Ramirez “nega veementemente” acusação de racismo, mas é afastado pelo Bahia “até a conclusão da apuração” do caso
Apesar de Ramirez negar o ato de injúria racial, o Bahia afirmou ser indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza
Apesar de Ramirez negar o ato de injúria racial, o Bahia afirmou ser indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza
O Bahia comunicou na madrugada desta segunda-feira (21) o afastamento imediato do meia colombiano Indio Ramírez, acusado por Gerson, do Flamengo, de injúria racial durante a partida disputada no domingo (20), pela rodada do Brasileirão. Em nota, o clube baiano ainda revelou que o presidente Guilherme Bellintani ligou para o atleta Rubro-Negro a fim de prestar solidariedade após o episódio.
“O Esporte Clube Bahia vem a público se manifestar sobre a denúncia de racismo feita pelo atleta Gerson, do Flamengo, ocorrida na noite deste domingo (20). O atleta Indio Ramírez nega veementemente a acusação e a ele está sendo dada a oportunidade de se defender de algo tão grave”, começa a nota divulgada pelo Bahia.
“O clube entende, porém, que é indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza. Assim, decidiu afastar imediatamente o jogador das atividades da equipe até a conclusão da apuração. O presidente Guilherme Bellintani ligou para Gerson a fim de prestar solidariedade”, completa.
Nota oficial sobre acusação de racismo ➡️ https://t.co/Ym1jNbhOU8
“É indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza”. #BahiaClubeDoPovo pic.twitter.com/oRYSh8owzP
— Esporte Clube Bahia (@ECBahia) December 21, 2020
Antes de anunciar o afastamento de Ramirez, o Bahia já havia informado a investigação sobre o caso, e a demissão do técnico Mano Menezes, que também foi citado por Gerson na confusão. Segundo o jogador do Flamengo, o agora ex-treinador do Tricolor baiano chamou a denúncia de racismo – ainda em campo – de “malandragem”.
“Tenho vários jogos pelo profissional e nunca vim na imprensa falar nada porque nunca tinha sofrido preconceito, nem sido vítima nenhuma vez. O Ramirez, quando tomamos acho que o segundo gol, o Bruno fingiu que ia chutar a bola e ele reclamou com o Bruno. Eu fui falar com ele e ele falou bem assim para mim: “Cala a boca, negro”. Eu nunca falei nada disso, porque nunca sofri. Mas isso aí eu não aceito”, disse Gerson em entrevista ao canal Premiere.
“O Mano até falou “Ah, agora você é vítima, não é? O Daniel Alves te atropelou e você não falou nada”. Claro, porque teve respeito entre eu e ele. Eu nunca falei de treinador, mas o Mano tem que saber respeitar. Estou vindo falar aqui por mim e por todos os negros do Brasil”, acrescentou.
Em entrevista coletiva após a partida, antes de ser demitido, Mano Menezes afirmou que não apoia o racismo, mas afirmou que Gerson estava “alterado” durante a partida ao ser questionado sobre a discussão com o jogador.
“Primeiro, este é um assunto extremamente sério, que envolve o mundo e, consequentemente, o Brasil também. Nós não temos nenhum relato, não temos uma imagem, não temos o fato de Ramírez falando para Gerson qualquer coisa deste tipo. Então, quando não temos, logicamente ficamos do lado do nosso jogador. O que pareceu para a gente naquela hora foi que tínhamos crescido no jogo, tínhamos feito 2 a 1, e que estava havendo uma tentativa de paralisar o jogo, tumultuar, tirar um jogador nosso também por um cartão vermelho para igualar as coisas. Mas Gerson é um jogador extremamente sério, merece respeito. E o clube vai fazer um acompanhamento, investigação, do que realmente aconteceu. O Bahia tem um compromisso muito grande com isso. Ninguém da nossa comissão técnica apoiaria nenhum tipo de situação como essa. Então, se acontecer de, depois da conversa com o jogador, de as coisas serem esclarecidas, provavelmente amanhã ou quando o time se reapresentar, não só o tribunal provavelmente vai fazer uma denúncia, mas o Bahia também vai tomar as providências, porque não tem sentido nenhum este tipo de atitude, se é que ela aconteceu”, disse Mano.
“Em relação às discussões de campo, Gerson estava bastante alterado. Xingou todo mundo, e aí houve uma tentativa nossa de defender o nosso, mas sempre dentro da questão do jogo, nada de defender atitude errada. Sem a atitude errada aconteceu, não defendo eu e, já pela conversa que tive com o presidente Guilherme [Bellintani], e pela história do Bahia, não vai haver defesa de uma coisa errada, se aconteceu. Só que vamos ver o que exatamente aconteceu”, completou.
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