Clube paulista avança para a 3ª fase nos pênaltis contra time da 4ª divisão
Era o jogo entre um time da Primeira Divisão contra outro da Quarta. Um teve a bola em 61% do tempo, deu 14 finalizações (contra 8), sendo sete de dentro da área e outras sete de fora. No alvo foram 3 (contra 2), precisou fazer menos falta, 20 (contra 22) e obrigou o goleiro adversário a fazer uma defesa a mais: 2 a 1.
Era o jogo entre um time da Primeira Divisão contra outra da Quarta. O gramado era ruim para os dois, mas um trocou 401 passes com 80% de acerto. O outro, 245 com apenas 69% de acerto. Um acertou 31% dos cruzamentos (contra 17%). Um tentou 26 dribles e acertou 65%. O outro tentou 14 e completou 57%.
Era o jogo entre um time da Primeira Divisão contra outro da Quarta. Um perdeu menos a bola (124 a 128), ganhou os duelos (66 a 62).
Os números do @sofascore explicam o melhor futebol do Retrô. O empate em 1 a 1 ficou barato para o Corinthians, que só avançou por causa das bolas paradas: a disputa nos pênaltis e o gol de falta de Otero.
Aliás, foi na única função de Kicker que o venezuelano pôde se transformar no melhor corintiano em campo. Assim, foram dois escanteios de perigo e ainda teve a cobrança de falta na cabeça de Gil que Jémerson não conseguiu completar pro gol.
De quem era a ideia de jogo?
O Corinthians prometia se impor. Vagner Mancini quis escalar um meio-campo mais leve com Cazares e Otero para atacar. Gabriel, teoricamente, seria o único com características de mais marcação.
Com dois jogadores de profundidade, Varanda, pela esquerda e Mosquito, na direita, começou atacando com 5 jogadores e logo aos 4 minutos teve boa chance em troca de passes, o toque de Varanda e o chute do Mosquito. Depois, em outra troca, Varanda teve oportunidade, mas Del’Amore tirou.
O grande recado do Retrô foi mostrar que, no futebol de hoje, quem tem uma ideia de jogo e está bem treinado pode complicar mesmo diante de um time com mais qualidade técnica, e olha que estamos falando desse elenco atual do Corinthians.
O time pernambucano partia para o ataque com movimentação, especialmente de Gelson entre as linhas. Numa troca de posição, Mayco Felix deixou o camisa 8 livre na cara do Cássio, que o Gigante salvou antes da marcação de impedimento. Era o sinal amarelo.
Depois do gol do Otero (finalmente!), de falta, o time baixou a linha de marcação e seguiu levando sustos. Não que Cássio estivesse salvando, mas o time centenário, acuado, via o adversário atrevido, criado em 2016, circulando a bola como gente grande, que sabe o que faz, bem treinado, explorando as deficiências do adversário multicampeão. Se tivesse mais qualidade técnica, o Retrô teria complicado ainda mais para o Corinthians na Copa do Brasil.
Com a bola em movimento, Mosquito era quem melhor jogava. Ao seu estilo, é verdade. Cabeça baixa, acionando o turbo e levando a bola pra linha de fundo. Ele e Otero se esforçaram demais para ajudar na marcação, já que Cazares, que nunca teve esse cacoete, e Jô não conseguiam diminuir a saída de bola pernambucana. Um combate curto que fosse. Nada.
Retrô x Atrasado
A entrada de Ramiro deu consistência clara ao meio-campo. Não espantem com o que vou falar, mas Ramiro conhece mais essa dinâmica de marcar e atacar do que Cazares. Um não sabe fazer a do outro. Mancini errou na escalação. E errou mais em escalar dois jogadores no meio que não são da função.
Corrigido o erro, o Corinthians passou a controlar mais as jogadas. Perigo apenas com as cobranças de Otero. Ah, poderia ter vencido no tempo normal, poderia. Mas não conseguiu aproveitar as oportunidades e o Retrô, também numa bola parada, empatou. E empatou porque Jô não conseguiu acompanhar a movimentação de Mayco Felix. De novo: escanteio, bola parada, tudo definidinho e o Jô não conseguiu chegar no adversário.
A vitória nos pênaltis é aquele “não fez mais do que a obrigação”. Fábio Santos reconheceu ao Sportv que o time jogou mal e que o elenco precisa ser “qualificado”. Mais do que isso, o Corinthians precisa mostrar mais futebol com campo bom ou ruim.
Afinal, o que Mancini quer desse time? Falar em renovação é bobagem porque de novidade só teve o Varanda, pois o Piton já está lá desde o ano passado. No dicionário, retrô é um adjetivo de algo que imita o estilo, uma moda, de um passado próximo. Mas o que se viu, foi um Retrô moderno, contra um gigante secular e atrasado.
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