Liverpool se impõe na base da intensidade e conquista grande resultado em cima de um aplicado Tottenham
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o duelo tático de alto nível entre Jürgen Klopp e José Mourinho
Todas as nossas expectativas foram atendidas com sucesso. Liverpool e Tottenham realizaram uma grande partida nesta quarta-feira (16) diante de aproximadamente dois mil torcedores presentes em Anfield Road. Não somente por conta do que as duas equipes vêm apresentando na Premier League 2020/21, mas por todo o trabalho realizado por Jürgen Klopp e José Mourinho. Foi um belíssimo dielo tático cheio de alterativas, intensidade e toda as marcas registradas de dois dos treinadores mais vitoriosos do mundo. Foi também uma partida que acabou marcada fortemente pelo grande volume de jogo dos Reds e pelo jogo mais reativo (mais altamente letal nos contra-ataques) dos Spurs. Acabou que a bola parada descomplicou as coisas dentro de campo. Mais um jogo que mostra a força do Liverpool (atual campeão inglês) mesmo num cenário completamente atípico por conta da pandemia de COVID-19.
FT | Liverpool win!
Tottenham had more opportunities in the 2nd half, but missed them all (3 big chances/3 missed), and it came back to bite them as Firmino grabbed the winner in the 90th minute.
Liverpool win their 6th straight against Spurs and go top of the league!#LIVTOT pic.twitter.com/nvU4NZQGiA
— Sofascore (@SofascoreINT) December 16, 2020
O primeiro tempo começou como o aguardado. O Liverpool tomava a iniciativa da partida, dominou quase todas as ações dentro de campo (com impressionantes 78% de posse de bola no primeiro tempo de acordo com os números do SofaScore) e que finalizou oito vezes ao gol de Lloris (sendo sete no alvo) e que abriu o placar com Salah aos 26 minutos com Salah aproveitando jogada de Curtis Jones e Roberto Firmino pela esquerda. Já o Tottenham se fechava num 4-4-2 com Lo Celso por dentro e Son junto à Harry Kane no ataque. E se o time de Klopp é marcado pelo impressionante volume de jogo, o escrete de Mourinho tem como principal característica a eficiência. Bastou uma única oportunidade, um único piscar de olhos da bem postada defesa do Liverpool para que Lo Celso achasse Son (cada vez mais iluminado e decisivo) às costas de Alexander-Arnold no lance do gol de empate dos Spurs.
O Liverpool teve 78% de posse de bola e pressionou o Tottenham através do já bem conhecido 4-3-3 de Jürgen Klopp. Salah abriu o placar na metade do primeiro tempo, mas os Spurs só precisaram de uma única chance para igualar o marcador com o cada vez mais iluminado Son Heung-min.
Se vimos um Tottenham mais cauteloso (apesar de altamente letal nos contra-ataques) no primeiro tempo, os 45 minutos finais trouxeram uma mudança de postura nos comandados de José Mourinho. A marcação ficou mais adiantada e o escrete londrino criou problemas para Alisson com Harry Kane (duas vezes) e Bergwijn (também duas vezes com uma bola na trave esquerda). Até se acertar em campo, o Liverpool demorou para entender a movimentação dos Spurs e sair da pressão mais alta na saída de bola. Tanto que os Reds criaram boas chances com Mané e Salah em jogadas construídas dentro das já bem conhecidas características da equipe de Jürgen Klopp. Por outro lado, se os donos da casa tinham mais volume de jogo, os Spurs (mesmo abrindo mão da posse da bola) foram muito mais perigosos nas suas chegadas ao ataque. Principalmente com Harry Kane e Son escapando pelos lados para aproveitar a bola longa.
Mourinho deixou bem claro que sua equipe ia aproveitar a velocidade dos seus atacantes com as entradas de Lucas Moura, Dele Alli e Reguilón nos lugares de Lo Celso, Son (completamente exausto) e Bergwijn. Mesmo assim, a postura seguia bem diferente da vista no primeiro tempo: linhas mais adiantadas, jogo baseado nas bolas longas para Harry Kane e ultrapassagens constantes pelos lados do campo. Já o Liverpool de Jürgen Klopp (que não conseguia chegar ao gol de Lloris através da troca de passes e da constante movimentação do seu trio ofensivo), viu a bola parada (sempre ela) descomplicar as coisas mais uma vez. Robertson (o melhor em campo na humilde opinião deste que escreve) cobrou escanteio da esquerda e Roberto Firmino acertou bela cabeçada no ângulo direito do goleiro francês. Era o gol que premiava o ímpeto ofensivo de uma equipe que quer quebrar ainda mais recordes.
O Tottenham voltou do intervalo mantendo seu desenho tático, mas avançando suas linhas de marcação e criando pelo menos quatro chances claras de gol. Faltou a precisão da primeira etapa aos comandados de José Mourinho. Jürgen Klopp manteve sua estratégia e viu o Liverpool rir por último com o belo gol de Firmino.
Há quem diga que o resultado premiou a postura ofensiva do Liverpool de Jürgen Klopp e puniu o excesso de pragmatismo do Tottenham de José Mourinho. Sim, preferências por este ou aquele estilo de jogo existem e são perfeitamente compreensíveis. O que não pode ser feito, no entanto, é fechar os olhos para tudo o que vem sendo produzido dentro de campo. Não foram poucas as vezes em que os Spurs criaram problemas sérios para Robertson e Alexander-Arnold através dos passes longos para Harry Kane e com a velocidade de Son nos espaços às costas da linha defensiva dos Reds. Acabou que as chances desperdiçadas pelo Tottenham no início do segundo tempo foram determinantes para que o Liverpool tivesse calma para rodar a bola e conquistar os três pontos no finalzinho da partida. Isso tudo com todos os elementos que eu e você apreciamos num grande jogo de futebol. Ainda mais na Premier League.
A vitória obtida em Anfield Road apenas mostra (mais uma vez) que o Liverpool subiu o sarrafo no “Inglesão”. O time campeão da temporada passada (mesmo com desfalques importantes) mantém o padrão de jogo e o nível de qualidade quase na estratosfera. Resta saber se as outras equipes vão conseguir acompanhar o ritmo. Jürgen Klopp tem o time na mão e os Reds deliciam os torcedores com ótimas atuações.
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