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Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos comandados de Ariel Holan na estreia da equipe na Libertadores
Foi-se o tempo em que as equipes venezuelanas apenas faziam figuração na Copa Libertadores da América. O futebol, assim como tudo na vida, segue evoluindo e encontrando meios de se adaptar a todo tipo de contexto (mesmo esse de pandemia de COVID-19). É por isso que o time do Santos (composto por vários jovens valores da base) teve que suar um pouco para vencer o Deportivo Lara nesta terça-feira (9), na Vila Belmiro. A molecada comandada por Ariel Holan (e reforçada por nomes mais “experientes” como Soteldo, Luan Peres, Alison e João Paulo) ainda tenta se adaptar aos conceitos trazidos pelo treinador argentino, mas conseguiu aplicar velocidade nas transições e mostrou personalidade para conquistar uma vitória importantíssima dentro dos seus domínios. Ainda mais com tantos jovens em campo e com toda a pressão que o duelo eliminatório da Libertadores já traz consigo. Bom resultado.
Por mais que o Santos tenha vacilado na marcação (com transições defensivas irregulares e uma certa passividade na perseguição dos adversários), é preciso dizer que o Deportivo Lara apresentou boa organização e um plano de jogo consistente. Jogando com uma linha de cinco na frente da área do goleiro Luis Curiel, o escrete comandado por Martín Brignani sabia exatamente o que fazer em campo. A equipe usava mais as ligações diretas, mas ocupava bem os espaços no campo de ataque e circulava a bola buscando Darwin Gómez e Luís Barrios entrando em diagonal. Ao mesmo tempo, Jesus Bueno distribuí bem o jogo e Salazar era incomodava bastante a dupla de zaga formada por Kayki e Luan Peres. O Santos, por sua vez, teve seus bons momentos nos primeiros 45 mintuos com as descidas do garoto Ângelo (de apenas 16 anos) pelo lado direito e com a estrutura de ataque posicional de Ariel Holan.
Mesmo sem mudar muito a estrutura básica que encontrou no Santos, Ariel Holan já começou a implementar seus conceitos na equipe. Contra o organizado Deportivo Lara, o Peixe sofreu um pouco na marcação, mas criou boas oportunidades com o garoto Ângelo criando muitos problemas para España e Sinfontes no lado direito.
É interessante notar como Ariel Holan está colocando seus conceitos em prática aos poucos no Santos. Felipe Jonatan, por exemplo, marcava como lateral (fechando a linha defensiva pelo lado esquerdo quando o Deportivo Lara atacava) e caía por dentro quando o Peixe estava com a posse da bola. Alison (um dos melhores em campo na humilde opinião deste que escreve) se alinhava a Kaiky e Luan Peres com Sandry se posicionando na base da jogada. Mais à frente, Vinícius Balieiro e Soteldo eram os “pontas” na variação para o 3-2-5 com Ângelo vindo um pouco mais por dentro. Marcos Leonardo e Lucas Braga empurravam a zaga do Deportivo Lara para trás (gerando profundidade e abrindo ainda mais espaços na frente da área). Foram três boas chances geradas no primeiro tempo e mais quatro na segunda etapa. Mesmo com o adversário dando sustos na defesa santista nas bolas aéreas e nas ligações diretas para o ataque.
A primeira vitória do nosso professor! ✅ #ChamaOsMlks pic.twitter.com/2mXvSoZV2x
— Santos FC (@SantosFC) March 10, 2021
Por outro lado, este colunista também não compreendeu a saída de Sandry no início do segundo tempo. Mesmo com a vantagem no placar depois do gol de Vinícius Balieiro. Era o camisa 38 quem organizava o meio-campo do Peixe e era um dos mais participativos na criação das jogadas de ataque. Gabriel Pirani demorou para entrar no jogo e o escrete santista não conseguiu transformar a posse de bola em chances de gol até que Anzola empatou a partida após cobrança de escanteio. O gol da vitória do Peixe viria também na jogada de bola parada (que descomplica partidas de futebol desde os tempos de Fergus Suter) com Kayki completando cruzamento de Jean Mota. Ele, Lucas Braga e Gabriel Pirani ainda desperdiçaram boas chances de balançar as redes de Luis Curiel antes do apito final. Mesmo assim, a atuação do Santos (diante de todo o contexto) foi satisfatória e aponta para um crescimento a médio prazo.
Ariel Holan manteve a estrutura básica do Santos no segundo tempo e viu sua jovem equipe construir a vitória com gols de Vinícius Bielieiro e Kayki. Por outro lado, o Deportivo Lara criou problemas nas bolas aéreas e nos passes longos buscando Darwin Gómez na intermediária. Boa vitória do Peixe na Vila Belmiro.
É preciso lembrar sempre que a equipe santista ainda vai oscilar demais nessa temporada. A goleada sofrida no clássico contra o São Paulo é uma prova disso. Afinal, todos os jogadores ainda estão assimilando os conceitos de Ariel Holan e nomes mais experientes como Pará e Marinho estavam fora de ação. Some isso a todo o contexto de pandemia de COVID-19, jogos sem intervalo para descanso e todos os problemas extracampo de um Santos que vem encontrando muitos problemas para reforçar seu elenco. O jeito é recorrer aos jogadores da base. Ângelo mostrou personalidade, Vinícius Balieiro foi muito bem no apoio e Kayki apresentou um potencial enorme de crescimento. Ainda mais quando se nota que as características do jovem zagueiro se encaixam perfeitamente nas ideias de Ariel Holan. Sabe sair jogando com qualidade e passes precisos a partir da intermediária. É acima da média.
Como se vê, o Santos ainda está num período de “transição”, onde os jogadores buscam se adaptar às ideias do “novo chefe”. Mas vale lembrar um ponto da nossa análise sobre os conceitos do técnico do Peixe. Ariel Holan é o tipo de treinador que gosta de trabalhar com atletas da base. O contexto que pareceria complicado para qualquer outro técnico pode acabar gerando bons nomes para um futuro menos complicado no Alvinegro Praiano.
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