Gostem ou não, alterações táticas de Rogério Ceni melhoraram o desempenho do Flamengo; entenda
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação de Gabigol, Arrascaeta e companhia sobre o Corinthians de Vagner Mancini
Este que escreve já utilizou o TORCEDORES.COM para criticar as escolhas de Rogério Ceni mais de uma vez nas últimas semanas. Principalmente no encaixe das características de cada jogador do Flamengo dentro do seu plano de jogo. Só que chegou a hora deste colunista se render à realidade dos fatos e reconhecer que o treinador rubro-negro conseguiu sim melhorar o desempenho da sua equipe. Gostem dele ou não, precisamos admitir que Rogério Ceni fez alterações táticas que foram determinantes nas vitórias sobre o Grêmio (no dia 28 de janeiro) e sobre o Corinthians, em partida realizada neste domingo (14). É lógico que o treinador ainda precisa fazer diversos ajustes na equipe (como vamos ver a seguir), mas acreditar que “os jogadores resolveram se organizar em campo e ignorar as instruções do técnico” chega a ser desonesto. Ainda mais diante de tudo que o Flamengo apresentou nesses últimos dias.
A grande sacada de Rogério Ceni na virada sobre o Grêmio foi a mudança do 4-2-3-1 para o 4-4-2, com Bruno Henrique se aproximando de Gabigol no comando de ataque e Arrascaeta como meia pelo lado esquerdo. Tudo para aproveitar os espaços que surgiam na defesa gremista (que tende a fazer perseguições mais longas dos adversários). Contra o Corinthians, no entanto, a mudança foi diferente. O Fla havia entrado em campo organizado nesse mesmo 4-4-2 mencionado anteriormente. Apesar de controlar as ações no primeiro tempo, o escrete rubro-negro concedia demais na frente da última linha e falhava demais na compactação das suas linhas. O gol marcado por Léo Natel foi um “combo” de erros”. Desde o posicionamento ruim de Willian Arão, passando pelo bote errado de Diego em Araos e chegando nos problemas de cobertura dos laterais. Everton Ribeiro, Gerson e Arrascaeta pouco auxiliavam na marcação.
Willian Arão não fecha o espaço, Diego Ribas dá o bote errado em Araos e Everton Ribeiro, Gerson e Arrascaeta pouco ajudavam na marcação. O Flamengo sofreu com a falta de compactação na frente da sua área e com a movimentação do ataque do Corinthians no primeiro tempo. Foto: Reprodução / TV Globo
Vale destacar aqui que o gol marcado por Willian Arão deu a falsa impressão de que o Flamengo não teria muitos problemas para vencer o Corinthians. Não foi por acaso que Vagner Mancini organizou sua equipe com Otero voltando quase como um ala pela esquerda e com muita velocidade nas transições. Tudo para bloquear as subidas de Isla e Everton Ribeiro e aproveitar esses espaços que surgiam entre a defesa e o meio-campo. Faltou um pouco mais de ousadia e acerto nos passes para vencer um oponente que tinha mais técnica e qualidade individual, mas que não estava totalmente organizado. Ainda mais com Filipe Luís apresentando certa dificuldade no encaixe da marcação em cima de Gustavo Mosquito. Mesmo assim, o Flamengo tinha muito volume de jogo e criava boas chances de gol. Mas o grande “pulo do gato” viria após o intervalo a partir da leitura de jogo precisa de Rogério Ceni.
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #FLAxCOR 2-1
⚽️| Willian Arão e Gabriel Barbosa
⚽️| Léo Natel
——
📊 Estatísticas:📈 Posse: 66% – 34%
👟 Finalizações: 14 – 11
✅ Finalizações no gol: 5 – 3
🛠 Grandes chances: 4 – 1
☑️ Passes certos: 507 – 224💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/dDVcNtm17u
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) February 14, 2021
Rogério Ceni fez apenas uma mudança no Flamengo antes do início do segundo tempo. Mudou o desenho tático para o 4-2-3-1 com Arrascaeta jogando às costas de Xavier e Cantillo e Bruno Henrique saindo da esquerda para dentro. A leitura do treinador rubro-negro foi certeira, já que era o lado direito do Corinthians era justamente o que mais dava espaço por conta das subidas de Fagner ao ataque. Não foi por acaso que o segundo gol do Flamengo (marcado por Gabigol após longa consulta ao VAR) saiu de uma subida do camisa 27 por ali em cima de Fagner e com Arrasca puxando a marcação para dentro da área. Não era raro ver Bruno Henrique (e depois Michael) recebendo bolas na esquerda, acelerando as jogadas e partindo pra cima da defesa corintiana no um contra um. Não é exagero afirmar que a vitória poderia ter sido mais tranquila se o Flamengo fosse mais competente nas finalizações.
Bruno Henrique partindo da esquerda para o meio, Arrascaeta puxando a marcação por dentro e Gerson mais próximo de Diego Ribas. A mudança do 4-4-2 para o 4-2-3-1 foi a grande sacada de Rogério Ceni na vitória sobre o Corinthians. Leitura de jogo precisa do treinador do Flamengo. Foto: Reprodução / TV Globo
Daí para o final da partida, o Flamengo foi controlando as ações e teve boas chances de aumentar o placar com Pedro, Vitinho e Michael. Mas o que fica para as duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro é o fato de que as mudanças táticas de Rogério Ceni fizeram com que sua equipe melhorasse muito seu desempenho dentro de campo. Cada alteração realizada fazia muito sentido dentro do contexto de cada partida (levando-se em consideração as características de cada adversário). Há como se criticar o trabalho de Rogério Ceni (e este que escreve já o fez mais de uma vez). O que não pode acontecer é tirar o mérito de quem fez a leitura de jogo (correta) e colocá-lo no colo dos jogadores afirmando que eles “igonoraram as decisões do treinador e resolveram jogar da maneira deles”. Isso é negar tudo o que foi visto nesses últimos jogos do Flamengo na temporada. O time melhorou sim.
Pouco importa se Rogério Ceni vai continuar no comando técnico do Flamengo na próxima temporada. Mais do que nunca, a torcida precisa entender que apoiar o time e seu treinador é simplesmente fundamental nessas duas útimas rodadas. Ainda mais com a “final antecipada” contra o Internacional de Abel Braga e a partida contra um São Paulo que ainda tem chances remotas de título.
Até o final!
Boa noite, Nação! #VamosFlamengo
📸 @AlexandreVidal1 / CRF pic.twitter.com/RzhDV9T6H3
— Flamengo (@Flamengo) February 14, 2021
CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO:
Seria essa a melhor geração da história do futebol português?