Empate contra o Arsenal mostra que linha de cinco defensores no Benfica ainda precisa de alguns ajustes
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Jorge Jesus na partida válida pela Liga Europa
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Jorge Jesus na partida válida pela Liga Europa
Um dos grandes problemas do Benfica nesse retorno de Jorge Jesus ao clube tem sido o sistema defensivo da equipe. O “Mister” vinha apostando em Otamendi e Vertonghen nas primeiras partidas da temporada, mas viu os veteranos sofrerem com as bolas lançadas às suas costas e também cometiam erros bobos no combate aos adversários. Para a partida contra o Arsenal (válida pela fase de 16 avos de final da Liga Europa), no entanto, Jorge Jesus apostou na entrada do ex-santista Lucas Veríssimo (que esteve muito bem na marcação e na cobertura de Diogo Gonçalves) numa espécie de 5-3-2 que fortaleceu o setor e esvaziou o ataque dos Encarnados. É verdade que o Benfica ganhou consistência na marcação e fechou bem os espaços na frente da área defendida por Helton Leite, mas viu Darwin Núñez e Walschimidt ficarem isolados no ataque na maior parte do jogo desta quinta-feira (18).
Com o Benfica organizado num 5-3-2 e mais preso no seu campo, Mikel Arteta apostou num 4-4-2/4-2-3-1 que liberava Aubameyang para o ataque e contava com o apoio constante dos laterais Bellerín e Cédric Soares. Não era difícil ver o Arsenal ocupando a intermediária do seu adversário e tentando furar a linha de cinco montada por Jorge Jesus. Por outro lado, o meio-campo dos Gunners estava bem atento aos contra-ataques e nas bolas longas para Grimaldo na esquerda e para Darwin Núñez no comando de ataque da equipe portuguesa. Ao mesmo tempo, Weigl e Taarabat encontravam enormes dificuldades para qualificar o passe na saída de bola justamente por conta dessa boa marcação do escrete de Mikel Arteta. Tanto que não era raro ver Pizzi recuando quase até a defesa para dar opção de passe. Apesar de tudo isso, o Benfica conseguiu competir e criar boas oportunidades de marcar.
Jorge Jesus optou pela entrada do ex-santista Lucas Veríssimo ao lado de Otamendi e Vertonghen num 5-3-2 que fortaleceu bastante a defesa e enfraqueceu o ataque do Benfica. Do outro lado, Mikel Arteta apostou num 4-4-2 que soltava Aubameyang para o ataque e que ocupava bem o campo adversário.
Os melhores momentos do primeiro tempo aconteceram aos 18 minutos (quando Aubameyang perdeu chance incrível depois que Bellerín fez bela jogada pelo lado direito) e aos 31 minutos (quando Darwin Núñez chutou de fora da área e obrigou Leno a fazer bela defesa em dois tempos). Resumidamente, o Benfica se defendeu e esperou o melhor momento para encaixar os contra-ataques e o Arsenal manteve a posse da bola e tentou furar a defesa encarnada sem muito sucesso. Além de Lucas Veríssimo, o goleiro Helton Leite também fez boa partida. A entrada de Rafa Silva (após o intervalo) deu mais mobilidade ao meio-campo do Benfica sem, no entanto, mudar drasticamente o panorama no Estádio Olímpico de Roma. Mesmo assim, o escrete de Jorge Jesus conseguiu abrir o placar com Pizzi convertendo penalidade assinalada depois que Diogo Gonçalves cruzou e Smith Rowe bloqueou o cruzamento com o braço.
Com a vantagem no placar, o escrete português acabou falhando em outro problema crônico da equipe nessa temporada: a falta de concentração. Aos 12 minutos do segundo tempo, Aubameyang lançou Cédric Soares às costas de Diogo Gonçalves. O camisa 17 cruzou para a área e Saka apenas escorou para as redes. Depois do gol empate do Arsenal, a partida ganhou emoção com as duas equipes se soltando mais para o ataque. Leno fez milagre em boa finalização de Rafa Silva e Aubameyang quase virou a partida após belo passe de Odegaard. Jorge Jesus ainda desfez o 5-3-2 e retornou para o 4-1-3-2 depois da saída de Lucas Veríssimo (que sentiu câimbras), mas nada mais alterou o placar. Nem mesmo a ideia de MIkel Arteta de colocar um ataque mais leve e móvel com as entradas dos brasileiros Gabriel Martinelli e Willian já nos minutos finais da partida no Estádio Olímpico de Roma. Resultado justo.
A partida ficou mais aberta no segundo tempo e os dois treinadores foram ousados nas mexidas. Jorge Jesus desfez o seu 5-3-2 com a saída de Lucas Veríssimo e Mikel Arteta optou por um ataque de mais mobilidade com as entradas de Gabriel Martinelli e Willian no final da partida. Mesmo assim, nada que mudasse o panorama do jogo.
Embora tenha conseguido melhorar o desempenho do sistema defensivo do Benfica, Jorge Jesus ainda sofre para encontrar o equilíbrio necessário para encaixar o jogo que mais gosta e que está mais acostumado. Grimaldo parece ter se encaixado bem no 5-3-2 com presença constante no campo de ataque. Por outro lado, Darwin Núñez e Walschimidt encontraram um pouco de dificuldade para participar das jogadas justamente por conta da postura do escrete encarnado e da marcação mais alta da equipe do Arsenal. Dentro dessa formação, a entrada de Everton Cebolinha pode ser muito útil para dar velocidade aos contra-ataques e aproveitar os espaços que possam aparecer no campo adversário. Mas a grande notícia do empate desta quinta-feira (18) foi a ótima estreia de Lucas Veríssimo. Seguro na defesa, atento à movimentação de Aubameyang e eficiente na cobertura. Pode (e deve) crescer muito sob o comando de Jorge Jesus.
Assim como o Benfica, o Arsenal de Mikel Arteta também tenta se recuperar do início ruim de temporada e reencontrar seus melhores dias. É exatamente por isso que o jogo de volta dos 16 avos de final da Liga Europa (marcado para o próximo dia 25 de fevereiro) é tão importante. Muita coisa pode ser definida na vida das duas equipes nessa data. A continuidade do trabalho ou o encerramento dele. A conferir.
CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO: