Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos Red Devils sobre os comandados de Pep Guardiola em pleno Etihad Stadium
Você já deve estar cansado de ver este colunista escrever que o futebol é a melhor invenção do homem depois do pão de queijo e do sorvete de flocos. Me perdoem ser repetitivo, mas essa é uma afirmação que deve ser encarada quase como um dogma religioso. Principalmente depois do que eu e você vimos no Derby de Manchester, realizado neste domingo (7), no Etihad Stadium. A equipe da casa (o City de Pep Guardiola) vinha de incríveis 21 vitórias seguidas na temporada e era apontada como a grande favorita não somente por causa desses números, mas pelo futebol apresentado nas últimas partidas. Só que o United de Ole Gunnar Solskjaer deu aula de recomposição defensiva, fechou espaços, aproveitou as chances que criou e venceu a partida por dois a zero. Nada como mais um dia maravilhoso no mundo do velho e rude esporte bretão. Ainda mais com vitória diante do maior rival.
All smiles on Sunday 😄
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É impossível não começar falando do primeiro lance da partida, onde Gabriel Jesus cometeu pênalti tolo e desnecessário em cima de Martial (convertido por Bruno Fernandes). Foi a senha para Solskjaer fechar o Manchester United em duas linhas na frente da área do bom goleiro Henderson e bloquear as saídas do rival City. Aliás, não é exagero dizer que Sterling, Mahrez e (principalmente) De Bruyne sofreram com a marcação dos Red Devils e encontraram muitas dificuldades para entrar na área do seu adversário. Ainda mais com Lindelöf, McTominay e Fred (mais uma partida segura do brasileiro) bastante atentos na movimentação do ataque dos Citzens. Vale destacar também que o United também não deixou de atacar. Rashford, Martial e Daniel James exploravam bem o espaço às costas de Rúben Dias e Stones e criaram alguns problemas para Ederson nessa primeira etapa em Manchester.
A vantagem no placar obtida logo no início da partida deu a senha para o Manchester United se fechar na frente da sua área. Mesmo assim, a equipe de Solskjaer não abdicou do ataque e fez um jogo correto e inteligente contra um City que vinha de uma sequência impressionante de vitórias.
Os números do SofaScore mostram (como já era de se esperar) uma superioridade do Manchester City nas finalizações a gol (23 contra oito do United), na posse de bola (65%) e na troca de passes (715 com 90% de acerto). Só faltou mesmo vencer Dean Henderson. O jovem goleiro fez seis defesas em todo o jogo e se tornou um dos melhores em campo no Derby (incluindo a melhor nota do SofaScore). Por mais que Pep Guardiola tenha organizado a sua equipe na metade do primeiro tempo, faltava aquele ímpeto no terço final. Principalmente pelos lados do campo, onde Wan-Bissaka e Luke Shaw marcavam muito bem e ainda contavam com o auxílio dos “pontas” Daniel James e Rashford na perseguição a Sterling e Mahrez. E isso sem falar na atuação mais discreta de Kevin de Bruyne, um dos que mais sofreram com a forte marcação do escrete comandado por Ole Gunnar Solskjaer.
FT | Manchester United win!
The hosts were the dominant side in the 2nd half, but it only resulted in one shot on target after the break, which wasn't enough to threaten United, who doubled their lead in the process.
The gap between the two is now down to 11 points!#MCIMUN pic.twitter.com/9yKk2WeZx8
— Sofascore (@SofascoreINT) March 7, 2021
Quiseram os deuses do futebol que o United fizesse o segundo (em belíssima jogada de Luke Shaw e Rashford) dois minutos depois que Rodri acertou a trave de Henderson. O que se via na prática era uma repetição do primeiro tempo: os Red Devils se fechavam no seu campo, bloqueavam as ações do seu adversário e colocavam velocidade nas transições através das bolas longas na direção de Martial e Rashford. Guardiola ainda tentou dar fôlego novo ao City com a entrada de Foden no lugar de Gabriel Jesus, mas viu Sterling desperdiçar chance incrível numa das furadas mais espetaculares dos últimos tempos. Solskjaer foi mudando peças e congestionando ainda mais o meio-campo nos minutos finais com o claro objetivo de evitar que o Manchester City fizesse o gol que poderia incendiar a partida. No entanto, mesmo com todo o ímpeto dos Citzens, os Red Devils riram por último.
O gol de Luke Shaw foi praticamente uma repetição do que aconteceu na primeira etapa, com o United aproveitando os cochilos defensivos do seu rival no Derby desse domingo (7). Guardiola trocou Gabriel Jesus por Foden, mas viu o City esbarrar na forte marcação do United no segundo tempo.
O resulatdo não apenas deixa o Manchester United na vice-liderança da Premier League. É o tipo de resultado que dá muita confiança para que Bruno Fernandes, Fred, Lindelöf, Wan-Bissaka e companhia encarar as próximas partidas dos comandados de Ole Gunnar Solskjaer. Tanto no “Inglesão” como na Liga Europa. Por mais que o City seja a “equipe da moda” na terra da rainha, é impossível não concluir que a equipe de Ole Gunnar Solskjaer é extremamente competitiva e que sabe se adaptar às circunstâncias de cada partida. Seja contra o adversário deste domingo (7) ou contra qualquer outro adversário. A lição que fica nem é a da superação, mas a certeza de que não existe equipe invencível no futebol mundial. Ainda mais nesse contexto todo específico de pandemia de COVID-19, com jogos seguidos e muita irregularidade em todos os times do planeta.
É verdade que a boa fase do rival City incomoda os torcedores e que o estilo de jogo implementado por Pep Guadiola enche os olhos dos amantes desse esporte magnífico. E é justamente por isso que o resultado desse domingo (7) é emblemático. Não é apenas a superação de uma equipe que se desdobra em campo sem perder a qualidade do seu futebol. É a prova de que ainda há muito em jogo. Seja na Inglaterra como na Europa.
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