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Vitória do Grêmio sobre o São Paulo tem o dedo de Renato Gaúcho (para o bem e para o mal)

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca os detalhes do primeiro jogo das semifinais da Copa do Brasil

Por Luiz Ferreira em 24/12/2020 01:41 - Atualizado há 3 anos

Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca os detalhes do primeiro jogo das semifinais da Copa do Brasil

Embora muitos pensem o contrário, a decisão dos treinadores à beira do gramado é diretamente responsável pela atuação das principais equipes de futebol do planeta. São pequenos detalhes que mudam a cara do jogo dentro de campo e que fazer a diferença em competições de todos os tipos. Incluindo a Copa do Brasil. Nesse sentido, é impossível não notar o “dedo” de Renato Gaúcho na vitória do seu Grêmio (por um a zero) sobre o São Paulo de Fernando Diniz nesta quarta-feira (23), em Porto Alegre. Para o bem e para o mal também. Assim que o treinador corrigiu seu equívoco na escalação inicial, o Tricolor Gaúcho cresceu na partida e conseguiu chegar ao único gol da partida com Diego Souza (em mais uma edição da chamada “lei do ex”). O confronto por uma vaga na decisão da Copa do Brasil ainda está aberto. Assim como o duelo entre Renato Gaúcho e Fernando Diniz na beira do gramado.

Muita gente se surpreendeu com a decisão de Renato Gaúcho ao escalar Thaciano pelo lado direito no seu 4-2-3-1 costumeiro. O objetivo era fechar mais o setor e auxiliar Victor Ferraz na perseguição a Igor Gomes, Gabriel Sara e Reinaldo. Embora o Grêmio marcasse forte e fosse mais direto no ataque (com as bolas longas de Matheus Henrique e Darlan para Pepê e Diego Souza), o São Paulo de Fernando Diniz (armado no 4-4-2) trabalhava melhor a bola e tentava chegar na área gremista na base das triangulações. O quarteto ofensivo do Tricolor Paulista começou a levar vantagem nos confrontos individuais no final do primeiro tempo apesar das poucas finalizações a gol. Mesmo com Thaciano qualificando o passe e armando o jogo a partir da direita, o Grêmio sentia muito a falta de um jogador de velocidade naquele setor. Principalmente com os avanços constantes de Reinaldo ao ataque.

Renato Gaúcho reforçou o meio-campo com Thaciano pelo lado direito, mas viu seu Grêmio perder velocidade nos contra-ataques. O São Paulo foi se encontrando aos poucos e ocupando o campo de ataque na base dos toques rápidos e das triangulações. Luan, Daniel Alves, Gabriel Sara e Igor Gomes faziam boa partida.

Os números do SofaScore indicam um maior domínio do São Paulo. O Tricolor Paulista teve 69% de posse de bola e finalizou onze vezes em toda partida (com apenas três delas indo na direção do gol de Vanderlei). Mesmo assim, o que se via (principalmente após o intervalo) era o crescimento de produção dos comandados de Fernando Diniz. Ainda mais com a queda no nível de intensidade na marcação no meio-campo. Luan, Daniel Alves, Gabriel Sara e Igor Gomes estavam em noite inspirada e criaram boas chances a partir das já bem conhecidas triangulações do escrete comandado por Fernando Diniz. Tanto que Brenner e Luciano perderam ótimas oportunidades de abrir o placar em Porto Alegre. Renato Gaúcho só foi corrigir o equívoco na escalação inicial aos 16 minutos do segundo tempo, com as entradas de Ferreira e Lucas Silva nos lugares de Thaciano e Darlan. O Grêmio seria outro time a partir daí.

Não que os dois estivessem fazendo uma partida ruim. A estratégia do treinador gremista passava pela forte marcação no meio-campo e nos contra-ataques em alta velocidade acionando Pepê e Diego Souza no comando de ataque. Só que faltava intensidade nessas transições. Intensidade que veio com o jovem Ferreirinha acelerando as jogadas pela direita em cima de Reinaldo. O camisa 47 não só preencheu bem aquele setor do campo. Ele também fez a jogada que resultou no único gol da partida. Com a vantagem no placar, Renato Gaúcho reorganizou sua equipe num 4-4-2 com as entradas de Éverton Cardoso e Churín nos lugares de Jean Pyerre e Diego Souza. Já Fernando Diniz tentou repetir a estratégia do jogo contra o Atlético-MG (com Tchê Tchê jogando mais avançado), mas viu o São Paulo desperdiçar boas chances e sucumbir diante da já bem organizada marcação do seu adversário em Porto Alegre.

A entrada de Ferreirinha mudou o jogo a favor do Grêmio. O camisa 47 fez a jogada do gol de Diego Souza e ainda foi preocupação constante para Reinaldo no lado esquerdo do São Paulo. Fernando Diniz tentou colocar mais intensidade com as entradas de Tchê Tchê, Vítor Bueno e Toró, mas sem sucesso.

Impossível não notar que Renato Gaúcho foi infeliz na escalação de Thaciano pelo lado do campo, mas acabou rindo por último com a mexida precisa que devolveu competitividade ao Grêmio. Mesmo com um estilo mais pragmático, que finalizou muito pouco a gol e que lembrou demais os últimos confrontos contra o Internacional: equipe fechada e de olho nos contra-ataques em alta velocidade. Além disso, Renato sabe motivar seus jogadores como poucos no futebol brasileiro. Do outro lado, o São Paulo teve a posse da bola, criou bem mais chances do que o Grêmio, mas não conseguiu ser efetivo. Primeiro pelas falhas nas conclusões a gol (principalmente de Brenner e Luciano). De todos, apenas Luan (como volante e como zagueiro) e Daniel Alves mantiveram o nível das atuações durante toda a partida. A queda de rendimento do Tricolor Paulista após o gol de Diego Souza foi clara e nítida.

A vantagem mínima conquistada e tudo o que vimos na partida desta quarta-feira (23) indicam que veremos um Grêmio jogando na base dos contra-ataques e ainda mais fechado na sua defesa no jogo de volta das semifinais da Copa do Brasil. Já o São Paulo de Fernando Diniz terá que fazer muito mais do que apenas valorizar a posse da bola. Terá que transformar a superioridade em gols. O confronto segue completamente aberto.

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