Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação dos comandados de Roberto Mancini na estreia pelas Eliminatórias da Copa do Mundo
A Itália sempre foi um gigante no futebol pelas quatro Copas do Mundo conquistadas (nos anos de 1934, 1938, 1982 e 2006) e pela infinidade de grandes jogadores revelados ao longo de tantas décadas. Este que escreve e vários outros torcedores sentiram demais a ausência da Squadra Azzurra no Mundial da Rússia, em 2018. Mas parece que as coisas estão voltando para os trilhos de uma maneira impressionante. A equipe comandada por Roberto Mancini venceu a Irlanda do Norte nesta quinta-feira (25) no Estádio Ennio Tardini, em Parma, e iniciou a sua caminhada rumo à Copa do Mundo do Catar com o pé direito. E vale aqui destacar a desenvoltura com que a Immobile, Insigne, Verratti e companhia construíram o resultado ainda na primeira etapa. Já são 23 jogos sem derrotas e ótimas impressões deixadas dentro de campo. A Squadra Azzurra está voltando, senhores. E com força total.
O primeiro jogo da Itália na temporada de 2021 nos apresentou uma equipe consistente na marcação, intensa nas transições e extremamente móvel e veloz nos contra-ataques. Se Bonucci e Chiellini são garantias de segurança e experiência no miolo de zaga, Marco Verratti deu o tom do meio-campo distribuindo bem as jogadas e acionando o veloz trio ofensivo formado por Immobile, Insigne e Berardi. Este último (atacante do Sassuolo) abriu o placar logo aos 14 minutos de jogo num belo chute de esquerda após receber passe em profundidade de Florenzi pela direita (e às costas de Stuart Dallas e Paddy MacNair). O 4-3-3 de Roberto Mancini ganhava amplitude com o recuo de Locatelli para a zaga e com os laterais avançando para o campo ofensivo. .Tudo para gerar superioridade numérica e bagunçar o 5-3-2 proposto pelo técnico Ian Baraclough na sua Irlanda do Norte
A Itália começou a partida controlando as ações no meio-campo e não permitindo que a Irlanda do Norte ficasse à vontade no Estádio Ennio Tardini. O 4-3-3 de Roberto Mancini era veloz e intenso com (e sem a bola) e o setor ofensivo criou diversos problemas para a equipe comandada por Ian Baraclough.
É bom lembrar que não podia contar com Jorginho, Moise Kean e Bryan Cristante (todos lesionados). Ao mesmo tempo, Barella e Chiesa começaram a partida no banco de reservas por conta das suas condições físicas. Só que a Squadra Azzurra manteve o nível das suas atuações e executou o plano tático de Roberto Mancini com bastante eficiência em todos os setores. Principalmente no primeiro tempo. A Itália chegou a ter 72% de posse de bola e trocou 426 passes com acerto de 91% (números do SofaScore). Foram oito finalizações com cinco indo na direção do gol de Peacock-Farrell (jogador do Bunrley). Essa intensidade toda nas transições pôde ser facilmente percebida no lance do segundo gol italiano (marcado aos 37 minutos). A zaga recuperou a bola na intermediária e Insigne acionou Immobile na esquerda. O camisa 17 recebeu, se livrou da marcação e chutou entre o goleiro irlandês e a trave.
Mas nem tudo são flores na Squadra Azzurra. Com a vantagem de dois gols no placar, a equipe de Roberto Mancini diminuiu o ritmo de maneira perigosa na segunda etapa e quase se complicou quando Locatelli vacilou no recuo de bola e Michael Smith perdeu chance clara na frente de Donnarumma. Ian Baraclough deu mais consistência ao seu time com as entradas de Kyle Lafferty, Shayne Lavery, Jordan Thompson e George Saville. Aos 43 minutos, Paddy McNaier perdeu chance incrível de diminuir o placar e colocar um pouco mais de emoção num jogo que poderia ter sido resolvido de maneira muito mais fácil pela Itália. Apesar da quebra na concentração da Squadra Azzurra no segundo tempo, Immobile, Insigne, Verratti, Bonucci e companhia mostraram que aquela Itália hesitante e sem brilho ficou para trás. A equipe de Roberto Mancini deixou ótimas impressões na partida desta quinta-feira (25).
A Irlanda do Norte melhorou com as mexidas de Ian Baraclough e desperdiçou duas grandes chances de balançar as redes de Donnarumma ainda no primeiro tempo. Roberto Mancini mandou Barella e Chiesa para o jogo e viu a Itália retomar o controle do meio-campo nos minutos finais. Ótimas impressões deixadas pela Azzurra.
A vitória sobre a Irlanda do Norte foi o centésimo jogo do zagueiro Bonucci pela Squadra Azzurra. E ainda houve tempo para a lembrança de Pietro Anastasi, Mauto Bellugi, Mario Corso, Pierino Prati e Paolo Rossi. Todos grandes nomes da Itália que acabaram indo para o “andar de cima” nos últimos meses. A equipe de Roberto Mancini não joga um futebol muito vistoso e nem conta com grandes estrelas do futebol internacional, é verdade. No entanto, um dos grandes pontos positivos da equipe italiana é a competitividade. A união da experiência com a juventude é uma das receitas mais vitoriosas da história do velho e rude esporte bretão. E o que Mancini faz de diferente dos antigos treinadores da Azzurra é organizar seus talentos em campo sem que o time perca equilíbrio. A invencibilidade da Itália chega a 23 jogos. Números impressionantes para quem ficou de fora da última Copa do Mundo.
A sensação que fica é que aquela velha (e altamente competitiva) Squadra Azzurra está voltando com tudo para retomar seu lugar no futebol. Não somente pelas vitórias e boas atuações, mas por ter recuperado o ânimo de outras campanhas vitoriosas. O técnico Roberto Mancini tem sido importantíssimo no trabalho tático e também na construção de uma equipe que já é bem difícil de ser batida. Estamos falando de uma camisa pesada e de muita história.
Era importante iniziare bene. Adesso avanti concentrati per le prossime gare.#WCQ #Qatar2022 #ItaliaIrlandadelNord 2⃣-0⃣ pic.twitter.com/5uBo6P5rrN
— Roberto Mancini (@robymancio) March 25, 2021
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