oportunidades de balançar as redes de Neuer. Só Neymar acertou a trave três vezes na partida desta quarta-feira (13). Fora os passes e lançamentos distribuídos com açúcar e afeto para Mbappé, Di María e os demais companheiros de PSG.
Hey, vous savez quoi ?
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— Paris Saint-Germain (@PSG_inside) April 13, 2021
Impossível não afirmar que o Bayern de Munique sentiu demais a ausência de Lewandowski nos dois jogos das quartas de final. Não que Choupo-Moting tenha ido mal. Mas fato é que o polonês impões respeito demais nas defesas adversárias. Diante disso, Hans-Dieter Flick manteve seu 4-2-3-1 básico com a entrada do camaronês no comando de ataque, Lucas Hernández como zagueiro ao lado de Boateng e Alaba junto a Kimmich no meio-campo. Só que Mauricio Pochettino sabia que o Paris Saint-Germain iria se lançar ao ataque durante todo o jogo na capital francesa. Com Danilo Pereira improvisado na zaga, o treinador argentino armou sua equipe num 4-4-2 que tinha Neymar como “arco” e Mbappé como “flecha”. E isso sem falar na grande atuação de Di María. O camisa 11 do PSG aparecia no ataque com frequência e vigiava as subidas de Alphonso Davies pelo seu lado com a sua dedicação já bem conhecida.
Hans-Dieter Flick manteve o 4-2-3-1 com Choupo-Moting no comando de ataque e algumas adaptações no Bayern de Munique para surprir as vagas deixadas pelos lesionados. Do outro lado, Mauricio Pochettino fechava o Paris Saint-Germain na frente da área de Keylor Navas e soltava Neymar e Mbappé para o ataque.
Mesmo com apenas 44% de posse de bola, o Paris Saint-Germain sempre chegava no campo adversário com muito volume de jogo. Só no primeiro tempo, o escrete francês finalizou seis vezes (três no alvo). Apenas duas finalizações a menos do que o Bayern de Munique. E a impressão que ficou é que Neymar, Mbappé e companhia não se intimidaram com o poderio ofensivo do adversário em nenhum momento das duas partidas. Ainda que a defesa do PSG tenha falhado no gol de Choupo-Moting e sentido demais a ausência de Marquinhos, o que se viu foi um time que entendeu a proposta do seu treinador e tratou de executá-la com o máximo de perfeição possível. Ainda que a trave tenha parado Neymar (o melhor em campo junto com Paredes e Di María na opinião deste colunista) minutos antes do escrete de Hans-Dieter Flick abrir o placar. A equipe de Mauricio Pochettino também sofria com desfalques, mas mantinha a consistência.
⏰3⃣7⃣ Neymar hits the woodwork 😱
⏰3⃣9⃣ Neymar hits the woodwork 😱
⏰4⃣0⃣ Choupo-Moting puts Bayern in front ⚽️#UCL pic.twitter.com/FKgUGBt7Zz— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) April 13, 2021
O panorama da partida mudou muito pouco depois do intervalo. O Bayern de Munique seguia atacando e pressionando a saída de bola e o Paris Saint-Germain levava muito perigo nos contra-ataques. Aliás, não era difícil notar os espaços no meio-campo do escrete bávaro e a hesitação de Lucas Hernández e Boateng para fazer a linha de impedimento. Hans-Dieter Flick apostou tudo com a entrada do jovem (e promissor) Musiala no lugar de Davies e o deslocamento de Alaba para a lateral. Só que o PSG seguia ameaçando com os belos passes e dribles desconcertantes de Neymar no meio-campo. Seja servindo Mbappé às costas da dupla de zaga ou cadenciando mais o jogo à frente de Gueye e Paredes. Tudo para sair da forte pressão do adversário que ainda buscava o gol da classificação que não veio nem com a entrada de Javi Martínez no Lugar de Choupo-Moting e o “abafa” do atual campeão da UEFA Champions League.
O Bayern de Munique manteve a postura altamente ofensiva no segundo tempo mesmo cedendo espaços generosos no meio-campo. O Paris Saint-Germain também não mudou de estratégia e teve em Neymar o seu principal articulador de jogadas. Todas as jogadas de ataque passavam pelos pés do camisa 10 do escrete francês.
É muito difícil prever o que virá pela frente e o que está reservado para o PSG de Mauricio Pochettino na competição interclubes mais importante do mundo. O que é certo é que o escrete francês ganhou muita confiança depois de eliminar o Bayern de Munique. Não se trata apenas do atual detentor da Liga dos Campeões da UEFA, mas o clube que era tratado como “imbatível” por boa parte da imprensa esportiva após a campanha vitoriosa na edição de 2019/20 (vide o atropelamento em cima do Barcelona de Messi). Ao mesmo tempo em que Neymar vem respondendo as provocações e críticas com ótimo futebol dentro de campo, jogadores como Mbappé, Di María, Paredes e Gueye parecem cada vez mais à vontade com Mauricio Pochettino. Aliás, o treinador argentino também tem seus (muitos) méritos por conseguir dar um pouco mais de equilíbrio entre os setores e potencializar ainda mais o talento das suas grandes estrelas.
Em tempo: você pode estranhar o fato deste colunista eleger Neymar como um dos melhores em campo e ver a nota baixa dada pelo SofaScore na arte abaixo. É preciso ter em mente que os números nem sempre refletem o que aconteceu em campo e que nem sempre os critérios utilizados por este ou aquele site são os mais adequados. Ainda não existe um método perfeito de análise da parte lúdica e da imposição que um jogador do seu quilate fez e faz quando tem a bola nos pés.
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