Home Futebol Alemanha vence, mas sofre com a aplicação tática de uma Romênia surpreendentemente organizada

Alemanha vence, mas sofre com a aplicação tática de uma Romênia surpreendentemente organizada

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o segundo triunfo da equipe de Joachim Löw nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o segundo triunfo da equipe de Joachim Löw nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022

Este colunista já havia escrito em outra oportunidade que o caminho das seleções mais tradicionais do Velho Continente não está tão fácil como antigamente nessas Eliminatórias. A vitória mais suada do que o normal da Alemanha sobre a Romênia se encaixa perfeitamente nessa tese. Não que a equipe de Joachim Löw tenha feito uma partida ruim. O escrete germânico fechou espaços, colocou intensidade nas transições, teve 67% de posse de bola e finalizou 18 vezes durante os noventa e poucos minutos (números do SofaScore). Só que a equipe comandada por Mirel Radoi mostrou muita organização para fechar espaços na sua defesa e bloquear os passes (sempre precisos) dos volantes Kimmich, Gündogan e Goretzka. E quando a bola chegava no ataque alemão, o goleiro Florin Nita (o melhor em campo na humilde opinião deste que escreve) se destacava com grandes defesas. Foram oito no total. Algumas delas de cinema.

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É bem verdade que Joachim Löw reencontrou a melhor formação para a Alemanha (depois de um período grande de incertezas e turbulências à frente da Nationalelf) num 4-3-3 que constrói as jogadas de ataque com um volume de jogo impressionante. Neuer, Kimmich, Gortezka, Gnabry e Sané (talentos do Bayern de Munique) se juntam a Gündogan (“volante artilheiro” do Manchester City) e Havertz (atacante do Chelsea) numa formação que traz o perde-pressiona bem característico do escrete bávaro. O gol marcado logo aos 16 minutos de partida deixou a impressão de que a Alemanha “passaria o carro” por cima de mais um adversário (tal como aconteceu contra a Islândia na primeira rodada das Eliminatórias). Só que a Romênia mostrou uma aplicação tática imensa se fechando em duas linhas com quatro jogadores e bloqueando bem o meio-campo alemão. Destaque para a grande atuação do goleiro Florin Nita.

Romenia vs Alemanha - Football tactics and formations

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A Alemanha de Joachim Löw constrói suas jogadas de ataque com volume de jogo impressionante a partir dos volantes Kimmich, Goretzka e Gündogan e abriu o placar logo aos 16 minutos com Gnabry completando passe de Harvertz. A Romênia, por sua vez, se defendia com muita aplicação na frente da sua área e ainda arriscava alguns contra-ataques.

Se a Alemanha ocupava o campo de ataque e aplicava a conhecida pressão pós-perda (com clara inspiração no Bayern de Munique de Hans Dieter-Flick), a Romênia de Mirel Radoi adotava uma postura mais pragmática. Tudo para que o meio-campo acionasse rapidamente o ataque formado por Florin Tanase, Claudiu Keseru, Valentin Mihaila e Ianis Hagi (filho da lenda Gheorghe Hagi). No papel, um 4-2-3-1. Na prática, um 4-4-2 que tentava bloquear as subidas de Klostermann pela direita (enquanto Emre Can guardava a sua posição no outro lado) e tentava conter as entradas de Havertz e Sané em diagonal buscando Gnabry. Só que a Romênia criou vários problemas para a Alemanha durante toda a partida. Keserü, Mihaila e Chiriches tiveram boas chances de abrir o placar antes do gol da Alemanha. A equipe de Mirel Tadoi pode ter sido completamente dominada, mas mostrou personalidade ao tentar sair desse domínio.

Tanto que a segunda etapa nos apresentou uma Romênia um pouco mais incisiva e que tentou atacar mais seu forte adversário. Mirel Todai deu um pouco mais de consistência ao meio-campo da sua equipe com as entradas de George Puscas, Alexandru Cicaldau, Dennis Man e Alexandru Maxim reforçando a marcação e explorando bem as costas da linha defensiva da Alemanha. É bom lembrar também que o lado esquerdo da defesa da Romênia ganhou mais segurança com Andrei Burca. A Alemanha seguiu dominando as ações do jogo na Arena Nacional de Bucareste, mas passou a sofrer um pouco mais com os contra-ataques do seu adversário. Joachim Löw, por sua vez, mexeu na Alemanha apenas aos 31 minutos do segundo tempo, com a entrada de Timo Werner no lugar de Havertz, mas sem mudar muito o panorama da partida. Mesmo com Puscas, Maxim e Stanciu ainda apareceram na área de Neuer com certo perigo nos acréscimos.

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Alemanha vs Romenia - Football tactics and formations

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O escrete germânico manteve o controle do jogo no segundo tempo, mas sofreu um pouco mais com as investidas da Romênia. O técnico Mirel Todai melhorou o desempenho da sua equipe com as entradas de Puscas, Cicaldau e Maxim além da mudança para uma postura um pouco mais incisiva nos minutos finais.

Joachim Löw percebeu que a Romênia ameaçava mais nos minutos finais e fez mais duas mexidas com o claro objetivo de esfriar o jogo na Arena Nacional de Bucareste. Os números do SofaScore mostram um domínio completo da Alemanha em quase todos os quesitos. Por outro lado, é preciso reconhecer que a equipe de Mirel Radoi criou problemas para o escrete germânico. Principalmente no segundo tempo, quando Gnabry, Sané e companhia diminuíram o ritmo intenso dos primeiros 45 minutos. Não é exagero afirmar que a Alemanha poderia ter vencido por uma margem maior de gols. No entanto, a impressão deixada após o jogo foi a de que os comandados de Joachim Löw poderiam ter se complicado diante de um adversário extremamente organizado e muito aplicado taticamente. Aliás, essa será uma tônica nessas Eliminatórias da Copa do Mundo na Europa. As equipes tradicionais vão encontrar muito mais dificuldades.

A Alemanha não deve encontrar muitas dificuldades para se garantir na Copa do Mundo de 2022. Ainda mais com o escrete germânico repetindo a estratégia do Bayern de Munique para impor seu estilo e vencer seus adversários. Mesmo com as seleções do “segundo escalão” do Velho Continente mostrando um bom desempenho nessas primeiras rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundo. Mas é impossível não perceber que as coisas estão mais complicadas do que eram há alguns anos.

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