Home Futebol Hulk chega para ser referência num estrelado Atlético-MG, mas o tempo de adaptação será fundamental

Hulk chega para ser referência num estrelado Atlético-MG, mas o tempo de adaptação será fundamental

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa como o novo reforço do Galo deve se encaixar na equipe de Jorge Sampaoli

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa como o novo reforço do Galo deve se encaixar na equipe de Jorge Sampaoli

A chegada de Hulk ao Atlético-MG foi a primeira contratação de grande impacto feita por um clube brasileiro nesse ano de 2021. Jogador com ampla experiência internacional e com participação em Copa do Mundo no currículo, o agora camisa 7 do Galo Forte e Vingador pode ser considerado a peça que faltava ao escrete comandado por Jorge Sampaoli. Mas não jogando na mesma posição em que brilhou no Porto ou no Zenit. Suas atuações nas últimas quatro temporadas pelo Shanghai SIPG nos apresentaram um jogador que ainda tem muita força física para arrancar em direção ao gol, mas que se comporta muito mais como um atacante de movimentação do que exatamente como um “ponta”. São esses e outros fatores que levam este que escreve a acreditar que Jorge Sampaoli vá aproveitar Hulk jogando como referência móvel no Atlético-MG construído de modo a aproveitar as suas principais características.

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Nem é preciso dizer que Hulk não é o mesmo jogador dos tempos de Porto (clube onde conquistou seus títulos de maior expressão. Jogando ao lado de nomes como Falcao García, João Moutinho e Fredy Guarín, o então camisa 12 dos Dragões se destacou atuando pelo lado direito de ataque num 4-3-3 extremamente móvel e intenso montado por André Villas Boas no início da década passada. hulk usava sua força física e velocidade para cortar para dentro e aproveitar seu fortíssimo chute de perna esquerda e abrir espaços para as chegadas dos seus companheiros de equipe. Não é exatamente um goleador (até por conta do seu posicionamento), mas é o tipo de jogador que sabe criar chances de gol e abrir espaços. Além disso, é interessante notar que Hulk jogou mais ou menos na mesma faixa de campo nas suas quatro temporadas no Shanghai SIPG. Sempre ocupando mais o lado direito e cortando para dentro.

Por outro lado, toda avaliação deve levar em consideração as condições físicas de Hulk após quatro temporadas jogando na China, país onde o nível de exigência ainda está bem abaixo daquilo que eu e você vemos aqui por estas bandas. Além disso, se formos analisar os mapas de calor do ótimo SofaScore (no tweet acima), não é difícil concluir que o agora camisa 7 do Atlético-MG não tem mais a mesma movimentação dos seus tempos de Porto e Zenit. É possível dizer que Hulk foi muito mais um “camisa 10” ou um atacante de movimentação do que propriamente um “ponta” ou um homem de referência. Vale lembrar que o último ano não foi feliz para ninguém no mundo do futebol por conta da pandemia de COVID-19 e que todas as equipes do mundo ainda estão se adaptando ao novo contexto. E isso sem mencionar o fato de que Hulk fez apenas 21 partidas (com oito gols marcados) na última temporada.

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A última partida oficial de Hulk aconteceu no dia 25 de novembro do ano passado, quando o Shanghai SIPG foi eliminado da Liga dos Campeões da Ásia pelo Yokohama Marinos de Erik e Marcos Júnior. Além da falta de ritmo, o camisa 7 do Atlético-MG vai precisar lidar com o peso da idade. Aos 34 anos, Hulk não é mais o mesmo dos tempos de Porto, Zenit e Seleção Brasileira (onde conquistou a Copa das Confederações de 2013 jogando com Fred, Oscar e Neymar no 4-2-3-1 costumeiro de Luiz Felipe Scolari). A força física e o potente chute de perna esquerda ainda estão lá, mas a velocidade já não é mais a mesma e o nível das suas atuações caiu um pouco com o passar dos anos. É exatamente por isso que este que escreve enxerga Jorge Sampaoli utilizando hulk mais próximo da área ainda que com algum espaço para cortar para o meio e concluir a gol como nos seus melhores anos.

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A primeira pergunta a ser respondida aqui é como Hulk pode se encaixar no jogo posicional de Jorge Sampaoli agora que sabemos que o atacante já sente o peso dos seus 34 anos e que as antigas arrancadas ficaram mais raras. A solução pode estar no 4-3-3 utilizado por Jorge Sampaoli em várias partidas do Brasileirão tendo em Hulk o atacante que sai (um pouco) da área e abre espaços para as chegadas de Eduardo Sasha (pelo menos enquanto Keno se recupera de lesão) e Savarino em diagonal. Não chega a ser uma referência móvel, já que o camisa 7 precisa de espaço para atacar , mas também não é alguém que vá ficar mais fixo na frente dos zagueiros. Ainda mais com a predileção de Sampaoli por jogadores que se movimentem bastante e coloquem muita intensidade nas transições dentro do seu planejamento para cada partida. Hulk terá que ter tempo para se adaptar a todos esses conceitos.

Atletico-MG - Football tactics and formations

Jorge Sampaoli pode usar Hulk como uma espécie de referência móvel no seu jogo posicional sem que a equipe do Atlético-MG fique dependente dos seus chutes e das suas arrancadas. O camisa 7 vai precisar de um tempo um pouco maior para se adaptar aos conceitos e ao nível de intensidade exigido pelo argentino.

É preciso deixar bem claro que esta análise é apenas um exercício de imaginação e que Jorge Sampaoli já deve saber como utilizar Hulk dentro do seu jogo posicional. Ao mesmo tempo, existe a possibilidade do camisa 7 render jogando na posição onde se sente mais confortável (saindo da direita para dentro). Mesmo assim, o treinador atleticano vai precisar de tempo para encontrar a formação e o posicionamento que melhor explore os talentos do novo reforço. A experiência internacional, seu estilo de mais explosão e a ausência de um jogador que seja a tão desejada referência móvel de Sampaoli são pontos favoráveis à chegada de Hulk. A única dúvida reside nas suas condições físicas, na falta de ritmo de jogo e na maneira como ele irá se adaptar aos conceitos do treinador argentino e num contexto que envolve jogos pelos já desgastados campeonatos estaduais e um calendário completamente insano.

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Sim, há como a relação entre Hulk e Atlético-MG dar muito certo a médio e a longo prazo. Mas será preciso paciência para que a adaptação transcorra sem maiores críticas e sem tanta pressão pelo menos num primeiro momento. Até mesmo para que Jorge Sampaoli também encontre a melhor formação para acomodar as características do seu novo reforço. É jogador que chega para ser líder e referência sem sombra de dúvidas.

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