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Demissão de Fernando Diniz é resultado direto da falta de equilíbrio nas análises do futebol brasileiro; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a pressa com que se analisa o trabalho dos treinadores brasileiros e a queda de rendimento do São Paulo

Por Luiz Ferreira em 02/02/2021 01:17 - Atualizado há 3 anos

Rubens Chiri / saopaulofc.net

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a pressa com que se analisa o trabalho dos treinadores brasileiros e a queda de rendimento do São Paulo

Antes de mais nada, este que escreve precisa deixar bem claro que a ruptura entre Fernando Diniz e São Paulo é bastante compreensível. O Tricolor Paulista teve sim uma queda brusca de rendimento após a eliminação da Copa do Brasil e a explosão do treinador com Tchê Tchê na goleada sofrida diante do Red Bull Bragantino (ocorrida do dia 6 de janeiro). Por outro lado, a demissão anunciada nesta segunda-feira (1) nada mais é do que o puro suco do futebol brasileiro e um retrato quase perfeito das análises mais apaixonadas e precipitadas que vemos nos principais programas esportivos das emissoras de TV. Fernando Diniz nunca foi unanimidade. Seus críticos são numerosos. Mas seus admiradores e defensores também faziam bastante barulho. E o que se vê no final disso tudo é a falta de equilíbrio por parte de quem analisa o futebol jogado aqui por essas bandas.

Fernando Diniz é o tipo de treinador que tem ideias muito claras sobre futebol e aquilo que ele quer que sua equipe faça com e sem a bola. Suas convicções são quase inegociáveis mesmo quando o time não corresponde dentro de campo. Mesmo assim, é preciso dizer que havia um trabalho em construção no São Paulo e que o treinador havia potencializado o talento de vários jogadores da base (como Igor Gomes, Luan e Gabriel Sara). E isso num elenco com sérios problemas de montagem e contratações que ainda não deram o retorno esperado. Fernando Diniz conseguiu (apesar de todas as dificuldades) montar uma equipe competitiva que apresentou um futebol bastante eficiente e chegou a liderar o Campeonato Brasileiro com uma vantagem significativa de sete pontos com relação ao segundo colocado. E isso sem falar nas grandes atuações contra Flamengo e Atlético-MG.

Fernando Diniz mesclou jogadores da base com veteranos e montou uma equipe bastante competitiva e envolvente a partir do seu 4-4-2 básico. Luciano e Daniel Alves comandavam o meio-campo, Arboleda e Bruno Alves davam segurança à defesa e Brenner era a certeza de gols no comando de ataque.

Até esse momento, Fernando Diniz era considerado um dos “melhores treinadores da sua geração”. Aqueles que partiam por esse princípio não enxergavam que ele ainda era um treinador em formação e que seu São Paulo ainda sofria de sérios problemas em todos seus setores. Principalmente na recomposição defensiva e na dependência das boas atuações de Luciano, Daniel Alves e Juanfran. Bastou uma oscilação até certo ponto natural (ainda mais numa temporada completamente atípica por conta da pandemia de COVID-19) para que ele perdesse toda a “grife” que ganhou e fosse taxado de “Professor Pardal” e outras alcunhas menos amistosas. E dentro dessa oscilação, estavam os problemas notados desde o início da sua trajetória no São Paulo desde setembro de 2019. Faltava equilíbrio na sua equipe e também nas suas atitudes na beira do gramado. O estresse com Tchê Tchê é emblemático.

Embora o São Paulo mantenha o mesmo padrão de jogo idealizado por Fernando Diniz, a equipe ainda comete os mesmos erros. Na derrota para o Atlético Goianiense no último domingo (31), a recomposição defensiva era um dos grandes e mais graves problemas do Tricolor Paulista. Foto: Reprodução / TV Globo

Se falta equilíbrio em Fernando Diniz e nas suas equipes, isso deve unicamente ao fato já mencionado anteriormente: estamos falando de um treinador que ainda está em formação. E como tal, ainda vai errar bastante e hesitar nos momentos decisivos. Essa oscilação é mais do que natural. Suas ideias de futebol ofensivo e bem jogado são ótimas. Suas inspirações são as melhores possíveis. E vale destacar aqui que, se o São Paulo voltou a brigar por títulos, muito se deve ao seu trabalho e à maneira como potencializou o talento dos seus jogadores. As boas vitórias e os resultados (sempre eles) acabaram maquiando os problemas já relatados aqui mesmo neste espaço. Por outro lado, se Fernando Diniz ainda precisa de mais tempo para amadurecer as ideias e encontrar um norte, as opiniões de quem analisa futebol (salvo raras e meritórias exceções) também precisam de mais equilíbrio.

O vídeo acima foi retirado do excelente Futebol e Tática (sigam os caras no Instagram!) e retrata muito bem essa falta de equilíbrio nas análises. Fernando Diniz jamais foi tratado como um treinador em formação e que ainda precisa de tempo para aprimorar seu trabalho. Ou era o melhor treinador do mundo ou apenas mais um “enganador”, “embusteiro” ou “Professor Pardal” que tentava encontrar seu espaço no velho e rude esporte bretão. O imediatismo dos resultados (bons e ruins) acabaram escondendo as falhas das suas estratégias e também o fato de que havia sim um trabalho em construção. Este que escreve repete que a ruptura entre Fernando Diniz e São Paulo é mais do que compreensível. Mas é preciso entender que, apesar de tudo, há com se enxergar mais pontos positivos do que negativos. Ainda mais diante dos erros na montagem do elenco por parte da diretoria tricolor.

O tal “Dinizismo” tão elogiado pelos mais empolgados acabou dando lugar para as críticas e para as alcunhas mais chulas. É exatamente por isso que é preciso enxergar mais do que o resultado final. Ou vamos continuar moendo treinadores de quem se espera mais do que eles podem nos entregar em desempenho e bom futebol porque ainda estão formando e organizando as suas ideias. A demissão de Fernando Diniz nada mais é do que o puro suco das análises apressadas e desequilibradas de quem enxerga apenas o placar final e fecha os olhos para a evolução técnica e tática dos jogadores. Impossível não notar o crescimento em jovens como Gabriel Sara, Luan e Igor Gomes e na potencialização do talento de nomes como Luciano, Reinaldo e Bruno Alves. Até mesmo Daniel Alves cresceu de produção no meio-campo tricolor assim que compreendeu os conceitos do agora ex-treinador do São Paulo.

É possível cobrar mais equilíbrio de Fernando Diniz no trato com a imprensa e com os jogadores. Mas também é preciso equilibrar as opiniões para não queimar treinadores que possuem boas ideias e que necessitam de tempo para amadurecer cada uma delas. Não se faz futebol da noite para o dia, minha gente. E a reflexão sobre a demissão do treinador é necessária até mesmo para este que escreve aqui no TORCEDORES.COM desde 2016.

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