Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das Gloriosas na vitória sobre o Bahia na Arena Fonte Nova
Por mais que esteja passando por um momento dos mais delicados da sua história, o Botafogo ainda é uma das instituições mais fortes e mais presentes no imaginário de quem ama o velho e rude esporte bretão. São títulos aos montes, grandes craques, a já conhecida superstição do seu torcedor e vitórias inesquecíveis. Como a conquistada pela equipe feminina diante do Bahia neste domingo (17), na Arena Fonte Nova. A equipe comandada por Gláucio Carvalho teve intensidade na marcação, força mental e eficiência nas poucas chances que teve para superar um forte adversário e se classificar para a final do Brasileirão Feminino Série A2 contra o Napoli (clube da cidade de Caçador, em Santa Catarina). Destaque para as grandes atuações da goleira Rubi, da lateral Bruna, da meia Vivian e da atacante Kélen, todas Gloriosas como o clube que defendem com tanta dedicação e afinco.
Este colunista havia escrito no dia 21 de dezembro do ano passado (quando esse mesmo Botafogo venceu o Ceará fora de casa e se garantiu na elite do futebol feminino em 2021) que uma das grandes qualidades do escrete comandado por Gláucio Carvalho era a força do conjunto. Mesmo não tendo feito a melhor campanha da Série A2 do Brasileirão Feminino, as Gloriosas mostraram que são muito difíceis de serem batidas quando jogam com espaço para trabalhar as jogadas. Exatamente como aconteceu no gol de Kélen, aos 41 minutos do primeiro tempo. Bruna recebe no meio-campo, vê a camisa 11 se lançando no único espaço que havia na defesa do belo time do Bahia e faz o lançamento. E como sorte também é um elemento crucial no futebol, a atacante do Botafogo contou com a falha da goleira Nágila e com o gol incrivelmente perdido por Nine minutos antes de Kélen abrir o placar na Fonte Nova.
Bruna observa Kélen e Carol Lins se lançando ao ataque e empurrando a zaga do Bahia para trás. A camisa 11 do Botafogo ainda contaria com a falha da goleira Nágila antes de balançar as redes e abrir o placar na Arena Fonte Nova. Mesmo organizadas num 4-4-2, as Guerreiras de Aço falharam na marcação. Foto: Reprodução / BAND
É preciso dizer também que o Bahia fez um jogo bastante consistente apesar da derrota dentro de casa. Não somente por tentar explorar os avanços das laterais Chai e Bruna ao ataque, mas por buscar sempre trabalhar as tramas ofensivas e colocar a bola no chão em todos os momentos. Mesmo quando estava em desvantagem no placar e em busca do gol que levaria a partida para a disputa na marca de cal. Foi bom ver a (ótima) zagueira Anny subindo ao ataque e fazendo jogada digna de centroavante para Ellen acertar o canto direito de Rubi cinco minutos depois que o Botafogo abriu o placar em Salvador. E isso com toda a equipe ocupando bem o campo de ataque. Dan, Brenda, Ellen, Eddie e Verena faziam a “inversão da pirâmide” no escrete soteropolitano com as laterais Nine e Luana abrindo o campo. Ótimo trabalho tático realizado por Igor Morena num time que pode chegar longe em 2021.
A jogada do gol do Bahia começa com a zagueira Anny se lançando ao ataque, Ellen aparecendo por dentro e laterais abrindo o campo. As comandadas de Igor Morena apostaram num jogo mais vertical e mais intenso nas transições e conseguiram criar vários problemas para o Botafogo de Gláucio Carvalho. Foto: Reprodução / BAND
Com tanto equilíbrio dentro de campo, era mais do que natural que a equipe vencedora fosse aquela que errasse menos. E foi exatamente assim que aconteceu. Aos 13 minutos do segundo tempo, Louvain cobrou falta na área, a defesa do Bahia cochilou e Vivian acertou cabeçada de manual para vencer a goleira Nágila. Mas a vaga na final do Brasileirão Feminino Série A2 não seria conquistada de maneira tão fácil. Aos 31 minutos, a goleira Rubi cometeu pênalti na veterana Giovania depois que a zaga do Botafogo simplesmente parou no lance e não acompanhou a atacante das Guerreiras de Aço. Quiseram os deuses do velho e rude esporte bretão que a mesma camisa 19 acertasse a trave esquerda e que o placar não fosse alterado. Nem mesmo quando as Gloriosas viram Micaele levar dois cartões amarelos em menos de dois minutos. O dia era de quem vestia preto e branco e ostentava uma Estrela Solitária.
O BOTAFOGO vence o Bahia, com o placar agregado de 3×2 e está na final do Brasileirão A2! VAAAAALEU, GLORIOSAS! 🔥🌟 pic.twitter.com/dRZiKIxPtk
— Botafogo Futebol Feminino (@BotafogoFem) January 17, 2021
Por mais que eu e você tenhamos plena noção dos cada vez mais graves problemas do Botafogo (dentro e fora das quatro linhas), é preciso dizer que as Gloriosas surpreenderam muita gente com um futebol consistente e com muita entrega dentro de campo para superar adversárias (em tese) mais qualificadas que a equipe de Gláucio Carvalho. A classificação para a a Série A1 do Brasileirão Feminino já havia sido uma conquista imensa. E a vaga na final vem para coroar todo um trabalho sério e que consegue se manter apesar de toda a confusão nos bastidores do clube de general Severiano. Jogadoras como Bruna, Rubi, Kélen, Vivian e várias outras têm todas as condições de explodir de vez no cenário nacional. Assim como as atletas de Real Brasília, Napoli e do já mencionado Bahia. A safra de novas jogadoras vem com tudo. É por isso que o cuidado com elas é tão necessário nesse momento.
O Botafogo encara na decisão do Brasileirão Feminino Série A2 uma equipe que faz parte de um projeto dos mais sérios do país quando o assunto é futebol feminino. O Napoli é da cidade de Caçador (em Santa Catarina), terra do Avaí/Kindermann finalista da Série A1. São duas escolas diferentes e igualmente eficientes no que se refere ao velho e rude esporte bretão. Podem aguardar dois grandes jogos, meus amigos e amigas.
E é claro que teve festa no vestiário. GLORIOSAS NA FINAL! É POR TI, FOGO! 🔥🔥 pic.twitter.com/C6qrTPyFYz
— Botafogo Futebol Feminino (@BotafogoFem) January 17, 2021
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