Home Futebol Corinthians passa pelo Salgueiro sem muitos problemas, mas equipe ainda está bem longe do ideal; confira a análise

Corinthians passa pelo Salgueiro sem muitos problemas, mas equipe ainda está bem longe do ideal; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação do escrete comandado por Vagner Mancini na primeira fase da Copa do Brasil

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação do escrete comandado por Vagner Mancini na primeira fase da Copa do Brasil

A classificação do Corinthians para a segunda fase da Copa do Brasil foi confirmada com a vitória tranquila por 3 a 0 sobre o Salgueiro nesta quarta-feira (17), no Estádio Cornélio de Barros, em Pernambuco. No entanto, apesar da clara superioridade técnica e tática dos comandados de Vagner Mancini sobre o simpático “Carcará do Sertão”, é preciso dizer que o Timão teve uma atuação apenas OK e nada mais. Mesmo com a terceira vitória consecutiva e o sétimo jogo de invencibilidade nessa temporada, a equipe paulista está bem longe de ser empolgante e ainda apresenta alguns problemas crônicos no meio-campo. A única exceção foi Mateus Vital, jogador mais lúcido do Corinthians na criação das jogadas de ataque e o melhor em campo diante do Salgueiro. Suas atuações contrastam com a postura do escrete de Vagner Mancini na maioria das partidas: lento, previsível e pragmático demais.

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Que o torcedor do Corinthians não leve este colunista a mal. A grande verdade é que as últimas atuações do Corinthians nessa temporada não são indicadas para aqueles que aprecia um futebol bem jogado. Tudo bem que o gramado do Estádio Cornélio de Barros não era dos melhores e atrapalhava bastante o toque de bola da equipe de Vagner Mancini (que optou por um time mais “brigador” com Ramiro e Otero no meio-campo e Jô no comando de ataque). Tudo montado no conhecido 4-2-3-1 do treinador do Timão, mas sem a mobilidade necessária para aproveitar os espaços de um Salgueiro que se lançou de maneira desordenada ao ataque após o gol de Jemerson (logo aos quatro minutos de jogo). Ao invés de acelerar nos contra-ataques e explorar os lados do campo, o Corinthians preferiu baixar as linhas de marcação e terminou o primeiro tempo com menos posse de bola do que seu oponente.

Salgueiro vs Corinthians - Football tactics and formations

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Logo depois do gol de Jemerson, Vagner Mancini baixou as linhas de marcação do Corinthians e optou por um jogo mais cadenciado no meio-campo. A opção por um time mais “brigador” era justificada pelo estado do gramado do Cornélio de Barros. Mesmo assim, o Timão poderia ter produzido mais com a bola no pé.

O jogo do Corinthians só ganhava fluidez e velocidade quando a bola chegava aos pés de Mateus Vital. O camisa 22 foi o melhor em campo disparado e, além de ter dado a assistência para Ramiro marcar o segundo do Timão no início do segundo tempo, foi o autor do gol que fechou a vitória da sua equipe no apagar das luzes. Mateus Vital está se transformando num autêntico “ponta-armador”, jogador que a equipe procura há bastante tempo. Além de participar ativamente da criação das jogadas, ele tem no drible a capacidade de abrir as defesas adversárias e força para pisar na área e finalizar a gol. Dos últimos oito gols do Corinthians na temporada, o ex-jogador do Vasco participou de seis. Foram três gols marcados duas assistências e ainda sofreu o pênalti que originou outro. E seu futebol sempre cresce quando joga no mesmo lado de um lateral apoiador. Exatamente o caso de Fábio Santos.

Vagner Mancini só mexeu no Corinthians aos doze minutos da segunda etapa, com a entrada de Gabriel Pereira no lugar de Rodrigo Varanda. Mesmo assim, organizou melhor o sistema defensivo e o Timão levou menos sustos no segundo tempo. O problema, no entanto, é que a atuação da equipe paulista nos 45 minutos finais deixou a mesma impressão da primeira etapa. O desempenho coletivo poderia ser muito melhor. Ainda mais com a defesa mais ajustada e Gabriel bastante atento às bolas lançadas para os atacantes do Salgueiro. Cazares entrou no lugar de Otero (que errou passes demais no meio-campo e se tornou presa fácil para a marcação adversária), mas apenas se movimentou mais no meio-campo corintiano sem participar tanto da criação das jogadas. Acabou que o jogador que seguiu fazendo a diferença foi mesmo Mateus Vital. Muita mobilidade e um belo gol para fechar a noite vitoriosa do Corinthians.

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Corinthians vs Salgueiro - Football tactics and formations

Vagner Mancini trocou peças, mas manteve seu 4-2-3-1 básico no Corinthians. O gol de Ramiro (aos 13 minutos do segundo tempo) deu mais tranquilidade ao time diante de um Salgueiro que encontrou muitas dificuldades para chegar no ataque apesar de ter mais posse de bola. Mateus Vital ainda marcaria um golaço no final da partida.

Quem lê esta análise pode até pensar que este que escreve está de má vontade com Vagner Mancini e o Corinthians. O ponto aqui é bem simples de ser compreendido. A equipe pode produzir muito mais com e sem a bola no pé e ser muito mais incisiva contra seus adversários. Além disso, os resultados positivos jamais podem mascarar o desempenho apenas regular de uma equipe que pode jogar um futebol muito mais eficiente do que o que vem jogando. Mesmo contando com jogadores que vêm entregando muito pouco, casos de Jô e Otero. Por outro lado, a defesa corintiana parece ter se acertado com Gil e Jemerson no miolo da zaga e Gabriel na contenção. E isso sem falar que ainda existe o cada vez mais polivalente Bruno Méndez, zagueiro que se sentiu confortável atuando na lateral. No entanto, a equipe ainda precisa de ajustes em todos os setores. Principalmente no ofensivo, onde Mateus Vital é o único com atuações consistentes.

Outro problema é a falta de uma pré-temporada que seria importantíssima para Vagner Mancini encontrar soluções para todos os problemas do Corinthians dentro de campo. Diante do que se viu na reta final do Brasileirão 2020, a opção por uma formação mais “brigadora” e pragmática até se justifica num cenário em que a cobrança por resultados é muito forte. Mesmo assim, o Timão pode passar por maus bocados contra adversários mais fortes.

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