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Mesmo sem brilho, sem muito interesse (e com um gol ilegal), Bayern de Munique conquista o mundo pela quarta vez

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do escrete bávaro sobre o Tigres na decisão do Mundial de Clubes da FIFA

Por Luiz Ferreira em 11/02/2021 20:38 - Atualizado há 3 anos

Reprodução / Facebook / FIFA Club World Cup

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do escrete bávaro sobre o Tigres na decisão do Mundial de Clubes da FIFA

É bem verdade que a partida disputada no Estádio da Cidade da Educação em Doha, no Catar, não teve lá a emoção esperada pelos amantes do velho e rude esporte bretão. Assim como aconteceu na vitória sobre o Al Ahly, o Bayern de Munique teve apenas mais uma atuação protocolar diante de um valente e organizado Tigres e confirmou seu favoritismo. A vitória que deu o quarto título mundial da história do escrete bávaro, no entanto, nasceu de um gol ilegal marcado por Pavard após toque de mão de Lewandowski na frente de Guzmán. Mesmo assim, a superioridade técnica e tática dos comandados de Hans-Dieter Flick era visível. Não somente pelo volume de jogo imposto em todos os noventa (e poucos) minutos da decisão. Mesmo sem muito brilho (e sem muito interesse), o Bayern de Munique fez por merecer o título. Ainda que o nível esteja bem abaixo daquele apresentado na Liga dos Campeões da UEFA.

Ninguém se surpreendeu com o fato do escrete comandado por Hans-Dieter Flick ter iniciado a partida com o volume de jogo que eu e você conhecemos bem. O 4-2-3-1 costumeiro foi mantido com a entrada de Sané no lugar de Thomas Müller e o avanço das linhas para tirar o campo de ação do Tigres. O Bayern de Munique até chegou a abrir o placar no primeiro tempo com um belo chute de Kimmich (um dos melhores em campo), mas o VAR anulou o gol após identificar a participação de Lewandowski (que estava em posição de impedimento) no lance. Do outro lado, o Tigres se defendia como podia. E o técnico Tuca Ferretti manteve o seu 4-4-2 tradicional na primeira etapa e apostou nas bolas longas para Gignac acionar os velozes Aquino e Luís Quiñones pelos lados do campo. A estratégia, no entanto, esbarrava na forte pressão pós-perda que o Bayern executava na saída de bola do escrete mexicano.

Hans-Dieter Flick optou pela entrada de Sané na vaga de Thomas Müller e liberou Kimmich no meio-campo no 4-2-3-1/4-2-4 do Bayern de Munique na decisão desta quinta-feira (11). O Tigres se fechava em duas linhas na frente da área de Guzmán e tentava (sem muito sucesso) acionar Gignac no comando de ataque.

Mesmo sentindo demais o volume de jogo do seu adversário, o Tigres tentou jogar e colocar a bola no chão. É bem verdade que a diferença técnica entre as duas equipes é muito grande e que o volume de jogo do Bayern (mesmo jogando sem muito interesse e sem muito brilho) travaram o jogo da equipe comandada por Tuca Ferretti. O técnico do Tigres ainda tentou dar mais consistência ao seu sistema defensivo recuando Pizarro para a frente da zaga e Carlos González para a linha de meio-campo num 4-1-4-1 mais conservador e pragmático. Tudo para (tentar) conter o ímpeto ofensivo de um Bayern de Munique que chegou até a demonstrar um certo nervosismo no final da primeira etapa com o placar ainda zerado no Estádio da Cidade da Educação. Isso, pelo menos até os 13 minutos do segundo tempo, quando Pavard balançou as redes após toque de mão de Lewandowski em disputa pelo alto com Guzmán.

Tuca Ferretti tentou dar mais consistência à defesa do Tigres com o recuo de Pizarro para a frente da zaga em algo próximo de um 4-1-4-1. O problema é que nem isso conteve o volume de jogo de um Bayern de Munique intenso nas transições e muito forte na pressão pós-perda na intermediária. Foto: Reprodução / SPORTV

Por mais que o Bayern de Munique tenha entrado em campo com três desfalques (Thomas Müller, Boateng e Goretzka), a grande verdade é que os comandados de Hans-Dieter Flick dominaram as ações no campo e impuseram seu estilo. O Tigres bem que tentou (um pouco) chegar no ataque, mas sem muito sucesso. Os números do SofaScore indicam 55% de posse de bola para o escrete bávaro contra 45% para o time de Tuca Ferretti e incríveis 17 finalizações a gol para o Bayern (mesmo sem brilho e sem muito interesse na partida) contra apenas três do Tigres. Por outro lado, a vitória desta quinta-feira (11) confirma a grande fase da equipe alemã. O Mundial de Clubes da FIFA é o sexto título conquistado na temporada. Esse mesmo Bayern de Munique já havia levado o Campeonato Alemão, a Copa da Alemanha, a Liga dos Campeões, a Supercopa da Alemanha e a Supercopa da Europa. Simplesmente histórico.

A vitória do Bayern era algo até esperado por todos. Incluindo até mesmo os torcedores mais fanáticos de um Tigres que ficou com um honroso segundo lugar. A distância entre as equipes europeias e o resto do mundo ainda é abissal, fato que torna os confrontos diretos ainda mais complicados. Nesse ponto, o poder financeiro do Velho Continente ainda fala mais alto. Ainda mais quando jovens africanos, latino-americanos e asiáticos se transferem para a França, Inglaterra e Espanha cada vez mais cedo. Há como se colocar a culpa na Lei Bosman, é verdade. Por outro lado, está cada vez mais claro que os dirigentes dos clubes que disputam a Copa Libertadores da América ou a Liga dos Campeões da CONCACAF pensarem em outro tipo de estratégias para deixar as ligas da América Latina mais fortes e equilibrar as coisas com a Europa. Como fazer isso? Só os deuses do Velho e Rude Esporte bretão sabem.

O que todo mundo sabe é que esse Bayern de Munique ainda tem plenas condições de quebrar mais recordes na sequência da temporada. Mesmo com todo o contexto especial imposto pela pandemia de COVID-19. O DNA vencedor do escrete bávaro ainda corre nas veias dos mais experientes e vai contagiando os mais jovens. A vitória no Mundial de Clubes da FIFA veio numa atuação meio sem graça e com um gol ilegal. Mas que deve sim ser celebrada.

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