Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos comandados de Lisca Doido no clássico deste domingo (21)
Não é de hoje que este que escreve elogia o trabalho feito por Lisca Doido à frente do América-MG. O Coelho tem um padrão de jogo muito bem assimilado pelo elenco e jogadores que executam muito bem toda a estratégia proposta pelo treinador. Não é por acaso que a equipe está na Série A do Brasileirão e por muito pouco não ficou com o título da Série B no ano passado. em contrapartida, o Cruzeiro vive momentos de incerteza. Primeiro pelo trabalho ainda em estágio inicial de Felipe Conceição (vale lembrar que essa foi APENAS a sua sexta partida à frente da Raposa) e depois por todo o conjunto da obra. Acabou que o América-MG foi (muito) mais consistente do que a equipe celeste e ficou com a vitória num clássico marcado por polêmicas, mas que não tiram os méritos do escrete comandado por Lisca Doido e nem apagam os problemas crônicos do Cruzeiro comandado por Felipe Conceição.
Um dos grandes méritos de Lisca Doido é a capacidade de encontrar soluções rápidas na sua equipe. Sem poder contar com o zagueiro Messias e o atacante Ademir (ambos sondados por outros clubes), o treinador armou o América-MG num 4-4-2 que trazia Gustavinho e Juninho pelos lados do campo e que deixava Marcelo Toscano mais próximo de Rodolfo no ataque. O Coelho bloequeava bem os espaços e mostrava bastante organização e sincronismo nos seus movimentos dentro da Arena Independência. Do outro lado, Felipe Conceição vem tentando resolver os problemas de um meio-campo que simplesmente não consegue criar jogadas de ataque. A opção pelo 4-3-3 com Adriano na proteção da zaga e Alan Ruschel e Jadson como “volantes/meias” deixou o Cruzeiro sem qualquer força no setor, isolou Marcelo Moreno, Felipe Augusto e Airton e facilitou demais a vida da defesa do Coelho na Arena Independência.
Felipe Conceição tentou dar mais corpo ao meio-campo organizando o Cruzeiro num 4-3-3 com Alan Ruschel e Jadson criando as jogadas, mas só conseguiu tirar a força ofensiva da sua equipe e facilitar a marcação adversária. Já Lisca Doido acertou em cheio no América-MG num 4-4-2 que bloqueava espaços e saía em bloco para o ataque.
Apesar do domínio territorial, o América-MG pecava demais nas finalizações a gol e em algumas tomadas de decisão. Tanto que o goleiro Fábio só fez a sua primeira defesa aos 33 minutos do primeiro tempo, num momento em que os comandados de Lisca Doido já dominavam completamente o meio-campo. No lance seguinte, o lateral-direito Joseph aproveitou sobra dentro da área (em posição de impedimento) e chutou no canto direito para fazer o único gol da partida. Ainda que o lance seja plenamente discutível, fato é que o Coelho já fazia por merecer a vantagem no placar há bastante tempo. Do outro lado, o Cruzeiro sofria com os espaços entre os setores e com a dinâmica colocada por Juninho e Alê no lado esquerdo da defesa celeste. A intensidade e organização que faltavam ao time de Felipe Conceição sobravam no América-MG. Sem exageros. no aspecto tático, Lisca Doido ganhava de goleada.
EU TO MALUCO 😜🤪😜 EU TO NA CHUVA 🌧️🌧️🌧️🌧️🌧️ EU TO MALUCO TO JOSEPHZADO 🐰💚👏🏻😁👏🏻😁É O JOSEPH IRMÃO 😁👏🏻😁👏🏻 ALO AI IRMÃO 📞📞📞📞📞 É O JOSEPH 👏🏻😁👏🏻😁 VAMO EU TO MALUCO 🐰💚🐰💚🐰💚AVISA QUE É GOL DO JOSEPH!#CoelhãoSérieA#PraCimaDelesCoelho #SomosSparta pic.twitter.com/vLB0wRHGwF
— América FC (@AmericaFC1912) March 21, 2021
Mas é preciso dizer que o Cruzeiro melhorou na segunda etapa com as entradas de Marcinho, Matheus Barbosa e Breno José nos lugares de Alan Ruschel, Jadson e Airton. A equipe celeste passou a levar vantagem nos duelos no meio-campo e ocupou mais o campo de ataque. No entanto, faltava o acerto no passe e a concentração necessária para tomar as melhores decisões quando os jogadores entravam na área do goleiro Matheus Cavichioli (que fez pelo menos três defesas complicadas nos 45 minutos finais). Lisca Doido respondeu com as entradas de Zé Ricardo, Flávio, Leandro Carvalho, Diego Ferreira e Léo Passos. O 4-4-2 foi mantido, mas o meio-campo do América-MG ganhou consistência e força nas perseguições individuais curtas preferidas de Lisca. Felipe Conceição, por sua vez, ainda tentou um “abafa” final com as entradas de Rafael Sóbis e William Pottker, mas sem muito sucesso.
O Cruzeiro melhorou no segundo tempo com as entradas de Matheus Barbosa e Marcinho, mas esbarrou na própria falta de concentração nos momentos decisivos. Lisca Doido trocou peças e manteve o 4-4-4 básico com mais força e consistência no meio-campo. Tudo para conter o ímpeto ofensivo do seu adversário na Arena Independência.
Ainda haveria tempo para o árbitro Emerson de Almeida Ferreira expulsar o lateral-esquerdo Matheus Pereira e o zagueiro Eduardo Brock e para Léo Passos desperdiçar ótima chance de marcar o segundo do América-MG em pênalti bisonhamente cobrado. Mesmo assim, a vitória dos comandados de Lisca Doido foi justa. O Coelho trabalhou melhor a bola, teve volume de jogo, soube se adaptar melhor às situações que a partida pedia na Arena Independência e jamais abdicou do ataque (embora tenha adotado uma postura mais reativa no início do segundo tempo). Já o Cruzeiro ainda segue meio sem rumo nessa temporada de 2021. Sempre é bom lembrar que Felipe Conceição fez a sua SEXTA PARTIDA no comando da Raposa e ainda busca a melhor formação para a equipe encarar os (muitos) desafios que terá pela frente. O principal deles é a retomada da confiança de alguns jogadores. Principalmente os mais jovens.
América-MG e Cruzeiro vivem momentos bem diferentes nessa temporada. O primeiro colhe os frutos do ótimo trabalho feito por Lisca Doido na temporada passada e pinta como uma das equipes que pode dar trabalho ao Atlético-MG no Campeonato Mineiro. Já o segundo pode e deve aproveitar a paralisação nas atividades para refletir muito sobre o que deve ser feito dentro e (principalmente) fora de campo. A Raposa anda completamente sem rumo e isso não vem de hoje.
QUE VITÓRI🅰️, MEUS AMIGOS!!!! 💚💚#AFCxCRU #CoelhãoSérieA#PraCimaDelesCoelho #SomosSparta pic.twitter.com/5HyVU1KXsA
— América FC (@AmericaFC1912) March 21, 2021
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