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Sport mantém a concentração e o volume de jogo para vencer um Bahia completamente inerte na Ilha do Retiro

Por Luiz Ferreira em 24/01/2021 23:10 - Atualizado há 3 anos

Reprodução / Twitter / Sport Club do Recife

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Jair Ventura na partida deste domingo (24)

Impossível não notar os confrontos de equipes que lutam contra o rebaixamento acabam se resumindo a termos como “vontade”, “garra” e “dedicação”. São sim elementos importantes na execução de um plano de jogo, mas não podem ser os únicos recursos de uma equipe da Série A do Brasileirão. E o Sport Recife provou isso na vitória por 2 a 0 sobre o Bahia neste domingo (24), na Ilha do Retiro. Principalmente por não ter perdido a organização na hora de atacar e a intensidade na marcação (e nas transições para o ataque) diante de um adversário que parece estar cada vez mais sem confiança e entregue á própria sorte nesse restante de temporada. O escrete comandado pro Jair Ventura mostrou poder de reação e que tem todas as condições de se afastar da “zona da confusão”. Destaque para as boas atuações de Patrick, Iago Maidana, Betinho e Thiago Neves (autor do belíssimo gol que abriu a contagem na Ilha do Retiro).

É bem verdade que o primeiro tempo em Recife foi bastante equilibrado. Sport e Bahia jogavam no 4-2-3-1, mas tinham propostas de jogo diferentes. Jair Ventura apostou em Patric jogando mais à frente e fazendo companhia a Thiago Neves na criação das jogadas com Marquinhos puxando a marcação a partir do lado esquerdo e encostando em Dalberto no comando de ataque. Do lado do Tricolor de Aço, o técnico Dado Cavalcanti apostou num jogo forte pelos lados do campo com Rossi e Thiago colocando muita velocidade pra cima dos laterais Raul Prata e Júnior Tavares. Ao mesmo tempo, o colombiano Ramírez jogava um pouco mais pelo lado direito para aproveitar a lentidão da defesa do Sport naquele setor. Tanto que o Bahia desperdiçou duas chances incríveis de abrir o placar na Ilha do Retiro com Thiago e Gilberto (duas vezes). Mesmo assim, o Sport reequilibrou as ações quando se organizou em campo.

Sport e Bahia entraram em campo no 4-2-3-1, mas quem começou melhor o jogo foram os comandados de Dado Cavalcanti. O Leão conseguiu reequilibrar as ações na partida quando Jair Ventura corrigiu o posicionamento defensivo e a cobertura nas laterais. Patric e Thiago Neves faziam boa partida neste domingo (24).

Pouca gente percebeu, mas as mexidas de Jair Ventura mudaram completamente o panorama da partida no intervalo. As entradas de Ewerton e Ronaldo Henrique nos lugares de Raul Prata e Marcão Silva melhoraram a marcação no Sport e ainda deixaram a equipe pernambucana mais envolvente no ataque. Não foi por acaso que o Bahia de Dado Cavalcanti quase não conseguiu ameaçar o gol defendido pelo bom goleiro Luan Polli no segundo tempo. Com o meio-campo mais encorpado e com um lado direito muito forte (com Patric recuado para a lateral, mas aparecendo constantemente no campo ofensivo), os comandados de Jair Ventura foram ganhando terreno e empilhando chances e… Gols anulados! O jovem Ewerton teve três gols invalidados por impedimento seu ou de outro jogador no início da jogada. Mesmo assim, são fatos que comprovam a superioridade assombrosa do Sport no segundo tempo da partida deste domingo (24).

A bicicleta de Thiago Neves (aos 27 minutos) ajudou a descomplicar a vida dos comandados de Jair Ventura e a acabar com qualquer vestígio de organização do Bahia. Dado Cavalcanti bem que tentou colocar sangue novo em campo sacando todo seu quarteto ofensivo para as entradas de Rodriguinho (impressionante como este caiu de produção nos últimos anos), Gabriel Novaes, Juninho Capixaba e Fessin, mas não conseguiu fazer seu time produzir qualquer coisa de útil. Os volantes Ronaldo e Gregore estiveram completamente sobrecarregados na marcação e tiveram que se desdobrar na cobertura. Da defesa, apenas o lateral-esquerdo Matheus Bahia conseguiu fazer um jogo mais consistente, mas nada de especial. O Sport foi controlando as ações no meio-campo e garantiu a sua décima vitória no Campeonato Brasileiro com Iago Maidana aproveitando sobra de Douglas Friedrich. Resultado justo na Ilha do Retiro.

Com a vantagem no placar, Jair Ventura fez mexidas pontuais no Sport e poupou seus principais jogadores no final da partida. Do outro lado, Dado Cavalcanti trocou todo seu quarteto ofensivo, mas não conseguiu fazer o Bahia ser contundente no ataque. Vitória da equipe que melhor se organizou e melhor executou o plano de jogo do seu treinador.

Este que escreve começou essa humilde análise tática falando dos termos usados por imprensa e torcedores quando o assunto é a luta contra o rebaixamento. É preciso sim ter garra, ter dedicação e vontade. O problema é que esquecemos outros elementos, como concentração, disciplina tática, organização e força mental para não desmoronar diante do primeiro obstáculo. O Sport Recife de Jair Ventura provou essa tese neste domingo (24) ao fazer uma boa partida dentro de seus domínios e não dar chance para um Bahia sem rumo e sem qualquer consistência. Aliás, é preciso dizer que o Tricolor de Aço vem despencando na tabela do Brasileirão por conta de uma série de decisões equivocadas da sua diretoria. Mano Menezes não conseguiu recuperar a consistência dos tempos de Roger Machado e Dado Cavalcanti ainda luta para deixar a equipe competitiva nessa reta final de Brasileirão.

O Sport mereceu a vitória neste domingo (24) por ter executado melhor o plano de jogo do seu treinador. Por sua vez, Jair Ventura foi muito feliz na escolha da estratégia e nas mudanças que mudaram a cara da partida no segundo tempo. A impressão que fica é a de que o Leão, apesar de todos os problemas extracampo, conseguiu mostrar algo além de “raça” e “dedicação”. Mostrou organização e um bom volume de jogo.

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