Home Futebol Quebra de jejuns e atuação coletiva impecável: Everton de Richarlison tem noite mágica no Anfield Road

Quebra de jejuns e atuação coletiva impecável: Everton de Richarlison tem noite mágica no Anfield Road

Luiz Ferreira analisa a vitória dos comandados de Carlo Ancelotti sobre o Liverpool em jogo válido pela Premier League na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Luiz Ferreira analisa a vitória dos comandados de Carlo Ancelotti sobre o Liverpool em jogo válido pela Premier League na coluna PAPO TÁTICO

A vitória do Everton de Carlo Ancelotti sobre o Liverpool de Richarlison é um daqueles feitos que serão lembrados por muito tempo pelos amantes do velho e rude esporte bretão. Não se trata “apenas” da quebra do jejum de vitórias sobre o maior rival (dez anos) e pelo primeiro triunfo em Anfield Road desde 1999 (!!!), mas pela maneira como o resultado foi construído. A começar pelo goleiro Pickford (herói para os Toffes e vilão para os Reds por ter provocado a lesão que tirou Van Dijk dos gramados), com grandes e importantíssimas defesas, passando pela fibra de Michael Keane na zaga, a categoria de Richarlison no comando de ataque e por todo o trabalho de Ancelotti à beira do gramado. A noite deste sábado (20) vai ficar marcada pela superação e pela atuação coletiva impecável do Everton diante de um Liverpool que vai caindo pelas tabelas. Uma noite simplesmente mágica.

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Impossível não começar falando do belo gol de Richarlison (marcado logo aos três minutos de partida). James Rodríguez achou o brasileiro se lançando às costas de Henderson (justamente o volante improvisado na zaga do Liverpool) após bola rebatida no meio-campo. Depois disso, Carlo Ancelotti recuou as linhas do Everton e tentou controlar os espaços à frete da área defendida por Pickford num 5-3-2 bem organizado e que ainda tinha saída muito veloz nos contra-ataques. Do outro lado, o Liverpool tentou se impor na base do conhecido volume de jogo, mas acabou esbarrando na falta de pontaria, na atuação mais apagada de Salah e nas grandes defesas do (ótimo) goleiro dos Toffes. Além disso, a saída de Henderson (lesionado) só ajudou a escancarar ainda mais os problemas que Jürgen Klopp vem enfrentando para montar sua equipe nessas últimas semanas. A vida do Liverpool não anda fácil.

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Everton vs Liverpool - Football tactics and formations

Carlo Ancelotti trouxe Coleman para jogar como ala pela direita e fechou o Everton num 5-3-2 que negou espaços e ainda levou perigo nos contra-ataques. O Liverpool tentou se impor na base do volume de jogo, mas esbarrou na grande atuação do goleiro Pickford e sofreu com a atuação mais discreta de Salah.

É bem verdade que a fase do Liverpool não é das melhores. Em parte por conta das lesões de nomes importantes como Van Dijk, Matip, Joe Gomez e (agora) Henderson, e em parte por conta da oscilação natural nas atuações. É praticamente impossível manter o nível atingido no ano passado por muito tempo. Ainda mais nesse contexto todo especial de pandemia de COVID-19, estádios sem (ou com pouco) público e de pouco tempo de descanso. Mesmo assim, o Everton fazia jogo correto e honesto dentro das suas possibilidades e executava a estratégia de Carlo Ancelotti com muita disciplina e dedicação. E vale lembrar aqui que os Toffes não abriram mão do ataque em momento nenhum. Richarlison (jogador que cresceu demais sob o comando do italiano) foi tormento constante para a dupla de zaga formada por Nathaniel Phillips e Ozan Kabak. Fora toda a intensidade aplicada pelos Toffes na marcação.

A segunda etapa começou como terminou a primeira. O Liverpool se lançou com ainda mais força ao ataque, mas o fazia de maneira desordenada e sem a movimentação inteligente que foi a marca dessa equipe não faz muito tempo. Méritos de Carlo Ancelotti na estratégia e nas substituições. Sigurdsson ajudou a cadenciar mais o meio-campo e Carvert-Lewin se juntou a Richarlison para puxar os contra-ataques e aproveitar a afobação da dupla de zaga dos Reds. Numa arrancada do “Pombo”, o camisa 9 dos Toffes foi tocado dentro da área (em penalidade discutível, mas que existiu na visão deste que escreve). O islandês não se intimidou com Alisson e marcou o gol que daria números finais à partida e colocaria fim no jejum de vitórias do Everton sobre seu maior rival. Carlo Ancelotti deu aula de leitura de jogo e conseguiu fazer sua equipe competir contra um adversário muito mais qualificado.

Liverpool vs Everton - Football tactics and formations

As entradas de Sigurdsson e Calvert-Lewin deram mais consistência ao Everton enquanto que o Liverpool ia se desmanchando aos poucos. O gol do islandês foi um dos pontos altos de uma equipe que entendeu bem os conceitos de Carlo Ancelotti e que cresceu nos momentos certos. E isso sem falar na atuação mágica de Pickford.

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O feito do Everton de Carlo Ancelotti é imenso. Não somente pela quebra do jejum de vitórias sobre o maior rival e pelo primeiro triunfo em Anfield Road desde 1999. Mas pelo conjunto da obra. É verdade que o Liverpool passa por uma crise muito grande com apenas duas vitórias nos últimos dez jogos na Premier League (números muito ruins para quem liderava o “Inglesão” com uma certa folga até o Natal de 2020). Por outro lado, os Toffes mostraram muita consistência e uma concentração absurda para encaixar os movimentos defensivos, fechar espaços e explorar os (muitos) problemas do seu adversário no Merseyside Derby deste sábado (20). Richarlison foi importantíssimo no ataque (fazendo o primeiro gol e iniciando a jogada do segundo), James Rodríguez foi impecável no meio-campo e Pickford foi simplesmente perfeito debaixo das traves. E Carlo Ancelotti foi preciso na estratégia. Mais uma vez.

A vitória sobre o Liverpool significa muito para o torcedor do Everton. Pela quebra dos jejuns e pela subida na tabela da Premier League. Mas principalmente pela certeza de que o time da terra dos Beatles pode chegar muito longe nessa temporada. Os Toffes estão a apenas dois pontos da zona de classificação para a Liga Europa e a três da zona de classificação para a próxima Champions League. O resultado deste sábado foi sim um feito imenso.

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